quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A Capital

A Capital é, mais uma, brilhante obra do, provavelmente, maior escritor português de todos os tempos: Eça de Queirós.
Eça escreveu ao longo da sua vida um conjunto de romances de grande qualidade literária e que se destacam, não apenas pelo brilhantismo da sua metódica caracterização de personagens e locais, mais também, e provavelmente sobretudo, pela brutal e clarificadora crítica social.
Em A Capital a crítica social é feroz. A crítica que se faz não apenas à personagem principal Artur Corvelo, figura idiota, profundamente sensível, chegando mesmo a ser ligeiramente efeminada, provinciana e idílica, faz-se também à própria cidade de Lisboa, preenchida por gente enfatuada e que é retratada, nesta obra, como uma cidade de pecado, de falcatrua e de uma opulência pedante.
Eça de Queirós é genial. As suas personagens são tão bem descritas que conseguimos, inclusive, cheirar o seu perfume. Os ambientes, as noites no São Carlos, os serões nas casas ricas, os jantares nos hotéis caros e os passeios de tipóia – aliás presentes em muitas das obras de Eça – são pintados com cores verosímeis e claras.
A Capital é um grande livro. Brilhante, conspirador e vibrante. Artur Corvelo é uma personagem fascinante e o séquito de actores secundários adoça ainda mais esta novela. Eça é para ler, é o Portugal oitocentista e a bola de cristal do Portugal de hoje e, certamente, de amanhã. Este é um livro a não perder.

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