segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
Respeito aos Mais Velhos
que viviam perto de uma árvore de ficus de Bengala (Ni-kiu-lu). Eles comentavam entre si:
“Devido ao fato nos abrigarmos perto desta árvore, é necessário que nos respeitemos
mutuamente”.
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domingo, 30 de dezembro de 2007
Grifos Do Passado, de Fernando M. Guimarães
Resolvi escrever um livro sobre a minha religião, a Umbanda. Mas para quem o dirijo? Para os entendidos, aos neófitos, ou aos iniciantes? Aos membros da minha corrente da Sociedade Espiritualista Edmundo Rodrigues Ferro – o Terreiro do Pai Maneco ou aos espiritualistas? A quem? Como é difícil escrever um livro, considerando que no prefácio já estou em dúvida. Resolvi: vou escrever para mim e para quem quiser ler, seja ele quem for. O tema já escolhi, só falta o estilo. Devo falar dos orixás, das linhas, das correspondências, dos números de espíritos existentes, do bem e do mal, do grande engano do exu sórdido, ou do exu bom e correto que conheço? Vou descrever a imaginária e complicada Umbanda esotérica, ou a Umbanda que pratico e amo? O que devo escrever sobre as correspondências entre as várias falanges, das linhas da Umbanda pregadas pelos autores, a do orixá maior e orixá menor, falanges superiores e sub-falanges? Ou devo me limitar aos fundamentos da Umbanda simples praticada pelo povo? Vou me dirigir à elite ou à massa? Não posso me contradizer, se vou escrever para mim, tenho que me dirigir a quem pertenço e gosto: às massas.
Sentado no computador, criei uma tecla imaginária: "deletar o que os outros dizem". Não hesitei, acionando este adequado recurso. Só vou depender de mim, e da minha cumplicidade com os espíritos.
Conto minha vida espiritual, do meu jeito, as coisas tristes e as alegres, falo muito das entidades com quem trabalho e por isso as conheço. Suas histórias, comportamentos e atuações são iguais às de todas as outras entidades. Quando eu mencionar o nome do Caboclo Akuan, entendam qualquer caboclo dirigente de trabalho, e quando mencionar o do Pai Maneco, falo de todos os pretos-velho que trabalham na Umbanda. Cada espírito que mencionar, troque o nome pelo de sua entidade, e tenha certeza, ele será igual.
Estou contando, desde minha infância, a passagem na linha kardecista, até ser feito pai-de-santo na Umbanda. E conto com fidelidade os meus sentimentos e o que os espíritos me ensinaram.
Que Oxalá nos Abeçoe
Fernando M. Guimarães
PREFÁCIO
Redigir o prefácio de um livro gera imenso
prazer ao mesmo tempo em que exige uma grande dose de
responsabilidade. Quando o assunto em pauta nos é
familiar, esta tarefa é ainda mais árdua, pois não
temos um olhar suficientemente neutro para uma
abordagem objetiva. Nada , porém, é tão gratificante
quanto compartilhar uma paixão e, lisonjeada, tento me
colocar à altura de tal empreendimento.
Este livro nasceu de um grande amor pela
religião escolhida; é um depoimento genuíno de
Fernando Guimarães, cuja familiaridade com o mundo das
letras vem da infância, e cujo apreço pela
espiritualidade é amplamente reconhecido.
Grifos do Passado vem suprir uma lacuna,
organizando os princípios seguidos no Terreiro do Pai
Maneco de modo claro e inequívoco. Escrito numa
linguagem coloquial e sem os excessos de didática que
poderiam tornar a leitura enfadonha, o livro é formado
por pequenos contos, numa seqüência dinâmica de
experiências que envolvem, ensinam e, muitas vezes,
divertem.
Devemos pontuar, entretanto, que a intencional
facilidade da leitura, conduzida com sabedoria pelo
autor, comporta conceitos filosóficos de uma
profundidade ímpar.
Ao leitor atento, que sonhou com um livro
simples, porém profundo, que fale da necessidade da
ousadia sem perder de vista a importância da
disciplina, aqui está, finalmente, uma lição de vida:
as histórias de Pai Fernando de Ogum, nosso querido
Babalaô.
Cristina Mendes
QUEM SOU EU?
Como sempre faço, fiquei parado na frente do congá em busca de uma inspiração para dar início a mais uma gira de Umbanda. É o momento da minha reflexão, em que limpo todas as minhas mazelas materiais. Comecei pedindo perdão pelos meus erros do dia, quando me lembrei das palavras do Pai Maneco: "perdão não se pede, conquista-se..." Meu pensamento foi longe. Tenho tantos pecados. Será que um dia poderei merecer a alegria de ver conquistado o perdão de todos os meus erros?
O Terreiro de Umbanda Pai Maneco abriga mais de trezentos médiuns, além de reunir, em suas giras quatrocentas pessoas na assistência. Tem sede própria, arrojada construção e ótima localização. Eu sou o pai-de-santo, o dirigente, aquele que está sempre com a última palavra. A música é refinada, atraindo alguns músicos profissionais, o que torna nossas giras um encontro cultural. Vários pontos cantados nasceram dentro do terreiro. É grande, com bom conceito, e muitas pessoas vêm de longe só para serem atendidas com uma consulta. A casa tem rígidos princípios morais e filosóficos. Considero-me um pai-de-santo polêmico, com teorias inovadoras, às vezes contrárias à prática comum da Umbanda, mas, paradoxalmente, sou preso à história. Não fujo da tradição da Umbanda no Brasil. É a nossa religião, a única brasileira, oficializada por Zélio de Moraes em 1908 no Rio de Janeiro.
Não quero incorrer no erro de enterrar comigo a experiência de uma vida. Quando os jovens me pedem a indicação de livros que ensinam a Umbanda, não sei o que dizer. As obras não são claras, e estão além da compreensão popular, talvez por não serem psicografadas, mas escritas dentro dos conceitos de cada autor, quase sempre divergentes. Não vou fugir à regra, mas estou convicto que meus conhecimentos foram transmitidos pelas entidades. Ouso me fantasiar de escritor, mas quando me for, terei deixado impressa minha história, aquela que norteia minha vida, com a ressalva de que hoje o que creio e ensino poderá amanhã ser modificado perante o surgimento de verdades mais verdadeiras.
Às vezes me pergunto: quem sou eu? Sou ainda aquele menino medroso, talvez o entusiasmado kardecista contra rituais, ou o já velho pai-de-santo, cheio de fé e experiência? Serei uma mistura de tudo? Joguei fora minha inocência, meus medos, minha arrogância, minha humildade, meu ódio ou meu amor? Gosto de modificar, por ser inovador, ou gosto de ser polêmico, para ser incomum? Sou bom, ou sou ruim? Afinal, quem sou eu? Ninguém pode saber, apenas eu mesmo: sou um velho cheio de juventude, uma pessoa alegre cheia de tristezas, uma mistura do bom e do ruim. Filtro o que ouço, para não me confundir, e olho tudo para aprender. Não julgo ninguém, e não ligo se me julgarem. A crítica ou o elogio não me afetam. Gosto de amar, mas não ligo se não me amarem. Eu sou um homem humilde e um vaidoso pai-de-santo, em busca da liberdade, a única coisa que ainda não conheço...
Rememoro minha infância, começo desta história.
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Livros lidos em 2007
Dessa lista pretendo aqui referir os dez que mais gostei.
- “A Estrada” de Cormac McCarthy
- “1984” de George Orwell
- “Cruz de Portugal” de José Sequeira Gonçalves
- “A Sombra do Vento” de Carlos Ruiz Zafón
- “A Odisseis dos Dez Mil” de Michael Curtis Ford
- “Filipa de Lencastre” de Isabel Stilwell
- “O Canto dos Pássaros” de Sebastian Faulks
- “A Voz dos Deuses” de João Aguiar
- “Predadores” de Pepetela
- “A Voz da Terra” de Miguel Real
Sem nenhuma ordem de preferência destaco, contudo, “A Estrada” como o livro que mais me marcou, diria mesmo que foi um dos melhores livros que li até à data e “A Voz da Terra”, um livro que merece o rótulo de obra-prima da literatura portuguesa.
Destaco também um livro que reli pela 4ª vez: “A Filha do Capitão” de José Rodrigues dos Santos.
Super interessante 246, Dez/2007
A conhecida revista, este mês traz um tema polémica na capa, sexo na Igreja.
Documento pdf com 33 mb, tem imagens e texto, são scans...
Link alternativo: ( megaupload)
sábado, 29 de dezembro de 2007
Como converter DjVu para PDF
Como converter DjVu para PDF
6 - Pressione OK no Lizardtech plugin Print dialog para converter. O documento em PDF ficará salvo em C:\UDC Output Files.
7 - Depois basta abrir o documento convertido no Adobe Acrobat, no formato PDF.
fonte: http://pcinfobrasil.blogspot.com/2007/10/como-converter-djvu-para-pdf.html
Discursos de Sathya Sai Baba - 23/11/02 - OUÇAM O MESTRE DO UNIVERSO E TRANSFORMEM-SE EM SERES HUMANOS IDEAIS
dia? Por que as estrelas brilham apenas de noite e se escondem durante o dia? Como é que o vento,
sem descansar sequer por um momento, sopra incessantemente e sustém os seres viventes? Quem faz
fluir perenemente os rios com seus agradáveis murmúrios e ruídos? Quem é a causa da ilusão na
criação? Como encontram diferenças baseadas em dinheiro, religião, comunidade e nacionalidade?
Quem é o Senhor e sob a soberania de quem tem lugar todas essas maravilhas? Venham, escutem as
suas palavras e obedeçam as suas ordens”.
(poema télugo)
Manifestações do Amor Divino!
Cada ser humano e cada ser vivo aspira atingir a paz e a felicidade. Todos estão tentando saber qual é o
objetivo da vida, mas não conseguem realizar este empreendimento. Um em um milhão persistirá com
forte determinação e não desistirá até realizar o seu objetivo. Os mortais comuns não farão nenhum
esforço nesta direção, pois acham que está além do seu alcance. Passam suas vidas na busca dos
prazeres físicos e efêmeros. Estão sob a ilusão de que o alimento, roupa e abrigo são os três principais
objetivos da vida humana. O centro de suas vidas gira em torno de sua esposa e dos filhos. Não
compreendem que existe um propósito mais elevado do que este na vida.
As pessoas buscam vários caminhos para vivenciar a bem-aventurança eterna. O Taittiriya Upanishad
dá a analogia de um pássaro para este contexto. A cabeça deste pássaro é chamada de Sinceridade
(shraddha). As asas direita e esquerda são comparadas respectivamente à Realidade Cósmica (ritham)
e à Verdade (sathyam). O corpo simboliza o Princípio Supremo (mahattattwam) e a cauda o Ioga
(União). O que é Ritham? A Realidade Cósmica (Ritham) ou retidão, lei, regra é o que “permanece
imutável nos três períodos de tempo – passado, presente e futuro (trikalabadyam rhitam)”. A Sinceridade
é muito importante. “Com a Sinceridade conquista-se a sabedoria (shraddhavam labhate jnanam)”. No
Bhagavad Gita, Krishna disse: “Somente aquele com Sinceridade poderá me atingir”. Declarou também:
“Sou a própria personificação da Sinceridade”. Aquele que não é Sincero não consegue realizar sequer
uma pequena tarefa. Especialmente no campo da espiritualidade, a Sinceridade é essencial. A fé
constante e inabalável conduz à Sinceridade. Os Upanishads expuseram o princípio da Sinceridade de
várias maneiras. A sabedoria atingida através da Sinceridade é liberação (tharakam). A falta dela é
apego, escravidão (marakam). O eterno princípio da liberação precisa ser compreendido, praticado e
propagado. Este é o ensinamento fundamental do Taittiriya Upanishad.
Manifestações do Amor Divino!
O Taittiriya Upanishad enfatiza a necessidade de desenvolver a sinceridade em todos os caminhos da
vida. Na espiritualidade a sinceridade (shraddha) é o Tharaka Mantra ou mantra liberador. É eterna e
imortal. O homem consegue atingir a sabedoria (jñana) somente quando purifica seu coração
desenvolvendo os cinco aspectos, a saber: Sinceridade (Shraddha), Verdade (Satyam), Realidade
Cósmica (Ritam), União (Iogam) e o Princípio Supremo (Mahatattwam). A sabedoria não é o
conhecimento textual. “A experiência do não dualismo é sabedoria” (Advaita Darshanam Jnanam). Existe
um princípio subjacente do não-dualismo no aparente dualismo. Esta é a verdade fundamental que o
Taittiriya Upanishad ensina.
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sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
O Bodhisattva e a Tigresa
vivia constantemente pelas regiões desertas da montanha. Dedicava-se unicamente a
meditar sobre a sabedoria e não cometia nenhum dos atos nocivos. Comia frutas, bebia
água e não guardava absolutamente nada. Pensava com altruísmo sobre todos os seres
vivos que, por sua ignorância e sua loucura, se perdem; a cada vez que via um deles em
perigo, sacrificava sua vida para salvá-lo.
Um dia em que havia ido buscar frutas, encontrou em seu caminho uma tigresa
que amamentava seus filhotes. Depois de amamentar, a tigresa ficou esgotada e não tinha
nada para comer. Transtornada pela fome, quis voltar e devorar seus próprios filhotes. Ao
ver aquilo, o Bodhisattva ficou tomado pela piedade; ele pensou com compaixão sobre
todos os seres vivos que padecem ao logo de seus dias no mundo dos sofrimentos
infinitos; que uma mãe e seus filhotes se entredevorassem fê-lo sentir uma dor
inexprimível; soluçando e suando, virou-se e olhou por todos os lados, em busca de algo
que pudesse alimentar a tigresa e salvar, assim, a vida de seus filhotes; mas não viu
absolutamente nada.
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quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
A criança encontra o universo e seus segredos
No início dos anos 80 o Sistema Solar contava com 9 planetas. Eu tinha 8 anos e não sei se aprendi isso nas aulas de ciências ou nas madrugadas assistindo a série COSMOS de Carl Sagan. O fato é que ficava acordado até tarde para ver aquelas imagens maravilhosas do universo e do planeta Terra. Muito antes do telescópio Hubble e dos efeitos da computação gráfica. Temas fascinantes para olhares curiosos e o meu sempre o foi. Mas falar sobre o Universo é trabalhar lado a lado com a Física, uma matéria nada dócil quando não se tem o dom para a coisa. Nunca fui fã da matéria. Tinha facilidade para decorar as fórmulas, mas não entendia bem o porquê daquilo tudo. Acabei me entregando às explicações que lia nas revistas
Talvez não passe pela cabeça dos adultos que este assunto seja de interesse infantil. Pois bem, acabei de ler o livro GEORGE E O SEGREDO DO UNIVERSO (Lucy e Stephen Hawking, Ediouro) e o menino que habita em mim adorou. Acredito que uma criança por volta dos 10 anos poderá se divertir com esta ótima aventura e aproveitar para conhecer o motivo que levou a comunidade científica a considerar apenas 8 os planetas do nosso Sistema Solar. Há mais descobertas: é possível escapar de um buraco negro; dá para imaginar como seria viajar num cometa; visualizar o nascimento e a morte de uma estrela, além de outras informações acerca dos mistérios do universo. Os autores (Stephen Hawking – um dos maiores gênios da Física e sua filha Lucy) escrevem numa linguagem fácil demonstrando uma paixão pelo assunto que contagia o leitor com o vírus do conhecimento. Enfim, ciência e a fantasia juntas, num livro recheado de delícias.
Uma delas é o trabalho do ilustrador Garry Parsons que dá ainda mais agilidade à história que fala do encontro de George, um menino cuja família vive às margens da tecnologia, com sua nova vizinha, Annie, uma menina muito esperta que guarda em casa o computador mais poderoso do mundo: Cosmos. Daí, a ponte para viagens ao espaço, intrigas na escola, um professor misterioso e descobertas científicas. Outra delícia são as fotos coloridas de estrelas, cometas, planetas, luas, nebulosas e outros elementos do universo. Há ainda – paralelo ao enredo – quadros explicativos com curiosidades sobre o Sistema Solar. A história, embora recheada de verdades absolutas, é uma grande ficção. Um delicioso petisco para iniciar a garotada no fantástico mundo da ciência. Neste livro, o leitor verá que um pouco de ciência pode entreter e ao mesmo tempo abrir seus olhos para o que acontece “lá fora”.
Agora, nunca esqueça do Juramento do Cientista. Use o conhecimento para o bem, senão poderá ser vítima da Maldição da Vida Alienígena que vocifera: “Você ficará verde, o seu cérebro borbulhará e vazará pelas orelhas e pelo nariz. Seus ossos virarão borracha e nascerão centenas de verrugas pelo seu corpo. Só poderá comer espinafre e brócolis e jamais tornará a assistir televisão, pois ela fará seus olhos caírem da cabeça”. Putz, nem na série V – A Batalha Final tinha uma maldição desta qualidade!!! That´s all, folks.
P.S. 1. Os trechos em laranja foram copiados do livro.
P.S.
MANIFESTO: Positio Fraternitatis Rosae Crucis
Caro leitor:
Por não podermos nos dirigir diretamente a você, fazemo-lo por meio deste Manifesto. Esperamos que tome conhecimento dele sem preconceito e que ele suscite em você ao menos uma reflexão. Não queremos convencê-lo da legitimidade desta Positio, mas partilhá-la livremente com você. Naturalmente, esperamos que ela encontre um eco favorável em sua alma. Caso contrário, apelamos à sua tolerância…
Em 1623, os rosacruzes afixaram nos muros de Paris cartazes ao mesmo tempo misteriosos e intrigantes. Eis o seu texto:
“Nós, deputados do Colégio principal da Rosa+Cruz, demoramo-nos visível e invisivelmente nesta cidade pela graça do Altíssimo, para O Qual se volta o coração dos Justos. Mostramos e ensinamos a falar sem livros nem sinais, a falar todas as espécies de línguas dos países em que desejamos estar para tirar os homens, nossos semelhantes, de erro de morte.
Se alguém quiser nos ver somente por curiosidade, jamais se comunicará conosco, mas, se a vontade o levar realmente a se inscrever no registro de nossa Confraternidade, nós, que julgamos pensamentos, faremos com que ele veja a verdade de nossas promessas; tanto é assim que não estabelecemos o local de nossa morada nesta cidade, visto que os pensamentos unidos à real vontade do leitor serão capazes de nos fazer conhecê-lo, e ele a nós.”
Alguns anos antes, os rosacruzes já se haviam dado a conhecer publicando três Manifestos deste então célebres: Fama Fraternitatis, Confessio Fraternitatis e O Casamento Alquímico de Christian Rosenkreutz, que apareceram respectivamente em 1614, 1615 e 1616. Na época, esses três Manifestos suscitaram numerosas reações, não somente da parte dos meios intelectuais, mas também das autoridades políticas e religiosas. Entre 1614 e 1620, cerca de 400 panfletos, manuscritos e livros foram publicados, alguns para elogiá-los, outros para os denegrir. De qualquer forma, seu aparecimento constituiu um evento histórico muito importante, especialmente no mundo do esoterismo.
Fama Fraternitatis foi dirigido às autoridades políticas e religiosas, bem como aos cientistas da época. Ao mesmo tempo em que fazia um balanço talvez negativo da situação geral na Europa, revelou a existência da Ordem da Rosa+Cruz através da história alegórica de Christian Rosenkreutz (1378-1484), desde o périplo que o levara pelo mundo inteiro antes de dar vida à Fraternidade Rosacruz, até à descoberta de seu túmulo. Esse Manifesto já fazia apelo a uma Reforma Universal.
Confessio Fraternitatis completou o primeiro Manifesto, por um lado insistindo na necessidade do ser humano e a sociedade se regenerarem e, por outro lado, indicando que a Fraternidade dos Rosacruzes possuía uma ciência filosófica que permitia realizar essa Regeneração. Nisso ela se dirigia antes de tudo aos buscadores desejosos de participar nos trabalhos da Ordem e promover a felicidade da Humanidade. O aspecto profético desse texto intrigou muito os eruditos da época.
O Casamento Alquímico de Christian Rosenkreutz, num estilo bastante diferente dos dois primeiros Manifestos, relatou uma viagem iniciática que representava a busca da Iluminação. Essa viagem de sete dias se desenrolava em grande parte num misterioso castelo onde deviam ser celebradas as bodas de um rei e de uma rainha. Em termos simbólicos, o Casamento Alquímico descrevia a jornada espiritual que leva todo Iniciado a realizar a união entre sua alma (a esposa) e Deus (o esposo).
Como sublinharam historiadores, pensadores e filósofos contemporâneos, a publicação desses três Manifestos não foi nem insignificante nem inoportuna. Ocorreu numa época em que a Europa atravessava uma crise existencial muito importante: estava dividida no plano político e se dilacerava em conflitos de interesses econômicos; as guerras de religiões semeavam desgraça e desolação, mesmo no seio das famílias; a ciência tomava impulso e já assumia uma orientação materialista; as condições de vida eram miseráveis para a maioria das pessoas; a sociedade da época estava em plena mutação, mas faltavam-lhe referências para evoluir no sentido do interesse geral...
A História se repete e põe regularmente em cena os mesmos eventos, mas numa escala geralmente mais vasta. Assim, perto de quatro séculos após a publicação dos três primeiros Manifestos, constatamos que o mundo inteiro, mais estritamente a Europa, enfrenta uma crise existencial sem precedentes, em todos os campos de sua atividade: política, econômica, científica, tecnológica, religiosa, moral, artística, etc. Por outro lado, nosso planeta, isto é, nosso campo de vida e evolução, está gravemente ameaçado, o que justifica a importância de uma ciência relativamente recente, qual seja, a ecologia. Seguramente, a Humanidade atual não está bem. Por isso, fiéis à nossa Tradição e ao nosso Ideal, nós, Rosacruzes dos tempos atuais, julgamos que seria útil darmos testemunho disso através desta Positio.
Positio Fraternitatis Rosae Crucis não é um ensaio escatológico. De maneira nenhuma é apocalíptico. Como vimos de dizer, seu objetivo é transmitir nossa posição quanto ao estado do mundo atual e pôr em evidência o que nos parece preocupante para o seu futuro. Como já o fizeram em sua época nossos irmãos do passado, desejamos também apelar para mais humanismo e espiritualidade, pois temos a convicção de que o individualismo e o materialismo que prevalecem atualmente nas sociedades modernas não podem trazer aos homens a felicidade a que eles legitimamente aspiram. Esta Positio sem dúvida parecerá alarmista para alguns, mas “não há surdo pior do que aquele que não quer ouvir e cego pior do que aquele que não quer ver”.
A Humanidade atual está ao mesmo tempo perturbada e desamparada. Os imensos progressos que ela realizou no plano material não lhe trouxeram verdadeiramente felicidade e não lhe permitem entrever o futuro com serenidade: guerras, fome, epidemias, catástrofes ecológicas, crises sociais, atentados contra as liberdades fundamentais, são outros tantos flagelos que contradizem a esperança que o Ser Humano depositara em seu futuro. Por isso dirigimos esta mensagem a quem a queira de bom grado ouvir. Ela segue a linha daquela que os rosacruzes do século XVII exprimiram através dos três primeiros Manifestos, mas, para compreendê-la, é preciso ler o grande livro da História com realismo e dirigir um olhar lúcido para a Humanidade, este edifício feito de homens e mulheres em via de evolução.
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quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
Prática Curta de Tchenrezig (com os comentários explicativos de Kalu Rinpoche) - O BEM DOS SERES PREENCHE O ESPAÇO
Devemos, inicialmente, imaginar que no meio do céu diante de nós se encontram os
diferentes aspectos do Refúgio: as três jóias, o Buddha, o Dharma e o Sangha, e as três
raízes, o lama, os Yidams (divindades) e os protetores.
Pensamos que diante desses aspectos nós e todos os demais seres tomamos refúgio até
atingirmos o estado de Buddha e nos remetemos às três jóias.
Em seguida, desenvolvemos a motivação do espírito do despertar com o objetivo de
liberar todos os seres do Samsâra e estabelecê-los no estado de Buddha.
Pensando assim, receberemos as instruções sobre Tchenrezig e praticaremos esta
meditação:
Inicialmente, repetimos três vezes a parte do texto que corresponde ao refúgio: “SANG
GYE TCH'Ö DANG....”
Depois, imaginamos que sobre nossa cabeça e a de todos os seres há um lótus branco,
em cima do qual se encontra um disco luminoso e sobre este a letra branca “HRI”. Essa
letra “HRI” irradia luz por todas as direções, atingindo a todos os Buddhas e se
apresentando a eles como uma oferenda que os cobre. Em seguida, essa luz irradia para
as seis classes de seres, purifica os véus (karma, emoções conflituosas, apego ao eu e
ignorância) que cobrem suas mentes e todas as ações nocivas. Finalmente, a luz é
reabsorvida na letra “HRI”.
A letra “HRI” instantaneamente se transforma no aspecto do muito nobre Tchenrezig,
de cor branca. Ele possui uma face, quatro braços e duas pernas cruzadas na posição de
vajra.
- A posição vajra das pernas simboliza o fato de Tchenrezig não residir
nem no Samsâra, nem na paz do Nirvana.
- Os quatro braços simbolizam as quatro virtudes incomensuráveis: a
compaixão incomensurável, a alegria incomensurável, o amor
incomensurável, a equanimidade incomensurável.
- A cor branca simboliza a pureza de Tchenrezig e o fato de que suas
manifestações não são atingidas pelos véus da mente, pelos aspectos
impuros, pelo karma impuro, etc.
- Os dois olhos de Tchenrezig simbolizam a conjunção entre os métodos e
meios (t'ab) e o conhecimento transcendente (sherab).
- Tchenrezig também está ornamentado com cinco adereços de seda e de
oito jóias. As cinco sedas são: as fitas que pendem de seu diadema, a
longa fita que contorna seus ombros e braços, o xale que recobre o
tronco, seu cinto e sua veste.
- As oito jóias são: o ornamento sobre sua cabeça que simboliza os
Buddhas das cinco famílias, o brinco de pedra preciosa, o colar que ele
usa no pescoço, o longo pingente, o cinturão de jóias, o pequeno
ornamento sobre seu corpo, os braceletes em torno do braço e punho e os
braceletes no tornozelo.
- As cinco sedas simbolizam que em Tchenrezig culminam as cinco
sabedorias supremas da mente dos Buddhas.
- As oito jóias simbolizam que Tchenrezig possui perfeitamente os oito
ramos do Caminho Óctuplo.
Tchenrezig está sentado sobre um disco que simboliza o fato de ele manifestar sua
grande compaixão e transmitir sua influência espiritual a todos, sem ser maculado pelas
seis classes de seres.
Às costas de Tchenrezig, há, como espaldar, uma lua branca imaculada, que simboliza
as oferendas e louvações que todos os Buddhas e Bodhisattvas fazem continuamente a
Tchenrezig, bem como seu aspecto puro.
No alto de sua cabeça, encontra-se o Buddha Amitabha, que é tanto seu preceptor,
mestre espiritual e lama, como o princípio do qual Tchenrezig emana.
Há um animal mitológico chamado Trinasara, uma espécie de gazela mansa e gentil,
que jamais faz o mal aos outros, cujos pés são como feltro e só se alimenta de ervas.
Uma pele de Trinasara cobre o ombro de Tchenrezig simbolizando que em nenhuma
circunstância ele faz o mal a alguém.
Tchenrezig trabalha contínua e perpetuamente para o bem dos seres por meio dos cinco
corpos de Buddha, das cinco sabedorias, que constituem sua essência. Esta é
simbolizada pela luz que irradia de seu corpo. A luz é principalmente branca, mas
composta de raios brancos, azuis, verdes, amarelos e vermelhos, que correspondem às
cores das cinco sabedorias.
Para simbolizar sua atitude de constante prece e desejo para que o bem chegue a todos
os seres, as duas primeiras mãos estão juntas no mudrâ de prece.
Por sua atividade, ele salva primeiro os seres nos três mundos inferiores e os leva à
liberação. Para simbolizar essa ação de retirar os seres do sofrimento do Samsâra,
Tchenrezig leva em sua mão direita um mala de 108 contas de cristal imaculado.
Para simbolizar que Tchenrezig é puro e livre das emoções perturbadoras (todas as
84000) e que, em última instância, leva todos os seres ao estado perfeitamente puro de
Buddha, ele segura com sua mão esquerda um lótus branco.
Para simbolizar que pelos meios (upaya – t'ab), pela compaixão, e por intermédio do
conhecimento transcendente (prajña – sherab) trabalha com grande amor pelo bem dos
seres, ele repousa seu olhar sobre todos os seres.
Nós imaginamos Tchenrezig dotado de todas essas qualidades e atributos situado sobre
nossa cabeça. Nós pensamos que ele está realmente presente.
DA SO K'A K'YAB ...
Esse aspecto de Tchenrezig é essencialmente nosso lama-raiz, quem quer que ele seja,
isto é, o lama que nos transmite a iniciação, os lungs, as instruções. É o lama-raiz sob o
aspecto de Tchenrezig, o aspecto de todos os refúgios, Buddha, Dharma, Sangha, Lama,
Yidam e Protetor.
Pensamos que Tchenrezig possui todas as qualidades desses diferentes aspectos, dos
quais ele é a essência. Pensamos que é a base e o fundamento do qual emanam todos os
demais Yidams.
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terça-feira, 25 de dezembro de 2007
Verdade E Ciência - Prelúdio a uma “Filosofia da Liberdade”, de Rudolf Steiner
A filosofia da nossa época sofre de uma fé malsã em Kant. Este livro pretende contribuir para superá-la. Seria um sacrilégio diminuir os méritos imperecíveis desse homem em prol do desenvolvimento da ciência na Alemanha. Mas devemos, afinal, dar-nos conta de que só podemos lançar as bases de uma visão realmente satisfatória do mundo e da vida se nos colocarmos decididamente em oposição a esse espírito. Qual foi o resultado alcançado por Kant? Ele mostrou que a nossa capacidade cognitiva não pode penetrar no fundamento das coisas situado além do nosso mundo sensorial e racional, fundamento que seus precursores tinham procurado por meio de moldes conceituais mal compreendidos. Disso ele concluiu que nosso pendor científico devia permanecer dentro do que pode ser alcançado pela experiência, não podendo chegar a conhecer o fundamento primordial supra-sensível, a “coisa em si”. Mas o que seria se essa “coisa em si”, com todo o fundamento transcendente dos objetos, fosse apenas um fantasma? É fácil perceber que a realidade é mesmo essa. Pesquisar o âmago mais profundo das coisas, desvendar os seus princípios primordiais, é um impulso inseparável da natureza humana. É o fundamento de toda atividade científica.
Mas não existe a menor causa para se procurar esse fundamento primordial fora do mundo sensorial e espiritual que nos é dado, enquanto uma pesquisa deste mundo, realizada em todos os sentidos, não produz elementos a ele imanentes que apontem claramente para uma influência de fora.
O nosso livro procura demonstrar que por meio do nosso pensar se pode captar tudo que deve ser aduzido para a explicaçao do mundo e a elucidação de suas causas. A suposição de que existam princípios do nosso mundo situados fora dele revela-se como preconceito de uma filosofia que vive ilusoriamente em dogmas vãos. Kant deveria ter chegado a esse resultado se realmente houvesse investigado para que fins o nosso pensar está disposto. Em vez disso demonstrou, pelos caminhos mais complicados, que não podemos chegar aos últimos princípios situados além da nossa experiência, devido à configuração do nosso poder cognitivo. Mas se obedecessemos à razão, nem deveríamos deslocá-los para tal além. Kant bem refutou a filosofia “dogmática”, mas sem nada colocar em seu lugar. A filosofia alemã imediatamente posterior desenvolveu-se portanto, de modo geral, em oposição a Kant. Fichte, Schelling e Hegel nem se preocuparam com os limites do nosso conhecimento abalizados pelo seu precursor, e procuraram os princípios primordiais das coisas dentro do aquém da razão humana. Mesmo Schopenhauer, não obstante sua afirmação de que os resultados da critica da razão de Kant seriam verdades para sempre inabaláveis, não deixa de enveredar por caminhos diversos dos de seu mestre, para atingir o conhecimento das últimas causas do Universo. Foi a desdita desses pensadores terem eles procurado o conhecimento das verdades supremas sem haver lançado o fundamento para tal empreendimento através de investigação da própria natureza da cognição. Os imponentes edifícios das idéias de Fichte, Schelling e Hegel carecem, pois, de fundações. A falta destas teve, por sua vez, um efeito nocivo sobre os raciocínios dos filósofos. Desconhecendo a importância do mundo das idéias puras e sua relação com a área da percepção sensorial, eles amontoaram erros sobre erros, uma sobre outra unilateralidade. Não é de admirar que seus sistemas demasiadamente audaciosos não hajam conseguido resistir às tempestades de uma era hostil à Filosofia, e muito do que continham de bom haja sido impiedosamente varrido junto com o mau.
As investigações que seguem pretendem remediar uma falha aludida no texto precedente. Não desejamos, como fez Kant, expor o que o poder cognitivo não é capaz de realizar, mas, sim, mostrar o que é realmente habilitado a fazer.
O resultado destas investigações é que, contrariamente à suposição geralmente aceita, a verdade não é uma reflexão imaterial de algo real, mas um produto livre do espírito humano, não podendo existir de forma alguma e em nenhum lugar se nós mesmos não o produzíssemos. A tarefa da cognição não é repetir, sob forma conceitual, algo que já exista alhures, mas, sim, criar um campo inteiramente novo que apenas constitua a plena realização em combinação com o mundo sensorial dado. Com isso a atividade suprema do homem, seu ato criador espiritual, acha-se organicamente integrado ao decurso geral dos fatos no mundo. Sem essa atividade nem poderíamos pensar nesse decurso dos acontecimentos como uma totalidade definida em si. Frente à seqüência dos fatos, o homem não é um espectador ocioso que reproduz em sua mente, sob forma de imagens, aquilo que ocorre no cosmo sem a sua intervenção, mas sim o co-criador ativo do processo cósmico; e a cognição é o membro mais perfeito no organismo do Universo.
Desta concepção é conseqüência importante, para as normas do nosso agir e para os nossos ideais morais, o fato de estes tampouco poderem ser considerados como a imagem de algo exterior a nós, mas como algo existente somente dentro de nós. Com isto é igualmente negada a existência de uma potência cujos mandamentos deveriam ser as nossas leis morais. Desconhecemos um “imperativo categorico como que uma voz do Além a nos prescrever o que deveríamos ou não fazer. Os nossos ideais morais são livremente produzidos por nós próprios. Só devemos executar o que nós mesmos nos impomos como norma para a nossa atuação. A visão da verdade como sendo um ato de liberdade fundamenta, pois, também uma ética cuja base é a personalidade totalmente livre.
Essas sentenças só se aplicam, obviamente, àquela parte do nosso atuar cujas leis compreendemos em seu conteúdo ideal, através de um conhecimento perfeito. Enquanto essas leis não passam de motivos naturais ou conceitualmente confusos, alguém espiritualmente superior a nós reconheceria em que medida tais leis do nosso agir têm seu fundamento dentro da nossa individualidade; nós próprios, porém, temos a sensação de que atuam sobre nós a partir de fora, coagindo-nos. Cada vez que conseguimos penetrar tal motivo reconhecendo-o claramente realizamos uma conquista no campo da liberdade.
No que se refere ao problema do conhecimento, o leitor verá, pelo próprio conteúdo deste livro, a posição das nossas idéias em relação à figura filosófica mais significativa do nosso tempo, isto é, a cosmovisão de Eduard von Hartmann.
É para uma Filosofia da Liberdade que este livro constitui um prelúdio. A mesma deverá seguir brevemente, de forma pormenorizada .
Elevar o valor da existência da personalidade humana é a meta final de toda ciência. Quem não se dedica a esta última intenção, só trabalhando porque viu seu mestre fazê-lo, só “pesquisa” por havê-lo casualmente aprendido. Não poderá ser chamado de ‘pensador livre”.
O que confere às ciências o verdadeiro valor é somente a exposição filosófica do significado humano de seus resultados. Pretendi fazer uma contribuição para essa exposição. Mas talvez a ciência atual nem esteja procurando sua justificação filosófica! Neste caso, ficam patentes dois fatos: primeiro, o de haver eu escrito um livro desnecessário; e segundo, o de estar a erudição moderna pescando em águas turvas, ignorando o que quer.
Ao terminar este prefácio, não posso omitir uma observação de natureza pessoal. Até esta altura sempre expus minhas idéias filosóficas relacionando-as com a cosmovisão de Goethe, à qual fui introduzido por meu venerável mestre Karl Julius Schröer, que ocupa, a meu ver, uma posição de destaque na pesquisa de Göethe, por voltar seu olhar sempre para as idéias, elevando-se acima dos detalhes.
Espero mostrar, com esta obra, que o edifício de meus pensamentos constitui um todo fundamentado em si mesmo, não necessitando ser deduzido da cosmovisão goethiana. Minhas idéias, tais como são apresentadas nesta obra e como serão expostas mais tarde como Filosofia da Liberdade, surgiram no decorrer de muitos anos. Desejo acrescentar, com um sentimento de profunda gratidão, que a elaboração das minhas idéias teve por ambiente ideal e único o acolhimento carinhoso que tive em Viena por parte da família Specht, durante o tempo em que estive incumbido da educação dos filhos; desejo ainda acrescentar que devo a atmosfera em que foi dado burilar definitivamente certas idéias da minha “filosofia da liberdade”, às conversas estimulantes com minha estimada amiga Rosa Mayreder em Viena, cujos trabalhos literários, obra de uma personalidade artística delicada e distinta, serão provavelmente publicados den tio em breve.
Viena, início de dezembro de 1891
Dr. Rudolf Steiner
INTRODUÇÃO
As considerações seguintes se propõem formular o problema do conhecimento de modo correto através de uma análise do ato cognitivo retroativa aos seus últimos elementos, e de indicar um caminho para a sua solução. Mostrarão, mediante uma crítica das teorias do conhecimento baseadas no raciocínio kantíano, que uma solução às perguntas pertinentes nunca será possível a partir desse ponto de vista. Temos de reconhecer que a formulação precisa do conceito do que é “dado”, tal como a almejamos, teria sido enormemente dificultada sem os trabalhos preliminares fundamentais de Volkelt , com suas fundamentais análises sobre a noção de “experiência”. Nutrimos, porém, a experança de havermos lançado a base para a superação do subjetivismo inerente às teorias cognitivas que emanam de Kant. Acreditamos tê-lo conseguido através da nossa demonstração de que a forma subjetiva na qual a imagem do mundo se apresenta no ato cognitivo, antes de ser modificada pela ciência, não passa de uma fase de transição necessária, a qual, porém, é superada durante o próprio processo da cognição. Para nós, a ch3mada experiência que o positivismo e o neokantismo querem apresentar como a única coisa de que se tem certeza é justamente aquilo que se reveste do mais alto subjetivismo. Fazendo essa demonstração, fundamentamos o idealismo objetivo como conseqüência necessária de uma gnosiologia que se compreende a si mesma. Esse idealismo objetivo se diferencia do idealismo absoluto e metafísico de Hegel, pelo fato de procurar a causa para a cisão da realidade em existência dada e conceito no sujeito do conhecimento, e de vislumbrar a ligação entre ambos não numa dialética objetiva e universal, mas sim no processo cognitivo do sujeito. O autor destas linhas já defendeu uma vez esse ponto de vista em 1886, em sua obra Grundlinien einer Erkenntnistheorie der goetheschen Weltanschauung (Linhas básicas para uma teoria do conhecimento da cosmovistïo de Goethe), baseando-se em estudos que se distinguem essencialmente, quanto ao método, daqueles expostos nesta obra, e que também deixam de remontar aos primeiros elementos da cognição.
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segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
A mais incrível história de todos os tempos!!!
Em 1849 o Papai Noel vestia uma roupa marrom. Mas o Natal daquela época já mantinha tradições que sobrevivem até hoje como a árvore de natal, o presépio e as canções (Noite Feliz, por exemplo, já fazia parte do repertório). Era também tempo de presentear.
Porém, querido leitor, quando descobri este livro no final de 2006 não desgrudei de suas páginas até o final. Por isso, esqueça o papo acima sobre lista oficial, obras literárias e afins. A história que este livro conta você já conhece, mas seu filho pode não conhecê-la por inteiro. A forma como Charles Dickens a desenvolve é por demais carinhosa e conquista o leitor independente da idade. Embora possa ser lida por qualquer criança, acho que fica mais gostoso se um adulto puder compartilhar desta leitura, pois é fácil encontrar a figura do pai na voz do narrador. Apesar da força católica que a personagem Jesus carrega em si, a leitura deste livro ultrapassa as amarras das crenças religiosas. Em suma, apresenta a fantástica história de um homem pleno de virtudes e seu final trágico para que a humanidade pudesse garantir seu lugar no Paraíso.
Talvez seja difícil pensar que comportados, venturosos, caridosos e piedosos, nossos filhos estejam a salvo numa possível vida após a morte. O mundo de hoje exige virtudes tanto quanto cuidado. E existe um apego ao real que transforma o Paraíso numa TV deEm 1849 pensar no nascimento de Cristo e em suas ações fraternas ainda eram os principais motivos para celebrar o Natal. Na abertura do livro, Charles Dickens escreveu: “Meus queridos filhos. Estou muito ansioso para que vocês conheçam algo sobre a história de Jesus Cristo, pois todo o mundo deveria conhecê-Lo. Jamais viveu alguém tão bom, tão afável, tão gentil e tão cheio de perdão para com todas as pessoas que erraram, ou que eram de alguma forma doentes, ou miseráveis, como Jesus. E como ele está agora no Paraíso, para onde esperamos ir e nos reunir depois de morrermos, e lá sermos sempre felizes, juntos, vocês jamais poderão imaginar que lugar bom é o Paraíso sem saber quem Ele era e o que fez”. Que nosso Natal seja pleno de paz e que as famílias possam se reunir em fraternidade para – assim como fez a família de Dickens - recontar a fantástica vida de Jesus Cristo e aprender com ela. Hatuna Matata.
P.S. A primeira imagem deste post reproduz um Natal em família na Inglaterra Vitoriana do tempo em que Dickens escrevia seus livros.
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
Feliz Natal
Que o Natal seja, para todos, um tempo de amor.
(um agradecimento especial ao meu amigo Vítor Cintra)
Natal
Novamente é Natal
(Chica Ilhéu)
Casas enfeitadas, piscantes...
As ruas, verdadeiras alamedas brilhantes...
Cenas de contos e de magia...
Pois está chegando o dia!
Que em nossas vidas
Gostaríamos que nunca terminassem...
E fossem sempre de pura alegria!
Nas casa, as árvoresde Natal, enfeitadas...
Com bolas e pingentes...
Como símbolo desta data
Que em cada coração
Sente significados diferentes...
Com a alegria da comemoração
O Nascimento do Menino Deus,
Muitos são os preparativos para alguns,
Existe mais a preocupação
Um pensamento ocupa suas mentes
Uma tarefa tão difícil...
Como escolher o presente ideal?
Pois eu já vou ajudar
A quem interessa...
Tenho pensado muito,
E se alguém vier te sondar
Sobre os presentes
Que sonha ganhar
Não penses duas vezes, em responder:
"Na lista de presentes nada escreveu"
Mas sei que em seu coração
Há uma frase gravada...
"Seja qual Natal for,
Peça a Deus Nosso Senhor
felicidade, saúde e muito Amor!"
E também peça a Paz
Para que continue tendo forças
Para Amar e se doar
Ao próximo, mais...muito mais!
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
Presentes de Natal
Outra surpresa foi descobrir que Elma, querida ilustradora, mãe e avó coruja, também defila seu talento no universo virtual. Seu Blog Tempo de Ternuras apresenta seus livros e belas ilustrações. Ela abre com um cartão de natal muito lindo... passem lá para conferir. Abaixo, uma lembrancinha da felicidade do nosso primeiro encontro. Elma, eu e Rosinha Campos desfilamos sorrisos no Salão do Livro da FNLIJ. Êêêêita saudade!!!
Sombra do Vento (A) - Carlos Ruiz Zafón
A acção situa-se em Barcelona em meados da década de 40 (século XX) onde ainda se vive sob o espectro da guerra civil que assolou toda a Espanha e sob a ditadura de Franco.
Daniel Sempere, o principal personagem e narrador da história, de mão dado com o pai é levado à descoberta de um local mágico e misterioso: O cemitério dos livros esquecidos. Gigantesca e labiríntica biblioteca onde são guardados os livros saídos de circulação e há muito esquecidos pela sociedade.
Logo aqui há uma clara referência à estrutura labiríntica imagina por Umberto Eco no seu livro “O nome da Rosa” e, na minha perspectiva, uma crítica à sociedade pela forma como trata os seus livros, para além de ele próprio fomentar a idéia da importância de todos os livros como veículo de cultura.
Esta cena inicial torna-se assim na premissa para todo o enredo que irá rodar sob o livro que Daniel escolhe do Cemitério dos livros esquecidos: A Sombra do Vento, escrito pelo enigmático e obscuro Julián Carax.
Apaixonado pela história contida no livro, Daniel empreende uma busca por mais livros deste autor, acabando por entrar numa intrincada teia de ódios, assassinatos, paixões e amizades que vão para além do imaginado e que se situam muitos anos antes do nascimento de Daniel.
Zafón é muito inteligente na forma como cria o enredo e, sobretudo, na forma como liga vários pormenores e personagens de outros autores da literatura e isso é algo que mais me surpreendeu e me fez apaixonar pelo livro.
Como história em si, posso afirmar, segundo a minha opinião, que não é uma grande história, já tenho lido muito melhor, porém uma das mais valias deste livro é a influência de outros autores e dos seus gêneros. É nítida a influência do gótico de Egdar Allan Poe. O inspector Fumero, até na descrição do seu aspecto físico, é quase um clone do inspector Javert nos “Miseráveis” e até no seu relacionamento com Fermín, um dos personagens mais fascinantes, faz lembrar as situações com Jean Valjean no referido título.
Achei curiosa a forma como o autor consegue jogar com vários estilos literários, quase que altera os estilos de página a página. Ora cria um clima de autêntico romance psicológico ao estilo de um Dostoeivsky, como passa para um policial, um thriller povoado de imagens e situações góticas e sobrenaturais, acabando num estilo histórico e até de costumes.
É claro que isso é intencional e dá ao romance algo de inédito, até porque é também uma forma do autor homenagear escritores universais e gêneros.
Bela é também a sua escrita e as metáforas criadas. Facilmente descreve situações de uma forma poética, de uma profundidade emocional e intelectual superior.
Não é de forma nenhuma um livro difícil de ler, é sim um livro belíssimo que fala de outros livros e das capacidades humanas em todas as suas vertentes, tendo também a capacidade de analisar a História e o peso que a mesma tem com comportamento do ser humano enquanto individualidade e em grupo.
Último Távora (O) - José Norton
Descendente da uma família maldita, Pedro irá sentir toda a vida a perseguição de inimigos invisíveis que, na sombra, desenvolvem acções que minam a reputação que Pedro consegue conquistar.
Marquês da Alorna (embora descendente dos Távora, era-o por parte da mãe, pelo que herdou o título do pai, no entanto isso está muito bem explicado neste livro), título da velha aristocracia, os Alorna ocuparam durante várias gerações lugares de destaque em vários sectores do reino, lugares que trouxeram prestígio e riqueza à sua casa, mantida também com casamentos com outras casas nobres, construindo assim uma forte rede de interesses e influências que abarcavam todo o império português.
Filho de D. João de Alorna e de D. Leonor de Távora, uma das filha dos marqueses de Távora, Pedro, como primogênito, logo ficou com o futuro definido.
Estava destinado a altos postos ao serviço do rei. No entanto os acontecimentos posteriores ao Terramoto de 1755 iriam alterar esse destino.
Terá assim uma vida rica em acontecimentos que o levam a manter relações muito próximas com o príncipe D. João. Através desses contactos, D. Pedro vai ocupando lugares de liderança no exército português até às invasões francesas em 1808 quando é nomeado como um dos comandantes das forças portuguesas. A partir dessa data inicia um novo capítulo da sua vida que o irá levar a conhecer pessoalmente Napoleão e comandar nove batalhões portugueses nessa terrível e famosa campanha.
Pessoalmente desconhecia a presença de tantos soldados portugueses na campanha da Rússia de 1812, mas o autor descreve minuciosamente todo o processo de envolvimento dos batalhões portugueses e dos seus comandantes, dos quais fazia parte o Marquês de Alorna. E aqui faço a ressalva para a forma como os portugueses eram vistos e tidos pelos fanceses: Soldados de coragem e bravura. Napoleão sobre isso escrevia na sua proclamação de 7 de Setembro diz, referindo-se a Borodino: “Que a posteridade mais remota cite com orgulho a vossa conduta neste dia.”
Este livro surpreendeu-me bastante.
Antes de mais é um excelente documento histórico. Para além da enorme capacidade narrativa demonstrado pelo autor, é-nos oferecido um documento Histórico que abrange 50 anos de uma época importantíssima na Europa.
Começa por nos situar na época descrevendo o processo dos Távoras e o porquê do mesmo.
Achei também curioso e imensamente interessante a forma narrativa do autor.
Na prática torna-se um documento de pura História onde o autor descreve o sucedido, porém nunca se coíbe em colocar diálogos entre os personagens, ou seja, este livro é uma mescla brilhante entre documento Histórico e romance.
Surpreendeu-me também pelas várias histórias. As ligações familiares, as intrigas políticas, as mesquinhices do Portugal setecentista. O porquê das invasões francesas, a intervenção de soldados portugueses em várias campanhas de Napoleão, etc.
É um livro belíssimo sobre um homem e uma época. Uma época que marca a Europa e que traz ventos de mudança, e um homem que viveu com uma cruz. Lutou imenso e tentou sempre elevar a condição da sua casa: os Alorna.
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
Valentina quer dar os parabéns!!!
Aqui em casa não faltam caixas. São muitas. De vários tamanhos. Eu mesma as faço. Adoro imaginar o que cada uma vai guardar. Escolher o tecido ou o papel que vai envolver o marrom do papelão. Algumas ficam fechadas por muito tempo. Outras, quase não descansam a tampa. É o caso da caixa que guarda (?!?!) os livros que esperam a vez de nos encantar com suas histórias. Em seu interior, acumulam-se os volumes que ficam numa fila desorganizada. Uns pulam na frente, outros se escondem no fundo... vez em quando eles aprontam uma surpresa. Foi o que aconteceu hoje.
Trouxe Valentina para a cama e ela reconheceu o cheiro de abraço amarrotado. Deitei o olhar em suas páginas. Conheci e me encantei com a menina-princesa, moradora de um castelo localizado na beira do longe, lá depois do bem alto. O rei e a rainha, pais de Valentina, faziam algo que a intrigava: desciam do castelo todo dia para trabalhar. Ela não entendia bem o porquê. Assim como estranhava ter que esconder sua beleza que não cabia em página de livro. A menina morava longe de Tudo. Até que um dia foi com os olhos e os pés conhecer Tudo de perto. Lá, descobriu que todas as meninas daquele lugar sonhavam em ser princesa. Mas a menina Valentina já era princesa e morava num castelo logo depois do mais longe de Tudo.
Rubem Fonseca - Bufo & Spallanzani
Autor: Rubem Fonseca
Gênero: Romance
Editora: Cia. das Letras
Em seu terceiro romance, o escritor carioca se projeta num alter-ego, o ficcionista Gustavo Flávio, para contar um pesadelo em forma de romance, povoado de situações bizarras, citações literárias e personagens fora do comum.
Michael Harner - O Caminho do Xamã
Autor: Michael Harner
Gênero: Esoterismo / Ocultismo
Editora: Cultrix
O antropólogo Michael Harner leva-nos com este livro a viver uma odisséia pessoal até a fonte da cura xamânica, o nosso eu mais profundo. Passo a passo, ele ensina ao leitor técnicas e exercícios simples para alcançar os estados alterados de consciência sem drogas — o caminho do xamã para a integridade psicofísica e a cura. No xamanismo, antigo sistema pouco conhecido no Ocidente, está um auxiliar inestimável da medicina moderna, e um trabalho cativante de investigação psicológica e espiritual.
Chico Buarque - A Fazenda Modelo
Autor: Chico Buarque
Gênero: Romance
Editora: Civilização Brasileira
Este livro é a primeira experiência literária do compositor, que posteriormente escreveu "Estorvo". Novela pecuária que, através do alegórico e do grotesco, medita sobre o dia-a-dia dos anos setenta.
João Aguiar - A Encomendação das Almas
Autor: João Aguiar
Gênero: Romance
Editora: Asa
Num mundo rural em decomposição acelerada, minado pela poluição física e mental, pelos media e pelas arremetidas da "Aldeia Global", um homem de setenta anos e um adolescente aliam-se para construir um pequeno universo privado, fantástico, parado no tempo, onde vivem os velhos ritos e as superstições do passado. Porém, esse universo, frágil e vulnerável, não poderá resistir durante muito tempo à sociedade hostil que o cerca. Então, é preciso encontrar uma saída... História de uma amizade e de uma revolta, A Encomendação das Almas é também um retrato-caricatura do nosso tempo. Com ele, João Aguiar abre uma nova frente no seu trabalho de romancista e, renovando-se, confirma que é hoje um dos mais versáteis narradores portugueses.
João Aguiar - O Homem Sem Nome
Autor: João Aguiar
Gênero: Romance
Editora: ASA
Era um deserto imenso. A sua aridez alastrava por planícies, montes e vales que um dia haviam sido férteis..." Através deste deserto, um estranho trovador, um poeta que se recusa a ter um nome, entra num mundo que se encontra em mutação e que perde rapidamente os últimos vestígios da sua pureza primitiva. É também assim que o leitor entra nesse mundo e acompanha o poeta nas suas extraordinárias aventuras. Há várias maneiras de ler este livro. Ele pode ser lido como uma história fantástica, quase uma história de fadas. Também pode ser lido como uma mensagem sobre a vida e sobre os homens. Ou ainda como uma alegoria irônica — porque o mundo em que o poeta entra é muito parecido com o nosso, sobretudo nos absurdos. Mas a melhor maneira de o ler é pôr de lado todas essas preocupações: ler, muito simplesmente, e deixar-se seduzir. Como acontece ao fim e ao cabo em todos os romances de João Aguiar, que, desde A Voz dos Deuses até Os Comedores de Pérolas, tem vindo a construir, numa premeditada e saudável discrição, uma das obras mais interessantes e coerentes da atual literatura portuguesa.
João Aguiar - Uma Deusa na Bruma
Autor: João Aguiar
Gênero: Romance Histórico
Editora: Asa
O regresso de João Aguiar ao romance histórico. Em meados do século II a.C., as gentes de Entre-Douro-e-Minho viviam, com razoável inconsciência, os derradeiros anos da sua civilização. No Leste e no Sul da Península Ibérica, a República Romana já se implantara e as suas legiões procuravam alargar esse domínio, mas no Noroeste a ameaça parecia longínqua, tanto mais que os Numantinos e os Lusitanos mostravam ser um formidável obstáculo ao avanço romano, sobretudo a partir do momento em que um certo guerreiro, chamado Viriato, assumira a chefia da resistência lusitana. Mas, de súbito, estes obstáculos caem: Numância submete-se, ainda que temporariamente, e Viriato é morto à traição. E o procônsul Décimo Júnio Bruto marcha para Norte, passa o Tejo, entra na Lusitânia e aproxima-se das margens do Douro... É este o cenário histórico de Uma Deusa na Bruma, cuja ação é contemporânea da de um outro romance do autor, A Voz dos Deuses, mas centrada, agora, na Cividade de Terroso (Póvoa de Varzim), procurando evocar o que seria a civilização castreja na fase imediatamente anterior à romanização.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
Um Nóbrega, outro Nóbrega e uma cabeça nas nuvens...
Dia desses, em Fortaleza, reencontrei o casal Andréia e Flávio Paiva. Andréia, é jornalista com quem tive o prazer de trabalhar nos primórdios da Rádio Extra,
Passado um tempo, a aeromoça se dirige aos dois, munida com um olhar fuzilador de reprovação voltado para Flávio. Perguntou ao menino se ele conhecia MESMO o homem da capa da revista: – Claro que conheço o Nóbrega!, disse a criança. O olhar ameaçador ganhou as seguintes palavras nos lábios da aeromoça: - O senhor não tem vergonha de deixar um menino desta idade assistir TV até tarde, não? E logo a Praça é Nossa?
Foi então que pai e filho entenderam tudo. A aeromoça não se deu ao trabalho de ler a reportagem que ilustrava a capa da revista da sua empresa. Se não, pelo menos ficaria intrigada com o texto comemorativo sobre os 100 anos do Frevo. Só conseguia imaginar que o Nóbrega da revista – apesar da foto mostrar o contrário – era Carlos Alberto de Nóbrega, humorista do SBT. Flávio e seu filho se entreolharam e guardaram um sorriso no olhar. Sorriso que aflorou novamente ao cruzar com a moça no desembarque. Ela, de fato, não conhecia nenhum dos Nóbregas desta história. E apesar da aeronave em solo, ela – a moça – provavelmente ainda estava com a cabeça nas nuvens.