Memória apresentada pelo Dr. Baptista de Oliveira, na reunião de 22 de Outubro de 1941.
Senhores Congressistas:
Antes de entrar no desenvolvimento do estudo embora sumário, com que vos quis dar o testemunho dos
meus ,aplausos à vossa iniciativa realizando o 1º Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda, e ao mesmo
tempo, a minha cooperação à obra ingente que ides realizar num tão oportuno momento, - desejo chamar a
vossa atenção para duas das diferentes feições próprias da UMBANDA praticada no nosso meio:
1º - As tendências da linha.
2 º - A forma ritualística das práticas.
Não há nada que nos nos conduza, de modo tão seguro e preciso à natureza íntima de uma pessoa, como o
estudo das suas tendências, isto porque, sendo estas um efeito daquela, é fácil descer-se por seu conduto, à
natureza da causa.
As tendências de Umbanda, pelo menos na forma pela qual a vemos praticada no nosso meio, são francamente
para a magia e isto lhe denuncia as origens.
Todos esses atos e atitudes, todas essas situações e circunstâncias observadas na evolução de um terreiro, não
obstante a falta de uma seqüência lógica que lhes estabeleça um laço e lhes dê a precisa unidade, sem o que
lhes faltará a necessária força para atingir os colimados fins, todos esses atos e atitudes, dizia eu, nos fazem
pensar no ritual observado nos santuários antigos, nos templos de antanho, nos lugares onde os gênios das
civilizações que se foram praticavam a santa ciência dos elementos, evocando os princípios sob a proteção dos
deuses .
O modo mesmo inconsciente pelo qual, nos terreiros de Umbanda, em sua maioria, senão na sua totalidade
entre nós, se buscam os efeitos à revelia do conhecimento das causas, bem nos patenteia a doutrina dos
PEQUENOS MISTERIOS de todas as teogonias antigas, pois nos templos de iniciação das mesmas , não se
levavam os postulantes ao estudo e ao conhecimento das causas senão depois de se mostrarem cientes e
conscientes da natureza e do valor dos efeitos.
A prática seguida em todos os atos da Linha de Umbanda demonstra a existência embora ignorada, de uma
disciplina, de uma norma a que deve estar condicionada a obtenção dos fenômenos de qualquer natureza,
possíveis no âmbito material ou astral da sua ação.
Essas tendências de Umbanda para a magia tão manifestas no ritual embora precário, de que lançam mão os
praticantes, são tão evidentes que eu me dispenso de maiores demonstrações e de outros comentários para
apresentar a minha MEMORIA sob o pressuposto seguinte: UMBANDA É UM RITUAL.
Sua finalidade é o estudo e consequentemente a prática da magia. Quem nos poderá justificar uma afirmativa
em contrário ? Tudo nas práticas costumeiras de Umbanda mostra a sua irresistível tendência para a magia, da
terminologia que lhe é própria, à indumentária que se preconiza para as funções, das atitudes aconselhadas aos
circunstantes, aos banhos de descarga que se aplicam nos médiuns.
Os "pontos", riscados ou cantados, a "guia", a "marafa", o "defumador", o "ponteiro" e a ,"pemba" são
verdadeiros apetrechos de um arsenal de mago, rústicos é bem verdade, pela aspereza do acabamento e pelo
barbarismo da nomenclatura que lhes deram, mas tão expressivos como os exemplares reais por ele
representados.
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