R-No contexto da minha obra, este livro representa uma mudança. É um livro que, mantendo embora as dimensões principais em que se move a minha poesia (uma dimensão mais reflexiva e uma dimensão mais ligada ao quotidiano), tem uma estrutura mais livre, cruza sequências com conjuntos de poemas, usa a prosa e a poesia, serve-se da rima de forma mais assumida… Posso dizer que perdi alguns medos neste livro.
2-Qual a ideia que esteve na origem do livro?
R-A ideia surgiu a partir de um poema que se chama “Entre dois rios e muitas noites”. Ao retomar esse título e dele partir para o título do livro, Entre dois rios e outras noites, tentei juntar o que não é normalmente juntável: o espaço e o tempo, na medida em que rios e noites são transformadas em dimensões equivalentes. Rosa Maria Martelo, na apresentação que fez do livro, diz que ele desenvolve a ideia de “relação”. E fala também em “magia”. Penso que essa é uma forma notável para o descrever. Quis falar das coisas que nos fazem mais humanos: os afectos, o desejo de justiça, a solidão, a falta de harmonia, mas também a admirável justeza que pode ser a nossa.
3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R-Neste momento, estou a trabalhar em ficção. Num livro que recolhe textos mais antigos e incorpora textos novos. Será um romance? Uma colectânea de contos? Não sei. Acho que pode ser um romance.
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Ana Luísa Amaral
Entre Dois Rios e Outras Noites
Campo das Letras, 10,50€
(Grande Prémio de Poesia da APE/2008)
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