Para que se chegue a um muito interessante resultado (a discussão sem grandes preconceitos), Raf Valvola Scelsi vai perguntando, e António Negri procura os caminhos que poderão levar a respostas. Não saem daqui conclusões, juízos definitivos, a chave de tudo. O que fica é a análise, a partir dos dados que o perguntador naturalmente introduz, e dos elementos que o respondente junta, revolve, imagina. Podemos, depois de tudo, continuar a perguntar, e a responder, porque o mundo é mesmo assim.
Vejamos: Por que caiu o muro de Berlim, ou seja, por que ruiu o socialismo real? Pois Negri, na primeira tirada, recordando a alegria (as alegrias) de tanta gente, acaba com outra questão: qual a razão para uma economia planificada e uma sociedade socialista não conseguiram determinar e manter uma aceitação duradoura. Ao que lhe é perguntado, o que é na realidade uma economia planificada. E ele explica que é de qualquer modo uma economia capitalista, “isto é, uma economia com fins lucrativos”. Parece contradição, provocação, mas ele dá seu ponto de vista.
Para que se veja, aí temos o problema actual do alastramento da precariedade do trabalho, da dessindicalização, da exigência da redistribuição da riqueza. Negri tem que se diga: a mudança da estratificação social não se dirige para a classe média, pelo contrário amplia o proletariado, atribuindo-lhe funções produtivas antes típicas da classe média. E, acentua, a esquerda não está a ver isto, defende antigas estratificações sociais, avança políticas de aliança com estratos médios. Errado, diz ele. E polémico quanto baste.
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António Negri, com Raf Valvola Scelsi
Adeus, Sr. Socialismo – Que futuro para a esquerda?
Âmbar, 20,00€
sábado, 24 de maio de 2008
O socialismo que o capital dá
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