quarta-feira, 9 de julho de 2008

Breve olhar sobre a História da Literatura Juvenil - prelúdio

É certo que a literatura juvenil, mesmo sem balizas definidas, sem uma relação unívoca com o cânone, ganhou um lugar próprio no mercado editorial e livreiro. Os riscos que corre, no entanto, são grandes, em função da forma como os agentes e mediadores a virem e promoverem. Os adolescentes são autónomos nas escolhas, e por isso devem ser respeitados. Isso significa que a responsabilidade dos mediadores é grande, no conhecimento alargado de livros, na avaliação qualitativa dos mesmos, e no respeito pelas preferências e interesses do público juvenil. Muitas vezes, no entanto, livreiros e editores aproveitam esta condição de livre gosto dos jovens para os manipularem, como acontece com o público adulto, através de manobras de marketing.

«Os editores que, não o esqueçamos, fazem dos livros o seu negócio, estudaram de perto a evolução da infância para a adolescência e para a idade adulta e procuraram, de forma a aperfeiçoar os seus 'produtos', investir o mais possível nas questões dos jovens, nas suas necessidades, no que eles querem ler. Esta iniciativa em si pode parecer aceitável; no entanto, resulta em práticas editoriais que encontramos ainda hoje: a 'fabricação' de faixas etárias novas (pré-adolescentes, adolescentes, adolescentes e jovens adultos), às quais correspondem colecções bem específicas. As colecções destinadas a esta ou àquela idade inibem frequentemente os leitores (ou adultos que compram livros para jovens) e são completamente arbitrárias, pois nem todos os jovens têm os mesmos gostos, os mesmos centros de interesse na mesma altura. A leitura é, antes de mais, um acto individual e o que está em jogo na procura de títulos para ler é antes de mais a curiosidade e não a imposição.»
p. 33

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