quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

A Leitura em Portugal - avanços e recuos II

Sec. VIII na Europa:
Literatura:
As aventuras de Robinson Crosue, Defoe
As viagens de Gulliver, Swift
Jornais para crianças:
Inglaterra, Alemanha, Rússia, França, Espanha.
Novas orientações educativas:
Rousseau
Pestalozzi


«Entretanto, em Portugal, só para fins do século XVIII surge um acontecimento de interesse: a legislação pombalina para o ensino elementar, que está na raiz do ensino primário oficial e inclui a obrigação de um exame para professores; nos estudos, a língua portuguesa sobrepõe-se ao latim. Poucos anos antes, Verney tinha publicado O Verdadeiro Método de Estudar e defendera a difusão do ensino elementar em todas as classes e em todas as regiões.
(O alvará de Jullho de 1759) criava uma escola de gramática latina em cada um dos bairros de Lisboa e, ainda, uma ou duas em cada cidade e em algumas vilas, e instituía o lugar de Director Geral de Estudos. O alvará de Junho reconhece que, antes de compreender textos latinos e gregos, é preciso estudar gramática portuguesa.
Em 1761, Pombal funda o Colégio dos Nobres, consciente da necessidade de educar os futuros dirigentes do país e segundo recomendações de Verney e Ribeiro Sanches.»

Ia tudo tão bem...

Actividades para crianças na B.M.Sines

Para o mês de Fevereiro, a programação infantil da Biblioteca Municipal de Sines prevê uma actividade dirigida ao público das escolas (Hora do Conto); e duas para o público infantil em geral (Conta Contos e Peddy-papper). É uma forma de estimular os adultos a levar as suas crianças à Biblioteca. Não só os professores, mas também pais e avós, educadores ou animadores de ATLs.

HORA DO CONTO (para turmas, pré-escolar e 1º ciclo, segundo marcação)
Segundas-feiras: 10.30-12.00; terças-feiras: 16.00; quintas-feiras: 10.00-12.00

Lenda do Rio da Moura encantada
As Lendas da Nossa terra vamos continuar a contar, partilhar conhecimento nesta brincadeira de rimar.
No tempo em que para estas bandas, princesas mouras habitaram, histórias de amor e desamor nos deixaram.
Na nossa Hora do Conto, venham connosco encantar-se, ouvir, fantasiar… rimar e sonhar…!!!
Adaptação - Ana Simões

CONTA CONTOS
(crianças entre os 7/8 anos, segundo marcação prévia)
Quartas-feiras: 10.30-11.30 e 14.30-16.30 horas

Leitura do conto A Menina Gigante de Manuel Jorge Marmelo e Maria Miguel Marmelo, com actividades complementares.

“Esqueçam por instantes todas as histórias tristes com final feliz que leram e ouviram antes desta. Esqueça, por favor, os patinhos feios, as princesas mal amadas, as meninas ameaçadas por lobos terríveis...
Esqueçam tudo isso, porque esta é uma história de verdade, sobre uma menina que talvez esteja sentada ao vosso lado, na escola, ou baloiçando, para lá e para cá, no baloiço desse parque onde agora tu estás.
Esta é a história de Ana Grande."

BUSCA LIVROS – Peddy-Paper no sector Infanto/Juvenil
(crianças entre os 8 e os 10 anos, segundo marcação prévia)
2,8,9,15,16,22 e 23 de Fevereiro
10.30 e 14.30 horas

Será um livro apenas um amontoado de palavras? Será a Biblioteca um espaço cinzento? Ou um arco-íris colorido repleto de aventuras?
Queres entrar numa viagem mágica entre livros e papelada? Percorrer livro a livro à procura de novas leituras, de novos heróis, de novos mundos? Entra nesta aventura com os teus amigos e vem descobrir os tesouros que te reservam os livros…

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

A leitura em Portugal - avanços e recuos I

A partir da leitura do livro de Natércia Rocha, Breve História da Literatura para Crianças em Portugal.

1º momento de impulsionamento para a leitura: o livro impresso

«O livro impresso vai conceder às fábulas uma enorme expansão; o seu papel junto das crianças é susceptível de criar polémica, mas a sua presença torna-se uma constante.»

1º momento político de inibição da leitura:

«Entretanto, actua a Inquisição; dá-se a proibição ou amputação de obras - entre elas contam-se algumas de Gil Vicente. Nenhum livro pode sair sem obter licença do Santo Ofício, do clero da diocese e do Paço.»

Permutas de professores

A prof. Manuela Caeiro (nuvem alta) mandou-me um email a informar-me de que há um site criado por professores para que possam oferecer-se para permutar de região com outros, quando colocados. Este site, que já visitei, contém já uma lista de possibilidades. A permuta está consignada na portaria 622-A/92 de 30 de Junho, e prevê a troca entre professores que se encontrem em quadro de zona pedagógica ou quadro de escola. No entanto, há já algumas informações acerca da situação dos professores contratados. No site pode igualmente encontrar-se a minuta a preencher pelos dois requerentes da permuta.
Esta iniciativa poderá contribuir para uma diminuição das deslocalizações frequentes, partindo da própria dinâmica e interesses particulares dos professores. Parece-me uma excelente ideia e um sinal muito positivo de quem faz mais por si e pelos outros, usando as armas possíveis e disponíveis para exercer a sua profissão nas melhores condições. Com iniciativas deste género, os professores ganham poder enquanto classe, e tornam as suas reivindicações mais responsáveis, porque participam activamente na resolução dos seus problemas.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Livros que foram prenda... e outras prendas


Para Groucho, este será o ano da toupeira, aquele em que uma das recomendações de ano novo se prende com a regularização da flora intestinal. Ora a escolha literária é das melhores, só não sei como interpretá-la. Se me cingir ao tema, puro e duro, pressinto um ano com determinadas características... Já se pensar na estrutura narrativa...
Uma situação inicial (hybris) que obriga a toupeira, o nosso herói, a violar a ordem estabelecida e a desafiar os poderes instituídos. Com algum pathos (mas não muito, porque a história não é trágica), a nossa toupeira empreende uma missão extremamente penosa, contra a injustiça. Agón não há, porque vivemos numa sociedade pós-moderna, e a peripécia foi ligeiramente subvertida desde Aristóteles. Digamos que, neste caso, a peripécia se define apenas como uma sequência de situações a que poderíamos chamar aventuras, cada uma sempre frustrante, com a mesma cadência, o que não contraria a tese do filósofo, mas não a cumpre tragicamente. Mas o grande momento desta narrativa está no desenlace, pois claro! A anagnórise, ou reconhecimento, é mais ao estilo de Sherlock Holmes do que do romeiro em Frei Luís de Sousa, ou de Ulisses (quando é reconhecido pelo cão ou pela aia), mas não deixa de ser um reconhecimento, que acontece a par da última peripécia.
E finalmente... a Katharsis (catarse), em que a nossa toupeira liberta e purifica as suas emoções e paixões, para terror de alguém... Um belíssimo final!
Resta acrescentar que esta mesma história infantil poderia ser lida à imagem do marxismo, ou até do género policial. Agora, pensando em Grouxo Marx...

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Semana do Livro Infantil de Barcelona

De 26 de Janeiro a 4 de Fevereiro, decorre em Barcelona a Semana Internacional do Livro Infantil, dedicada ao tema «Ler leva-nos longe».
A participação portuguesa, promovida pelo IPLB, integra este ano a presença de 184 obras escritas e ilustradas por autores portugueses. Entre estes títulos, 24 estão publicados em Espanha e quatro foram traduzidos para inglês.
André Letria, Marta Torrão, Henrique Cayatte, Danuta Wojciechowska, Gémeo Luís, Teresa Lima, Alain Corbel, João Fazenda, Fernanda Fragateiro e Carla Pott, alguns deles já distinguidos pelo IPLB no âmbito do Prémio Nacional de Ilustração, são alguns dos ilustradores e desenhistas com obras presentes em Barcelona.
Para além da exposição das obras, o IPLB organizou também conferências e ateliers de autores.
Esta iniciativa decorre no Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona e é organizada pelo Instituto Goethe da cidade catalã e pela Feira do Livro de Frankfurt.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Projecto Gutenberg em português

O Projecto Gutenberg dedica-se a produzir livros electrónicos de forma gratuita. Em vários países, e várias línguas, as pessoas podem voluntariar-se para rever livros, para os gravar em DVD, para dar voz audio ao texto, entre outras necessidades enumeradas na página.
Em português podemos encontrar totalmente disponível O Livro de Mágoas, de Florbela Espanca, Os meus amores, de Trindade Coelho, Lendas e Narrativas, de Alexandre Herculano, Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco, Chronica de el-rei D. Pedro I, de Fernão Lopes; Os Lusíadas...
Podem ser feitos download destas obras para que possam ser lidas no computador, mas igualmente num telemóvel ou PDA.
Apesar dos temores que rodeiam os e-books e as inovações tecnológicas que virtualizam o livro, poder ter disponível de forma totalmente gratuíta, um livro de que se precisa, é um passo de gigante. Para pesquisas várias, para matar curiosidades, para conhecer o estilo do autor, para passar o tempo... Mais leitura.
Eis o site, para plenas descobertas:
http://www.gutenberg.org/wiki/PT_Principal

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Leituras

Breve História da Literatura para Crianças em Portugal

Natércia Rocha
Caminho

A tradição oral: leitura colectiva e leitura individual

«O ouvinte entregava-se à história em situação de grupo; a versão final da história, na imaginação de cada indivíduo, nascia da fusão das participações cumulativas dos elemntos do grupo sobre a proposta do narrador. O ouvinte recebia a história tanto pelo seu sentir como pelo sentir dos outros, presos como ele ao fio desenrolado pelo narrador, pela leitura proposta por sugestões esboçadas na expressão facial, no ritmo e na sonoridade das palavras, na convicção transmitida. A leitura individual do contador de histórias fundia-se com a leitura colectiva e atingia-se por fim a interiorização em cada ouvinte, marcada pelas próprias condições do indivíduo receptor. Processo complexo que condiciona certos fenómenos como, por exemplo, a aceitação do terror quando partilhado. A existência do grupo tornava prazer o que poderia ser angústia em situação de isolamento.»

do 1º cap., "A relação criança/livro", p. 23

Fevereiro na BM Sines é tempo de memória

O tema do próximo mês, na Biblioteca Municipal de Sines, é o Holocausto.

Exposição
Aristides de Sousa Mendes, A Coragem da Tolerância
(átrio e sector de adultos)
8 a 28 de Fevereiro

Conferência/Debate
Judeus em Portugal Fugindo de Hitler e do Holocausto, por Irene Pimentel
a partir do livro da autora Judeus em Portugal durante a 2ª Guerra Mundial
Cafetaria
8 de Fevereiro, quinta-feira, 21h30


Filme
A Lista de Schindler
Cafetaria
14 de Fevereiro, quarta-feira, 18h

Leituras Encenadas
Poemas e Textos sobre O Holocausto (excertos do julgamento do processo de Frankfurt; poemas de Paul Celán)
Intérpretes: Teatro do Rio
Cafetaria
23 de Fevereiro, sexta-feira, 22h

domingo, 21 de janeiro de 2007

Três ideias simples

Para professores do 1º ciclo e educadores do pré-escolar, ficam as súmulas de duas histórias que Beatrice Alemagna criou e ilustrou. "O menino distraído" tem texto de Gianni Rodari. A partir daqui podem ser trabalhadas as personagens, as descrições, os universos simbólicos, as mensagens possíveis, através da narração oral ou do desenho, envolvendo a turma na sua totalidade ou em grupos, partindo da mesma história ou de histórias diferentes. O ideal seria uma visita à exposição, em seguida. Mas o tempo já é um pouco curto...

Três ideias simples I


Três ideias simples II


Três ideias simples III




A ilustração de Beatrice Alemagna



Ontem fomos ao Barreiro, ao Auditório Municipal Augusto Cabrita, ver a exposição de ilustração de Beatrice Alemagna. "Os Sonhos de Beatrice" mostram mundos especiais, com crianças distraídas ou transparentes, com seres sem nome, com animais curiosos. A simplicidade do texto interage com as colagens, o desenho e a cor, que nos transportam por imagens novas de locais conhecidos. O olhar de Beatrice cria, através da sua técnica, universos leves e carinhosos, em que o onírico não é apenas alegre. A emoção não se pretende superficial, mas sim intensa de amor, desilusão, expectativa, medo, espanto, felicidade.
Os livros (edição francesa), na sua maioria com texto da autora, podem igualmente ser folheados na exposição.
Para visitar até 31 de Janeiro, entre as 15h e as 20h.


Beatrice Alemagna ilustrou Os dois corvos, de Aldous Huxley que está editado em Portugal (D. Quixote) com tradução de Luísa Costa Gomes.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Ler a infância com olhos de adulta

Quando estivemos em Sines, com a acção A arte da leitura de pais para filhos, estive a reler Lote 12, 2º fte, da Alice Vieira. Foi o meu livro preferido durante anos. A sensação foi bastante estranha, porque foi como se estivesse em frente a um espelho a ver-me. Identifiquei-me de tal forma com o livro que questionei-me se esta minha nova leitura de adulta estava a condicionar uma interpretação não comprometida do texto, ou se pelo contrário, aquele livro teria sido responsável por grande parte das imagens mentais que fui tendo e aprofundando. Questões como a rotina familiar, as opiniões políticas, as angústias da jovem Mariana, a sua relação com o espaço...
Não quero fazer associações primárias mas gostava de confirmar que relação têm os adultos com livros que os tenham marcado profundamente quando eram crianças ou pré-adolescentes e que não tenham voltado a reler até à idade adulta. Creio até que as conclusões poderiam ser úteis para a Promoção da Leitura. É um desafio que deixo.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

O que se pode fazer numa Biblioteca Escolar

Descobri o Clube de Leitura da Escola Secundária de Paredes. Aqui, podemos encontrar as regras do clube, retiradas do livro de Daniel Pennac, Como um romance (Asa); os regulamentos, livros propostos (oferecidos por professores e alunos) e até as preferências dos jovens leitores. Não sei como nasceu a ideia ou como foi posta em prática, mas parece-me uma excelente forma de dinamizar uma biblioteca escolar, com a participação de todos. Vale a pena espreitar a página na net para acompanhar o projecto.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

"Outras escolas, outras pedagogias", em Sines

Depois da apresentação do último livro de Urbano Tavares Rodrigues, pelo autor, em mais um encontro de Os livros à volta da mesa, no último sábado, a Biblioteca Municipal de Sines acolhe na próxima 5ª feira, dia 18, uma conferência/debate subordinada ao tema da educação. Estarão presentes dois professores universitários da área da História que apresentarão dados e refletirão sobre dois casos particulares no universo da história da educação e da pedagogia: o papel das mulheres e as escolas liberais.


Assim:

A Luta das Mulheres: a Educação, pela Dr.ª Alice Samara
Escolas Liberais e Sindicais na República, pelo Prof. Doutor Joaquim Pintassilgo

A partir das 21h30, pode beber um café na Cafetaria da Biblioteca enquanto ouve as Conferências. Se enteder, poderá conversar com os intervenientes, colocar questões, esclarecer dúvidas.


segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Da leitura e dos afectos - uma conclusão possível

Quando entramos em Bibliotecas Públicas para apresentar um atelier de promoção da leitura encontramos habitualmente espaços bem construídos, bem equipados e acessíveis aos diversos públicos que os frequentam.
Chegam os alunos. O primeiro contacto confirma as dúvidas de quem vai à Biblioteca para experimentar letras, palavras, leituras. Passados alguns minutos, depois de uma breve apresentação, o “gelo” inicial quebra-se e deparamo-nos com um exército de crianças ávidas de descoberta.
Começamos a trabalhar os livros que nos acompanham. Primeiro, lemos os títulos e pedimos a cada aluno para votar no mais sugestivo. Em seguida, mostramos as capas e algumas páginas, para que tomem contacto com o miolo, com o tipo de letra, com a presença, ou não, de ilustrações. Inicia-se a segunda votação e surgem as primeiras surpresas. Os resultados diferem. A terceira etapa passa por uma apresentação de cada obra. Falamos da história, das personagens, do espaço onde decorre a acção e, em conjunto, promovemos o envolvimento de cada um pela proposta de leitura que sugerimos, pela descoberta de novas realidades, de espaços desconhecidos. Realizada a terceira votação, apresenta-se o livro mais votado.
Percebe-se então que cada elemento apresentado funciona de forma autónoma. O resto, a escolha de cada um, já depende das experiências acumuladas, do grau de contacto com o livro, dos interesses de cada leitor. O que surpreende, na maioria dos casos, é a incapacidade que algumas crianças demonstram quando lhes é pedido que deixem funcionar a imaginação, que se deixem levar pelo desconhecido. O confronto com a necessidade de adaptação ao mundo real apaga esse lado de fantasia e liberdade. Uma constatação cruel, mas real. O espaço da infância acaba cedo.
Quando o atelier termina, alguns alunos correm para o espaço infanto-juvenil para requisitar um livro, procurando novos caminhos.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Esculturas com Livros em Montemor

Na Biblioteca Municipal de Montemor-o-Novo, convidaram-se miúdos e graúdos a construir a par esculturas com livros. A Célia, animadora, conta como foi.
«Quem ainda não pensou que com um livro se pode fazer mil e uma coisas… e que para além de ser um amigo, é daqueles objectos que apresenta mil e uma vantagens. Para além de não sujar a alcatifa, de ser fácil de arrumar, de poder ser folheado e de não pagar imposto por se ler, ou não se ler… a verdade é que com um livro se pode tudo, inclusive, BRINCAR… Demos uma espreitadela ao site da Fundação Calouste Gulbenkian, onde nos despertou a atenção o projecto Book Cell e a estrutura arquitectónica de Matej Krén. Resolvemos então adaptar esta belíssima obra de arte à realidade da nossa Biblioteca.
Desta forma, o grupo de animação da área infanto-juvenil promoveu a semana “Esculturas com livros”, na semana de 18 a 22 de Dezembro de 2006.
As férias escolares estavam prestes a começar e havia que divulgar a iniciativa o quanto antes. O folheto da Biblioteca e a agenda cultural divulgaram a iniciativa. Esta destinava-se a adultos, desde que se fizessem acompanhar por crianças. Seria uma actividade para ser feita em conjunto com pais e filhos, avós e netos ou outros. As inscrições eram espontâneas, sem marcação prévia.
Seleccionaram-se os livros que se encontravam em depósito. Eram livros de edições antigas, de dimensões variadas, de géneros literários diferentes (dos clássicos à BD), de autores estrangeiros e portugueses. De início, estávamos bastantes apreensivos quanto à receptividade desta actividade e com a certeza de que os 400 livros do depósito seriam a matéria-prima mais que suficiente para a realização da actividade durante toda a semana.
A primeira reacção ao nome da actividade suscitou nos utilizadores mais frequentes da nossa área infanto-juvenil, uma sensação de estranheza, mas ao mesmo tempo, de desafio. Fazer esculturas com livros? Isso é possível? Também se pode fazer esculturas com livros? Foram este tipo de questões que os utilizadores nos colocaram. Depois de explicarmos a actividade, os nossos “escultores” puseram mãos à obra e lá tentaram construir uma escultura…
A iniciativa não podia ter corrido melhor. Só no primeiro dia esgotámos quase todos os livros do depósito e ainda havia mais quatro dias com a iniciativa.
A única opção foi a recolha e selecção de livros que estariam na sala de leitura, em acesso livre. A escolha incidiu nos clássicos da literatura infantil, em livros de autores portugueses e estrangeiros mas contemporâneos.
Depois de construída a escultura, os “escultores de livros” preencheram uma pequena ficha que a acompanhava, dando-lhe um nome e registando a identificação do escultor. Os participantes tinham idades compreendidas entre os 8 e os 15 anos.
No dia 22 de Dezembro, todos os utilizadores, participantes e não participantes na iniciativa, puderam visitar a exposição de esculturas.
Os escultores inscritos no atelier puderam assim brincar e conhecer livros, desmistificando a ideia antiga de que o livro é um objecto quase sagrado, inatingível e de difícil acesso. Muitos dos participantes manusearam livros que até à data eram desconhecidos e que começaram a fazer parte das suas escolhas. O sucesso desta actividade foi comprovado pelas quarenta e nove esculturas construídas e pelos sessenta e três participantes.
O grupo de animação da área infanto-juvenil
Biblioteca Municipal Almeida Faria »
Montemor-o-Novo

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Oportunidades de escrever sobre livros, só para jovens!



A revista Os meus livros conta, a partir do número de Janeiro, com a colaboração de jovens críticos. Todos os adolescentes até aos 18 anos podem participar, enviando para a revista uma opinião sobre o livro que mais os tenha marcado. Cada texto tem de ter entre 2500 e 3000 caracteres, e caberá à redacção a escolha da melhor proposta de leitura para cada mês.
Esta iniciativa dá voz aos próprios leitores e permite aos adultos interessados (professores, pais, bibliotecários, animadores, etc...) acompanhar tendências e percepcionar aspectos importantes na escolha dos livros pelos jovens.
Também os professores, principalmente os que leccionam português no ensino secundário, poderão usar esta iniciativa como incentivo ao trabalho sobre o texto argumentativo e expositivo. Inclusivamente, poder-se-ão escrever críticas colectivas, ou até fazer concursos internos nas escolas, com o apoio da biblioteca escolar, seleccionando os melhores dez, que serão enviados para a revista.
Outra possibilidade ainda é a de realizar grelhas sobre os livros preferidos, com citações, referências ao momento mais interessante da história, personagem preferida, o aspecto menos positivo, o que acham do final... Essas grelhas podem funcionar como elemento congregador de opiniões entre alunos que nem se conhecem, e estimular outros colegas a ler um ou outro livro a partir dos elementos escolhidos pelos diversos leitores.
A escrita não pode ser produzida em vão, pelo menos não sempre, porque os alunos ficam naturalmente desmotivados. Uma oportunidade como esta deve e pode ser aproveitada de inúmeras formas.



segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Conselhos para pais em V. Franca de Xira



No balcão central da Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira estão à disposição de quem passa vários folhetos informativos. Um deles chamou-me particularmente a atenção: são algumas directrizes para os pais acompanharem e promoverem a leitura junto dos seus filhos.

domingo, 7 de janeiro de 2007

Miffy e Gémeo Luís, ou algumas questões sobre ilustração

Estive na 6ª feira na Fnac do Chiado, onde fui buscar o Ssschlep!, do Eugénio Roda (texto) e do Gémeo Luís (ilustração), que tinha reservado para uma última prenda de Natal. Depois de cumprida esta tarefa pude ler o livro com calma, sentada na secção infanto-juvenil. Ssschlep! é uma história sobre um menino que não come a sopa, e altera o seu comportamento a partir de uma preciosa informação que recebe dos pais. As ilustrações são, como sempre, muito especiais. O preto traça e preenche as figuras que vão ganhando vida e movimento a cada nova página, aproximando-se, tocando-se, fundindo-se entre si. Neste caso, o mini cosmos do lugar à mesa torna-se o centro de todas as experiências que envolvem o menino, a mesa, o prato, a colher e a sopa.
Quando acabei de ler o livro, percorri, como é hábito, as estantes da secção. Eis senão quando me deparo com os pequenos livrinhos da Miffy, a coelha, de quem me lembro de leituras de tenra idade (aquelas em que ainda se lê apenas com a imaginação). O traço curvo era (ainda é) perfeito, a preto, cheio de laranja, azul, vermelho, amarelo ou verde. Apesar da simplicidade dos desenhos, com poucos elementos, estes livrinhos davam-me um prazer que hoje recordo mas não consigo descrever.
Gémeo Luís ou Miffy? Ruptura ou tradição na ilustração?
Será que qualquer tipo de ilustração é útil à leitura? Deveria haver limites para o não-representativo? Será que a principal razão de ser da ilustração para crianças deverá continuar a ser complementar, exemplificar a narrativa?
Creio que a arte, quer se dirija a crianças, quer a adultos, não deve ser pensada em função da sua recepção, do seu efeito, da sua utilidade. É evidente que há ilustrações mais acessíveis que outras, mais óbvias, mesmo que não sejam representativas. É evidente que cada criança, misteriosamente, se afeiçoa a imagens, a livros, sem que saibamos porquê, porque não há uma lógica intrínseca à escolha. O mais importante é, na minha opinião, que a criança contacte com diversas imagens, diversas técnicas, diversos tons e cores, diversas abordagens a elementos que reconhece, e elementos para os quais não encontra correspondência. A ilustração e a música, serão os primeiros discursos simbólicos com que a criança contacta. O desenvolvimento da sua criatividade, do seu sentido estético e crítico passam por um convívio curioso mas pacífico com o que não se percebe, com o que não se consegue arrumar ou catalogar segundo uma ordem lógica; a par do representativo. Dar à criança asas para voar é mostrar-lhe, sem medo de que não goste ou não perceba, várias possibilidades de ver o mundo.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Livros que foram prendas... este Natal

Já andava atrás dele há algum tempo. Falo de Moby Dick, clássico de Herman Melville, que me foi oferecido este Natal.
A curiosidade foi-me aguçada por uma série de textos que saíram nas últimas edições do Cartaz, suplemento do jornal Expresso, onde diversos autores eram convidados a escrever sobre o Natal. Um deles, Gonçalo M. Tavares, optou por criar os seus textos a partir de diversas passagens, personagens ou leituras desta obra. Mas a ideia de ler este livro já tinha nascido há alguns anos, entre figuras animadas e imagens de baleias ferozes e inatingíveis. Chegou agora, finalmente, o momento de entrar pela obra dentro e deixar-me levar pelas aventuras de Ismael, Queequeg e Ahab a bordo do Pequod.
Nos próximos dias estarei algures a viajar pelas páginas deste livro. Contarei novidades no regresso.
Moby Dick
Herman Melville
Relógio D'Água

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Leituras

Um Clássico chamado Pinóquio

Um dos problemas dos Clássicos da Literatura, mesmo a infantil, é a profusão de adaptações dos textos, nomeadamente ao cinema e à televisão, para não falar das simplificações do texto original. Este risco chega a ser inibidor da leitura do original.
Por isso, nunca li o verdadeiro Pinóquio, de Carlo Colodi. Nunca, até agora. E percebi que as peripécias que acontecem ao pequeno boneco não são tão aleatórias como pensava, que o nariz só lhe cresce uma única vez, e não sempre que mente, até porque Pinóquio mente pouco, ao contrário do que me habituei a ver e ouvir.
Outro aspecto que considerei relevante, enquanto leitora adulta, foi as agruras que a família passa por causa da sua irresponsabilidade sem cura, e o arrependimento crescente da criança de madeira. Não sei quais são as sensações que os jovens leitores poderão ter ao ler a obra, mas a mim ela provocou-me uma certa ansiedade. Esta ansiedade é propulsora da leitura, é o tal bichinho da curiosidade que aumenta o ritmo para que mais depressa saibamos o desfecho de uma patetice, para quem mais depressa cheguemos ao fim de tantas desgraças.
Pinóquio não é um livro alegre, é uma história trágica que toca, por isso, o humor. E que tem no seu desenlace feliz uma moral que se vem repetindo ao longo da narrativa: não colocar os desejos individuais à frente do afecto e deveres para com os outros e consigo próprio.
Pinóquio é um dos livros escolhidos como leitura extensiva no 6º ano. Muitas vezes é preterido por Ulisses (uma adaptação do clássico Odisseia). Motivar para a leitura do Pinóquio, que tem duas centenas de páginas e a maioria das crianças (pensa que) conhece, não deve ser fácil. Mas creio que Pinóquio continua a ter as condições essenciais para cativar os mais novos. Quando, em ateliers, lhes levo a história tradicional Pedro Malasartes, riem-se a bandeiras despregadas. Aqui, acrescenta-se uma empatia crescente pelo boneco articulado, um envolvimento com o espaço e a fantasia dos impossíveis.
As aventuras de Pinóquio
Carlo Collodi
Editorial Caminho (ilustrações Manuela Bacelar)
Cavalo de Ferro (ilustrações Paula Rego; posfácio de Italo Calvino)

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Livros que foram prendas... este Natal


O «Peter Pan» foi uma prenda falhada que se transformou numa prenda oferecida de mim para mim. Quando o fui comprar, confesso que fiquei um pouco invejosa. Depois, fiquei frustrada porque as 'felizardas' já tinham o livrinho. Ia trocá-lo, mas optei por ficar com ele e fazer uma nova tentativa.

Ainda não o li, mas as ilustrações da Paula Rego alimentam a minha curiosidade e transportam-me já para outra dimensão. Para quem gosta de clássicos, para quem gosta de identificar referências, para quem gosta de sonhar... nada como ir à origem!


segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Primeiros planos para 2007

O ano chegou, depois de balanços, festas e surpresas.
Para 2007, para além dos desejos da praxe, estamos a preparar um novo atelier e uma acção de formação sobre alguns livros do Plano Nacional de Leitura.
«Diz-me quem és, dir-te-ei o que lês» será um atelier mais direccionado para um público de secundário, embora possa ser realizado a partir do 2º ciclo.
As leituras vão continuar.
Novas sugestões, reflexões continuadas, informações.
Novas ligações. Novas realidades.
E afectos, os mesmos, outros.
O nosso principal desejo: que a leitura e o livro continuem a espantar-nos com a infinidade de espaços, emoções, experiências que sempre nos oferecem. Esperamos igualmente conseguir partilhar memórias e sensações. Em suma, criar cumplicidades.