Na Biblioteca Municipal de Montemor-o-Novo, convidaram-se miúdos e graúdos a construir a par esculturas com livros. A Célia, animadora, conta como foi.
«Quem ainda não pensou que com um livro se pode fazer mil e uma coisas… e que para além de ser um amigo, é daqueles objectos que apresenta mil e uma vantagens. Para além de não sujar a alcatifa, de ser fácil de arrumar, de poder ser folheado e de não pagar imposto por se ler, ou não se ler… a verdade é que com um livro se pode tudo, inclusive, BRINCAR… Demos uma espreitadela ao site da Fundação Calouste Gulbenkian, onde nos despertou a atenção o projecto Book Cell e a estrutura arquitectónica de Matej Krén. Resolvemos então adaptar esta belíssima obra de arte à realidade da nossa Biblioteca.
Desta forma, o grupo de animação da área infanto-juvenil promoveu a semana “Esculturas com livros”, na semana de 18 a 22 de Dezembro de 2006.
As férias escolares estavam prestes a começar e havia que divulgar a
iniciativa o quanto antes. O folheto da Biblioteca e a agenda cultural divulgaram a iniciativa. Esta destinava-se a adultos, desde que se fizessem acompanhar por crianças. Seria uma actividade para ser feita em conjunto com pais e filhos, avós e netos ou outros. As inscrições eram espontâneas, sem marcação prévia.
Seleccionaram-se os livros que se encontravam em depósito. Eram livros de edições antigas, de dimensões variadas, de géneros literários diferentes (dos clássicos à BD), de autores estrangeiros e portugueses. De início, estávamos bastantes apreensivos quanto à receptividade desta actividade e com a certeza de que os 400 livros do depósito seriam a matéria-prima mais que suficiente para a realização da actividade durante toda a semana.
A primeira reacção ao nome da actividade suscitou nos utilizadores mais frequentes da nossa área infanto-juvenil, uma sensação de estranheza, mas ao mesmo tempo, de desafio. Fazer esculturas com livros? Isso é possível? Também se pode fazer esculturas com livros? Foram este tipo de questões que os utilizadores nos colocaram. Depois de explicarmos a actividade, os nossos “escultores” puseram mãos à obra e lá tentaram construir uma escultura…
A iniciativa não podia ter corrido melhor. Só no primeiro dia esgotámos quase todos os livros do depósito e ainda havia mais quatro dias com a iniciativa.
A única opção foi a recolha e selecção de livros que estariam na sala de leitura, em acesso livre. A escolha incidiu nos clássicos da literatura infantil, em livros de autores portugueses e estrangeiros mas contemporâneos.
Depois de construída a escultura, os “escultores de livros” preencheram uma pequena ficha que a acompanhava, dando-lhe um nome e registando a identificação do escultor. Os participantes tinham idades compreendidas entre os 8 e os 15 anos.
No dia 22 de Dezembro, todos os utilizadores, participantes e não participantes na iniciativa, puderam visitar a exposição de esculturas.
Os escultores inscritos no atelier puderam assim brincar e conhecer livros, desmistificando a ideia antiga de que o livro é um objecto quase sagrado, inatingível e de difícil acesso. Muitos dos participantes manusearam livros que até à data eram desconhecidos e que começaram a fazer parte das suas escolhas. O sucesso desta actividade foi comprovado pelas quarenta e nove esculturas construídas e pelos sessenta e três participantes.
O grupo de animação da área infanto-juvenil
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