segunda-feira, 19 de maio de 2008

Escrita Criativa em Aljustrel

O poder das listas

Na semana passada, estive na Biblioteca Municipal de Aljustrel com duas turmas de 6º ano, para realizar um atelier de escrita criativa. Novamente, Que escrita é esta que não conheço. Uma das turmas era desatenta, mal educada, indiferente. A outra, bem comportada. Acontece que a primeira impossibilitou os primeiros 20 minutos do atelier com a constante conversa, ao ponto de ser necessária a intervenção da própria bibliotecária, depois de vários avisos de uma professora (que não dava aulas a esta turma). Finalmente, perdi a esperança de realizar com êxito o atelier, e intervim de forma mais radical e agressiva, confrontando-os com o facto de terem de ali ficar até ao final do tempo previsto. Perguntei-lhes se queriam participar ou se trabalharia apenas com a outra turma. Ficaram acabrunhados, envergonhados. Consegui uma margem de silêncio. Estava no momento a tentar introduzir o exercício do 'retrato chinês', em que se associa a escrita a elementos vários (flor, automóvel, peça de roupa, sentimento...). Começaram a colaborar. A meio do exercício estavam entusiasmados e a pedirem mais. Quando se completaram as associações, pediram para ler, o que foi inédito. Leram, claro!
Queriam continuar com a lista. Pensei que seria inviável a produção final de texto, juntando elementos de todos os exercícios, assim como a percepção morfológica das palavras seria escusada. Continuei com a lista, agora pedindo que escrevessem a primeira palavra que lhes viesse à cabeça, ao ouvirem outra. E por aí fora até conseguir que escrevessem um texto com algumas destas palavras, definindo a escrita. Houve alguns resmungos, mas creio que todos fizeram, ou pelo menos começaram o texto.
No final, propus, a quem quisesse, que me entregasse o seu texto, para posterior publicação no blog. Foram muitos os que mos entregaram.
No final, voltei a chamar-lhes a atenção para o comportamento que tinham tido, e que poderia ter sido evitado, visto que até se tinham divertido... Espero que tenha ficado alguma coisa.
Pelo meu lado, fiquei muito satisfeita por ter conseguido inverter uma situação complicada. Apesar de não os conseguir cativar para a escrita, que manifestamente lhes desagrada, foi possível realizar algum trabalho, o que para aquele grupo creio ter sido uma conquista em relação a uma atitude provocatória de jovens que se acham intocáveis por estarem no centro do mundo. Que mundo é este, talvez os pais saibam, mas é claramente fictício e muito prejudicial para o seu futuro em sociedade, onde ainda há regras básicas a cumprir. Apesar disso, creio que conseguimos que ali as regras tivessem imperado, e os alunos mais problemáticos ainda sairam com um sorriso nos lábios.
Os textos estarão aqui amanhã.

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