1-O que representa, no contexto da sua obra, o livro «Quando Marinela Salero Cortez Decidiu Imitar Dom Juan»?
R- Falar de contexto da minha obra é bastante excessivo dado que este é, apenas, o meu segundo livro. No entanto, relativamente ao primeiro - Da impossibilidade de viver sem ter lido o D. Quixote - representa, por um lado, uma continuidade já que trata de mais uma viagem a um dos quatro mitos da literatura ocidental, neste caso o Dom Juan. Mas marca, também, uma ruptura: trata-se agora de um romance e não de um ensaio, o que me permitiu explorar de forma muito mais profunda as temáticas subjacentes ao mito: a paixão, a revolta, a sátira social, a insatisfação, e, sobretudo, no seguimento da linha principal do mito, o desejo como forma de rebelião social.
R- Falar de contexto da minha obra é bastante excessivo dado que este é, apenas, o meu segundo livro. No entanto, relativamente ao primeiro - Da impossibilidade de viver sem ter lido o D. Quixote - representa, por um lado, uma continuidade já que trata de mais uma viagem a um dos quatro mitos da literatura ocidental, neste caso o Dom Juan. Mas marca, também, uma ruptura: trata-se agora de um romance e não de um ensaio, o que me permitiu explorar de forma muito mais profunda as temáticas subjacentes ao mito: a paixão, a revolta, a sátira social, a insatisfação, e, sobretudo, no seguimento da linha principal do mito, o desejo como forma de rebelião social.
2-Qual a ideia que esteve na origem do livro?
R- Na origem do livro esteve presente o desejo de uma reescrita moderna do mito de Dom Juan. Parti, concretamente, do Dom Juan de Molière, escrito em 1665. O que sempre me fascinou nesta obra particularmente, visto que se escreveram, até hoje, centenas de Dom Juans, foi a sua voz crítica, a sua radical oposição ao mundo, aliada a uma energia telúrica e épica muito românticas. Tratando-se de uma personagem arrebatadora e de uma enorme actualidade, imaginei-a (na versão do feminino que para mim, por razões óbvias, era a mais “natural”), no mundo de hoje, tentei imaginar a forma como se desenrolariam as suas aventuras, tentei, sobretudo, perceber se o mito, como professem alguns, morreu ou se, pelo contrário, continua vivo. E apercebi-me, no final do livro, que o mito está vivíssimo e contínua, por razões certamente diferentes, de uma enorme actualidade.
R- Na origem do livro esteve presente o desejo de uma reescrita moderna do mito de Dom Juan. Parti, concretamente, do Dom Juan de Molière, escrito em 1665. O que sempre me fascinou nesta obra particularmente, visto que se escreveram, até hoje, centenas de Dom Juans, foi a sua voz crítica, a sua radical oposição ao mundo, aliada a uma energia telúrica e épica muito românticas. Tratando-se de uma personagem arrebatadora e de uma enorme actualidade, imaginei-a (na versão do feminino que para mim, por razões óbvias, era a mais “natural”), no mundo de hoje, tentei imaginar a forma como se desenrolariam as suas aventuras, tentei, sobretudo, perceber se o mito, como professem alguns, morreu ou se, pelo contrário, continua vivo. E apercebi-me, no final do livro, que o mito está vivíssimo e contínua, por razões certamente diferentes, de uma enorme actualidade.
3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R- Neste momento estou a redigir o livro que marca o fim desta “trilogia”. Falo de trilogia porque conta, como estes dois (apesar de serem tão diferentes) a mudança radical que se opera na vida de uma pessoa depois da leitura de um livro (trata-se sempre de um encontro fulgurante, que de certa forma opera uma tábua rasa). A principal diferença relativamente aos dois publicados é que agora não é um livro, apenas, a operar a mudança (O D. Quixote ou o Dom Juan) mas uma obra: a de Italo Calvino, um dos escritores que mais profundamente me tem marcado. A personagem principal deste livro que estou a escrever, uma engenheira agrónoma, verá a sua vida totalmente alterada depois do encontro com a obra deste escritor. Tal como este segundo livro, viverá de muito suspense e peripécias e, sobretudo, da exploração do tom humorístico e irónico que aprecio especialmente na literatura.
R- Neste momento estou a redigir o livro que marca o fim desta “trilogia”. Falo de trilogia porque conta, como estes dois (apesar de serem tão diferentes) a mudança radical que se opera na vida de uma pessoa depois da leitura de um livro (trata-se sempre de um encontro fulgurante, que de certa forma opera uma tábua rasa). A principal diferença relativamente aos dois publicados é que agora não é um livro, apenas, a operar a mudança (O D. Quixote ou o Dom Juan) mas uma obra: a de Italo Calvino, um dos escritores que mais profundamente me tem marcado. A personagem principal deste livro que estou a escrever, uma engenheira agrónoma, verá a sua vida totalmente alterada depois do encontro com a obra deste escritor. Tal como este segundo livro, viverá de muito suspense e peripécias e, sobretudo, da exploração do tom humorístico e irónico que aprecio especialmente na literatura.
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