R- “A Gola do Tempo” é mais uma etapa no meu percurso literário e, de certo modo, uma mudança de estilo, dentro duma evolução natural na vida de um autor.
Este livro, na essência, não é diferente dos outros, porque um autor escreve sempre o mesmo livro. Simplesmente, cada obra é vestida de forma diferente. Vamos mudando ao longo do tempo e escolhemos outras metáforas, mas, no fundo, é sempre algo de nós, umas vezes mais escondido do que outras, que está subjacente ao que se escreve. Um autor vê o mundo, e aquilo que o rodeia, através da sua personalidade e dos valores em que se apoia e acredita.
2- Qual a ideia que esteve na origem do livro?
R- O que me motivou a escrever “A Gola do Tempo” foi o facto de ir vendo a rapidez como o meu pai ia definhando fisicamente. A certa altura, ele, que já era surdo, foi, sucessivamente, deixando de andar e, quase, de falar. E esta evolução começou a pôr-me a questão: o que pensará uma pessoa nestas circunstâncias?
Assim, foram surgindo os poemas, propositadamente datados, sendo o último do dia da sua morte, que formaram “A Gola do Tempo”. Direi que é um livro que radica no nosso interior, onde se alojaram angústias – “enganam-nos as imagens” -, incertezas – “há sombras que nos habitam” -, medos – “do desconhecido … / do silêncio … / de algum deus, / de olhar fulminante” - e se questionam as opções tomadas ao longo da viagem. “E se tudo não fosse mais que inquietação?”
Viagem na procura da utopia, e da perfeição - “Nos limites do espírito, / julgamos possível ainda? / encontrar a chave que abre / a porta obscura dos homens” -, onde deuses e mitos estão presentes, ajudando, ou prejudicando, “mesmo quando o infinito parece indecifrável”.
3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R- Neste momento não tenho nenhum projecto em curso. Depois de ter publicado, em 2008, o livro “O Som dos Lagares”, julgo importante parar, o tempo necessário, para libertar o espírito de determinada linha, forma e metáforas. Direi que, neste momento, estou num período de pausa, que poderá durar meses, anos, ou sempre.
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Manuel Dias da Silva
A Gola do Tempo
Este livro, na essência, não é diferente dos outros, porque um autor escreve sempre o mesmo livro. Simplesmente, cada obra é vestida de forma diferente. Vamos mudando ao longo do tempo e escolhemos outras metáforas, mas, no fundo, é sempre algo de nós, umas vezes mais escondido do que outras, que está subjacente ao que se escreve. Um autor vê o mundo, e aquilo que o rodeia, através da sua personalidade e dos valores em que se apoia e acredita.
2- Qual a ideia que esteve na origem do livro?
R- O que me motivou a escrever “A Gola do Tempo” foi o facto de ir vendo a rapidez como o meu pai ia definhando fisicamente. A certa altura, ele, que já era surdo, foi, sucessivamente, deixando de andar e, quase, de falar. E esta evolução começou a pôr-me a questão: o que pensará uma pessoa nestas circunstâncias?
Assim, foram surgindo os poemas, propositadamente datados, sendo o último do dia da sua morte, que formaram “A Gola do Tempo”. Direi que é um livro que radica no nosso interior, onde se alojaram angústias – “enganam-nos as imagens” -, incertezas – “há sombras que nos habitam” -, medos – “do desconhecido … / do silêncio … / de algum deus, / de olhar fulminante” - e se questionam as opções tomadas ao longo da viagem. “E se tudo não fosse mais que inquietação?”
Viagem na procura da utopia, e da perfeição - “Nos limites do espírito, / julgamos possível ainda? / encontrar a chave que abre / a porta obscura dos homens” -, onde deuses e mitos estão presentes, ajudando, ou prejudicando, “mesmo quando o infinito parece indecifrável”.
3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R- Neste momento não tenho nenhum projecto em curso. Depois de ter publicado, em 2008, o livro “O Som dos Lagares”, julgo importante parar, o tempo necessário, para libertar o espírito de determinada linha, forma e metáforas. Direi que, neste momento, estou num período de pausa, que poderá durar meses, anos, ou sempre.
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Manuel Dias da Silva
A Gola do Tempo
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