domingo, 18 de maio de 2008

O Reiki, a Terapia Vibracional Integrativa e outros tratamentos complementares, O enfoque da espiritologia universalista e holonômica: Adilson Marques

Introdução
“As comunicações instrutivas são as comunicações
sérias que têm por objetivo principal um ensinamento
qualquer, dado pelos Espíritos, sobre as ciências, a
moral, a filosofia, etc. Elas são mais ou menos
profundas segundo o grau de elevação e de desmaterialização
do Espírito. Para retirar dessas
comunicações um fruto real, é preciso que sejam
regulares e continuadas com perseverança. (...) É
apenas pela regularidade e freqüência dessas
comunicações que se pode apreciar o valor moral e
intelectual dos Espíritos com os quais se conversa e o
grau de confiança que merecem.
O Livro dos Médiuns, capítulo X.
Em 1857, Allan Kardec publicava O Livro dos Espíritos,
obra que trazia uma série de questões formuladas aos seres
incorpóreos (desencarnados) e suas respectivas respostas. Esse
trabalho pioneiro de história oral e transcendentalismo, ou seja,
de entrevista com os Espíritos, deu origem à Doutrina espírita
(dos Espíritos) ou, simplesmente, Espiritismo.
O neologismo espírita se referia às manifestações dos
Espíritos. Assim, podia-se falar em “arte espírita” quando se
constatava que um Espírito, através de um médium, pintava
quadros, escrevia poesias etc. Com o passar do tempo e,
particularmente, no Brasil, a Doutrina espírita virou religião. E,
como toda religião, atraiu fanáticos e irracionais seguidores. A
experimentação e o intercâmbio saudável com os Espíritos foram
trocados pela paranóia em distinguir o que é “doutrinário” e o
que não é “doutrinário” no intercâmbio mediúnico.
Por exemplo, em técnicas mediúnicas como a Apometria,
codificada pelo médico brasileiro José Lacerda, temos
manifestações espíritas, ou seja, de Espíritos; mas não é uma
técnica aceita pela maioria dos que se rotulam como “espíritas”.
Outros “espíritas” chamam de “mistificação” a informação de
que possuímos sete dimensões energéticas ou corpos sutis, pois
Kardec só escreveu que existem três: o físico, o perispírito e o
Espírito, como se tais informações fossem contraditórias e não
complementares; e temos também aqueles que não aceitam de
forma alguma que no trabalho mediúnico chamado por eles de
“espiritismo” se manifestem Espíritos na forma de índios ou de
ex-escravos (os chamados pretos-velhos).
Porém, apesar de fortemente arraigado ao eurocentrismo
e ao positivismo do século XIX, Kardec tinha uma compreensão
muito mais ampla do que seria o Espiritismo. Por exemplo, na
revista espírita de abril de 1858, Kardec entrevista um Espírito
que viveu a personalidade de um antigo paxá no Egito, chamado
Méhémet-Ali. Em determinado momento da entrevista, Kardec
pergunta ao Espírito: “os sacerdotes do antigo Egito tinham
conhecimento da Doutrina Espírita?” E a resposta do Espírito
foi a seguinte: “era a deles”. Ou seja, para Kardec fazer essa
pergunta ou ele tinha uma concepção de “doutrina espírita”
muito mais ampla que a dos “espíritas” atuais ou quis fazer uma
“pegadinha” com o Espírito, algo pouco provável. Poderíamos
usar outros exemplos, como o da revista espírita de janeiro de
1864, no qual Kardec afirma que santo Atanásio era espírita sem
saber. Ou seja, o patriarca de Alexandria, um dos responsáveis
pela Igreja Grega, que viveu no século IV da era cristã foi
chamado de “espírita” por Kardec apenas pelo fato de afirmar
que a alma sobrevive à morte física.
Atualmente, o senso comum, e muitos que se dizem
“espíritas”, acreditam que só pode ser chamado de “espiritismo”
a religião mediúnica praticada nos chamados “centros espíritas”.
Esse é um ledo engano que precisa ser esclarecido. Hoje em
dia, a maior parte dos “centros espíritas” pratica formas distintas
de mediunismo, não importando se é através do passe, da água
fluidificada, da conversa com Espíritos, da psicografia ou até da
cirurgia espiritual. Porém, são raros os que praticam o
Espiritismo no sentido proposto por Kardec, ou seja, realizando
a ciência espírita (Espiritologia) ou vivenciando os ensinamentos
que formam sua filosofia.
Todas as práticas apresentadas acima são “manifestações
espíritas”, na linguagem de Kardec, mas não, necessariamente,
Espiritismo. Uma cirurgia espiritual, enquanto “fato espírita”,
tem o mesmo valor que uma “mesa girante” e o diálogo com
um “preto-velho”. Por isso, o Espiritismo, no sentido kardequiano,
estuda todas essas manifestações espíritas. Sobre essa
questão, encontramos na introdução de O Livro dos Espíritos
uma frase esclarecedora: “a ciência espírita compreende duas
partes: uma experimental, sobre as manifestações em geral, outra
filosófica, sobre as manifestações inteligentes.” E vai além, “o
estudo do espiritismo é imenso, toca em todas as questões da
metafísica e da ordem social, e é todo um mundo que se abre
diante de nós”. Assim, dizer que há “elementos estranhos ao
espiritismo” é mostrar total desconhecimento em relação à obra
de Allan Kardec. Porém, como já salientamos, e vamos reforçar
ao longo desse livro, para não confundirmos mais a Ciência
espírita com a Doutrina espírita, chamaremos a primeira de
Espiritologia, deixando o termo Espiritismo apenas para a
segunda, lembrando, também, que nem tudo o que acontece
em um centro espírita tem relação com o Espiritismo, mas são
manifestações mediúnicas, ou seja, espíritas.
No atual contexto histórico, o espiritólogo não se forma
na Universidade. Ele é um autodidata, um livre pensador que
coloca em prática o método criado por Kardec. Assim, o
espiritólogo estuda todas as manifestações mediúnicas que
acontecem nos chamados “centros espíritas”, como em outros
locais, por exemplo, os chamados “terreiros de Umbanda” e os
diversos “espaços holísticos”. Por isso, não importa se a
espiritualidade que se manifesta em um centro opta em trabalhar
apenas com água fluidificada e passe (envio de energia através
das mãos) e, em outros, apóia que o grupo mediúnico use a
Apometria, técnica de tratamento espiritual e desobsessão criada
pelo médico brasileiro Dr. Lacerda. Também não importa se a
espiritualidade usa a cromoterapia ou faça cirurgias espirituais e
receite remédios homeopáticos através da psicografia. Nada disso
é a Espiritologia, apenas manifestações mediúnicas (espíritas),
porém, todas elas podem e devem ser estudadas pela
Espiritologia, ou seja, pela ciência espírita.
E como dissemos, até a manifestação espírita que ocorre
em um terreiro de umbanda é objeto de estudo da Espiritologia.
Obviamente que a Umbanda não se organiza e se pratica de
forma similar ao mediunismo dos “centros espíritas”. A
Umbanda possui uma integração com a natureza e uma arte
própria que necessita de uma outra organização, ou seja, de uma
específica psiconomia, mas não se pode dizer que a Umbanda
negue o Espiritismo (a filosofia espírita) ou que não seja uma
“manifestação espírita”. Em outras palavras, temos que
compreender que a Umbanda é um objeto de estudo
privilegiado para o cientista espírita, ou espiritólogo, assim como
também é a Transcomunicação Instrumental, a Apometria, o
REIKI etc., pois, como vimos acima, a ciência espírita estuda as
manifestações dos Espíritos em geral.
Feita essa pequena digressão, podemos afirmar que todas
as informações que compõe esse livro foram realizadas, como já
salientamos, através da consulta aos Espíritos, seguindo
rigorosamente o método criado por Kardec e exposto em O Livro
dos Médiuns. Não há, obviamente, a pretensão de dizer que tudo
o que os Espíritos dizem é a verdade absoluta. Somente os
ingênuos têm tamanha pretensão. Porém, não resta dúvida que
os Espíritos estão por todos os lugares. Uma pessoa sensitiva é
capaz de sentir a presença de Deus e dos Espíritos em todas as
coisas e se maravilhar, caso seja agraciado pelo Dom da vidência
(seja por mérito ou por prova), ao ver em uma igreja evangélica o
trabalho dos Espíritos dando passes nos freqüentadores, quando
estes oram e colocam as mãos em recipientes com água que os
pastores dizem que é para curar. Ou, ao adentrar em uma casa
holística que aplica REIKI, observar vários Espíritos protetores
utilizando a forma perispiritual de samurais, protegendo a entrada
do lugar, e uma equipe de médicos desencarnados utilizando
diferentes recursos de tratamento como fitoterapia, cromoterapia
etc., enquanto enfermeiros vestidos como monges fazem curativos
no perispírito dos pacientes.
Da mesma forma, em uma casa que pratica YOGA, um
vidente tem a oportunidade de observar vários Espíritos
volitando sobre coloridas almofadas e pulverizando nos
praticantes luzes coloridas (verdes, douradas, lilases etc.)
enquanto estes meditam. Sei de sensitivos que já presenciaram
até operações espirituais durante a prática de Hatha-YOGA,
realizadas de forma tão sutil que o praticante nem percebeu que
passou por uma cirurgia.
Quanta relação existe entre o mundo espiritual e o
material, ou quanta coisa existe entre o Céu e a Terra que nossa
vã filosofia não consegue compreender. Não foi à toa que Kardec
escreveu:
Ela (a ciência espírita) exige um estudo assíduo e,
freqüentemente, longo demais; não podendo provocar
os fatos, é preciso esperar que eles se apresentem e, no
geral, eles são conduzidos por circunstâncias das quais
nem ao menos se sonha. Para o observador atento e
paciente, os fatos se produzem em quantidade, porque
ele descobre milhares de nuanças características que
são, para ele, rasgos de luz. Assim o é nas ciências
vulgares; enquanto que o homem superficial não vê
numa flor senão uma forma elegante, o sábio nela
descobre tesouros pelo pensamento. (...) Portanto,
não nos enganemos, o estudo do Espiritismo é
imenso, toca em todas as questões da metafísica
e da ordem social, e é todo um mundo que se
abre diante de nós (LE, p. 32. Grifo meu).
Para Kardec não havia assunto que não poderia ser
pesquisado pelo Espiritismo, em sua dimensão científica.
Portanto, o cientista espírita (espiritólogo) possui uma infinidade
de temas para observar e estudar, compreendendo melhor
as ações que os Espíritos exercem tanto sobre o mundo moral
como sobre o mundo físico, pois eles agem sobre a matéria e
sobre o pensamento, constituindo-se, como afirmou Kardec,
em uma força da natureza. Assim, para a Espiritologia, não há
qualquer “fato espírita” que não possa ser observado e estudado,
ou seja, não existe “elemento estranho” à Espiritologia.
Em outras palavras, a Espiritologia é o estudo sistematizado
da ação dos Espíritos no mundo material ou de sua vida ativa
após a morte. Nesse sentido, a Espiritologia é uma das disciplinas
científicas que podem ajudar a explicar as curas que acontecem
durante um atendimento de REIKI, esclarecendo, através da
própria consulta aos Espíritos que atuam nessa prática
espiritualista, como é que eles manipulam a bioenergia
disponibilizada pelos atendentes e realizam as curas nos pacientes
que possuem merecimento, desconstruindo, assim, a teoria
vigente que afirma ser o desenho de um símbolo gráfico o
responsável pelas curas.
O fato de a Espiritologia ser capaz de criar uma teoria espírita
(ou dos Espíritos) sobre o REIKI, não quer dizer que essa técnica
precise ser praticada nos chamados “centros espíritas”, onde já se
pratica o “passe”, que é, na essência, a mesma coisa.
Os fundamentos da Espiritologia também podem ser
encontrados no livro Obras Póstumas de Kardec, no qual lemos:
• O elemento espiritual e o material são dois princípios,
duas forças vivas da natureza, complementando-se e
reagindo, incessantemente, uma sobre a outra. A missão
da ciência é o estudo das leis da matéria e o Espiritismo
(Espiritologia, em nosso caso), o estudo do elemento
espiritual em suas relações com o elemento
material (grifo meu).
• Sendo o elemento espiritual um estado ativo da
natureza, os fenômenos espíritas são tão naturais
quanto os que têm sua fonte na matéria neutra.
Com base nos argumentos acima oferecidos por Kardec,
podemos dizer que a Espiritologia é a ciência de observação e
análise dos fatos espíritas, ou seja, daqueles provocados pelos
Espíritos, não importando o seu grau de evolução.
Felizmente, as luzes da espiritualidade, nesse momento
de regeneração da Terra, estão intensas. Muitas correntes de
Espíritos agem nos bastidores da vida humanizada com brandura
e (co)movendo os corações para aliviar tantos sofrimentos e préconceitos
atávicos. E os Espíritos estão dispostos a espalhar ainda
mais suas luzes para aqueles que desejam recebê-las, ouvindo o
que eles têm para nos dizer. Compreender e divulgar esse
trabalho é a missão da Espiritologia neste limiar de século XXI,
ou de transição da Terra do estágio de “provas e expiações” para
o de “regeneração”.
As siglas que aparecem neste livro são referentes aos
seguintes livros:
LE – O Livro dos Espíritos. Araras/SP: IDE, 138a edição,
2002.
OE – O que é Espiritismo. Araras/SP: IDE, 33a edição,
1974.
LM – O Livro dos Médiuns. Araras/SP: IDE, 59a edição,
2001.
OP – Obras Póstumas. Araras/SP: IDE, 1a edição, 1993.
EE – O Evangelho segundo o Espiritismo. São Paulo:
Petit, 1997.
G – A Gênese. Araras/SP: IDE, 3a edição, 1992.

BAIXAR PDF

Nenhum comentário:

Postar um comentário