quinta-feira, 24 de julho de 2008

Neil Gaiman - Coisas Frágeis

Título: Coisas Frágeis
Autor: Neil Gaiman
Gênero: Contos e Crônicas
Editora: Conrad Editora

"ACHO... QUE PREFIRO ME lembrar de uma vida desperdiçada com coisas frágeis, a uma vida gasta evitando a dívida moral." As palavras surgiram num sonho e eu as escrevi quando acordei, sem saber ao certo o que significavam ou a quem se aplicavam. (...) Enquanto escrevo isto, me ocorre que a peculiaridade da maioria das coisas que consideramos frágeis é o modo como elas são, na verdade, fortes. Havia truques que fazíamos com ovos, quando crianças, para demonstrar que eles são, apesar de não nos darmos conta disso, pequenos salões de mármore capazes de suportar grandes pressões, e muitos dizem que o bater de asas de uma borboleta no lugar certo pode criar um furacão do outro lado de um oceano. Corações podem ser partidos, mas o coração é o mais forte dos músculos, capaz de pulsar durante toda a vida, setenta vezes por minuto, e não falhar quase nunca. Até os sonhos, que são as coisas mais intangíveis e delicadas, podem se mostrar incrivelmente difíceis de matar. Histórias, assim como pessoas, borboletas, ovos de aves canoras, corações humanos e sonhos, também são coisas frágeis, feitas de nada mais forte ou duradouro do que 26 letras e um punhado de sinais de pontuação. Ou então são palavras no ar, compostas de sonhos e idéias — abstratas, invisíveis, sumindo no momento em que são pronunciadas -, e o que poderia ser mais inútil do que isso? Mas algumas histórias, pequenas, simples, sobre gente embarcando em aventuras ou realizando maravilhas, contos de milagres e de monstros, duram mais do que todas as pessoas que as contaram, e algumas duram mais do que as próprias terras onde elas foram criadas. E, ainda que eu não acredite que qualquer história deste livro chegue a tanto, é legal poder juntá-las e dar-lhes um lar onde possam ser lidas e lembradas. Espero que você aprecie a leitura.

Neil Gaiman Primeiro dia da primavera de 2006

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