segunda-feira, 7 de julho de 2008

Proto-Evangelho de Tiago - A Infância de Cristo Segundo Tiago: A Natividade de Maria

Segundo narram as memórias das doze tribos de Israel, havia um homem muito rico, de
nome Joaquim, que fazia suas oferendas em quantidade dobrada, dizendo:
— O que sobra, ofereça-o para todo o povoado e o devido na expiação de meus pecados
será para o Senhor, a fim de ganhar-lhe as boas graças.
Chegou a grande festa do Senhor, na qual os filhos de Israel devem oferecer seus
donativos. Rubem se pôs à frente de Joaquim, dizendo-lhe:
— Não te é lícito oferecer tuas dádivas, enquanto não tiveres gerado um rebento em
Israel.
Joaquim mortificou-se tanto que se dirigiu aos arquivos de Israel, com intenção de
consultar o censo genealógico e verificar se, porventura, teria sido ele o único que não
havia tido prosperidade em seu povoado.
Examinando os pergaminhos, constatou que todos os justos haviam gerado
descendentes. Lembrou-se, por exemplo, de como o Senhor deu Isaac ao patriarca Abraão,
em seus derradeiros anos de vida.
Joaquim ficou muito atormentado, não procurou sua mulher e se retirou para o deserto.
Ali armou sua tenda e jejuou por quarenta dias e quarenta noites, dizendo:
— Não sairei daqui nem sequer para comer ou beber, até que não me visite o Senhor
meu Deus. Que minhas preces me sirvam de comida e de bebida.
Ana lamentava-se e gemia dolorosamente, dizendo:
— Chorarei minha viuvez e minha esterilidade.
Chegou, porém, a grande festa do Senhor e disse-lhe Judite, sua criada:
— Até quando vais humilhar tua alma? Já é chegada a festa maior e não te é lícito
entristecer-te. Toma este lenço de cabeça, que me foi dado pela dona da tecelagem, já que
não posso cingir-me com ele por ser eu de condição servil e levar ele ao selo real.
Disse Ana:
— Afasta-te de mim, pois que não fiz tal coisa e, além do mais, o Senhor já me
humilhou em demasia para que eu o use. A não ser que algum malfeitor o haja dado e
tenhas vindo para fazer-me também cúmplice do pecado.
Replicou Judite:
— Que motivo tenho eu para maldizer-te, se o Senhor já te amaldiçoou não te dando
fruto de Israel?
Ana, ainda que profundamente triste, despiu suas vestes de luto, cingiu-se com um
toucado, vestiu suas roupas de bodas e desceu, na hora nona, ao jardim para passear. Ali viu
um loureiro, assentou-se à sua sombra e orou ao Senhor, dizendo:
— Ó Deus de nossos pais! Ouve-me e bendize-me da maneira que bendisseste o ventre
de Sara, dando-lhe como filho Isaac!
Tendo elevado seus olhos aos céus, viu um ninho de passarinhos no loureiro e
novamente lamentou-se dizendo:
— Ai de mim! Por que nasci e em que hora fui concebida? Vim ao mundo para ser
como terra maldita entre os filhos de Israel. Estes me cumularam de injúrias e me
escorraçaram do templo de Deus. Ai de mim! A quem me assemelho eu? Não às aves do
céu, pois elas são fecundas em tua presença, Senhor. Ai de mim! A quem me pareço eu?
Não às bestas da terra, pois que até esses animais irracionais são prolíficos ante teus olhos,
Senhor. Ai de mim! A quem me posso comparar? Nem sequer a estas águas, porque até elas
são férteis diante de ti, Senhor. Ai de mim! A quem me igualo eu? Nem sequer a esta terra,
porque ela também é fecundada, dando seus frutos na ocasião própria e te bendiz, Senhor.
Eis que se lhe apresentou o anjo de Deus, dizendo-lhe:
— Ana, Ana, o Senhor escutou teus rogos! Conceberás e darás à luz e de tua prole se
falará em todo o mundo.
Ana respondeu:
— Viva o Senhor meu Deus, que, se chegar a ter algum fruto de bênção, seja menino ou
menina, levá-lo-ei como oferenda ao Senhor e estará a seu serviço todos os dias de sua
vida.

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