domingo, 20 de julho de 2008

A Dispensação de Bahá'u'lláh, de Shoghi Effendi

BAHÁ´U´LLÁH
Aos amados de Deus e servos do Misericordioso em todo o Ocidente.
Colaboradores da Vinha Divina:
No dia 23 de Maio deste auspicioso ano, o mundo bahá´í celebrará o nonagésimo
aniversário da fundação da Fé estabelecida por Bahá´u´lláh. Nós que nesta hora nos
encontramos no limiar da última década do primeiro século da era bahá´í, bem
poderíamos nos deter afim de refletir sobre as graças misteriosas de tão augusta e
momentosa Revelação. Que vasto e fascinante panorama é o que se desenrola ante
nossos olhos com a revolução de noventa anos! Quase que nos acabrunha sua grandeza
sobrepujante. Se apenas se contemplar este espetáculo sem paralelo e formar um
conceito, por mais inadequado que seja, das circunstâncias que acompanharam o surgir
dessa suprema Teofania e seu desenvolvimento gradativo, e se forem lembradas, ainda
que em seu mais simples esboço, as dolorosas lutas que proclamaram seu início e
aceleraram sua marcha, isto será o bastante para convencer todo observador imparcial
daquelas verdades eternas que motivam a vida desta Revelação e devem continuar a
impulsioná-la até que alcance sua destinada ascendência.
Dominando todo o âmbito deste deslumbrante espetáculo, sobressai a figura
incomparável de Bahá´u´lláh, de transcendente majestade, serena, venerável, de uma
sublimidade sem par. Aliado, embora subordinado em grau, e investido da autoridade de
presidir, com Ele, os destinos desta suprema dispensação, brilha sobre este quadro
mental o Báb, em toda a glória de Sua juventude, com Sua infinita ternura, com Seu
encanto irresistível e heroísmo jamais excedido, e Seu paralelo nas circunstâncias
dramáticas de Sua curta e momentosa vida. E surge, finalmente, a personalidade
vibrante, magnética de ´Abdu´l-Bahá, ainda que num plano próprio e numa categoria
inteiramente distinta daquela ocupada pelas Figuras gêmeas que O precederam. Num
grau jamais alcançado por homem algum, por elevada que fosse sua posição, reflete
´Abdu´l-Bahá a glória e o poder possuídos por Aqueles – e por Aqueles somente – que
são os Manifestantes de Deus.
Com a ascensão de ´Abdu´l-Bahá e, sobretudo, com o falecimento de Sua bemamada
e ilustre irmã, a Folha Mais Sagrada, a última sobrevivente de uma era heróica e
gloriosa, encerrou-se o primeiro e o mais comovente capítulo da história bahá´í,
marcando a conclusão do Período Primitivo e Apostólico da Fé de Bahá´u´lláh. Foi ´Abdu
´l-Bahá quem pelas provisões de Seu poderoso Testamento, forjou o elo vital que há de
ligar para sempre a era que acaba de expirar com aquela em que ora vivemos – o Período
Transitório e Formativo da Fé – etapa que há de florescer na plenitude dos tempos e
frutificar nas proezas e nos triunfos destinados a anunciar a Idade Áurea da Revelação de
Bahá´u´lláh.
Meus amados amigos! Graças aos cuidados dos escolhidos de uma Fé de vasto
alcance, estão se reunindo e organizando agora, gradualmente, ante os nossos próprios
olhos, as forças impetuosas que dois Manifestantes independentes, vindos em rápida
sucessão, milagrosamente liberaram. Essas forças estão se cristalizando pouco a pouco
em instituições que virão a ser consideradas os marcos gloriosos da era que devemos
estabelecer agora e imortalizar pelas nossas obras. Pois das tentativas que fazemos hoje
e, sobretudo, da intensidade do nosso esforço por reformar nossas vidas segundo o
modelo de sublime heroísmo associado àqueles que nos precederam, deve depender a
eficácia dos instrumentos que agora moldamos – instrumentos esses que devem erigir a
estrutura daquela bem-aventurada Comunidade que irá assinalar a Idade Áurea de nossa
Fé.
Não é meu propósito, ao passar em revista estes anos repletos de proezas, tentar
fazer nem sequer um breve relato dos grandiosos acontecimentos ocorridos desde 1844
até hoje. Nem tenciono analisar as forças que os precipitaram, ou avaliar sua influência
sobre povos e instituições em quase todos os continentes do globo. Os fatos autênticos
registrados sobre a vida dos primeiros crentes do período inicial de nossa Fé, bem como a
assídua investigação que deve ser empreendida, por competentes historiadores bahá´ís
do futuro transmitirão à posteridade uma exposição da história dessa época, muito mais
magistral do que qualquer esforço meu conseguiria fazer. O que mais me preocupa neste
período tão desafiador da história bahá´í, é o dever de levar à atenção daqueles
destinados a serem os campeões na construção da Ordem Administrativa de Bahá´u´lláh,
certas verdades fundamentais cuja elucidação lhes há de facilitar grandemente o eficaz
prosseguimento de sua grandiosa obra.
Além disso, a posição internacional já atingida pela Religião de Deus exige
imperativamente o esclarecimento definitivo de seus princípios básicos. O ímpeto sem
precedente que os brilhantes feitos dos bahá´ís americanos deram à marcha da Fé; o
intenso e rápido interesse que o primeiro Mashriqu´l-Adhkár do Ocidente está
despertando entre as diversas raças e nações; a consolidação gradual das instituições
bahá´ís em nada menos de quarenta dos países mais adiantados do mundo; a
disseminação da literatura bahá´í em vinte e cinco dos mais difundidos idiomas; o êxito
que coroou os esforços dos bahá´ís persas, recentemente, em seus passos preliminares
para o estabelecimento, nos arredores da capital de sua terra natal, do terceiro Mashriqu
´l-Adhkár do mundo bahá´í; as medidas que já estão sendo tomadas para a formação
imediata de sua primeira Assembléia Espiritual Nacional, que deve representar os
interesses da grande maioria dos adeptos bahá´ís; a ereção, já projetada, de mais um
pilar da Casa Universal de Justiça, primeiro em seu gênero no hemisfério meridional; os
testemunhos, tanto verbais como escritos que a Fé, em seu esforço incansável, tem
recebido de realezas, de instituições governamentais, de tribunais internacionais e
dignitários eclesiásticos; a publicidade devida às próprias acusações dirigidas contra ela
por inimigos inexoráveis, antigos e recentes; o ato formal que libertou uma parte de seus
adeptos dos grilhões da ortodoxia muçulmana em um país considerado o mais adiantado
entre as nações islâmicas – tudo isso prova sobejamente a crescente rapidez com que a
comunidade invencível do Nome Supremo se aproxima da vitória final.
Muito estimados amigos! Numa época em que a luz da publicidade está focalizada
cada vez mais sobre nós, considero que minha incumbência – em virtude das obrigações
e responsabilidades que eu, como Guardião da Fé de Bahá´u´lláh, devo cumprir – dar
ênfase especial a certas verdades que baseiam nossa Fé, e cuja integridade é nosso
primeiro dever salvaguardar. Estou convencido de que estas verdades, se forem
corajosamente apoiadas, e assimiladas de um modo adequado, reforçarão muito o vigor
de nossa vida espiritual e concorrerão para neutralizar as intrigas de um inimigo
implacável e vigilante.
É minha convicção inalterável que todo fiel adepto deve ter, como sua primeira
obrigação e o objeto de seu constante esforço, adquirir um conhecimento mais adequado
do significado da estupenda Revelação de Bahá´u´lláh. Uma compreensão exata e
completa de tão vasto sistema, de tão sublime revelação, de tão sagrada incumbência,
está, por óbvias razões, fora do alcance de nossas mentes limitadas. Contudo podemos –
e é nosso dever incontestável, enquanto trabalhamos na propagação de Sua Fé –
procurar derivar nova inspiração e maior apoio, mediante um conceito mais nítido das
verdades que essa Fé encerra, e dos princípios em que se baseia.
Ao explicar a posição do Báb, numa das comunicações dirigidas aos crentes
americanos, fiz uma ligeira referência à incomparável grandeza da Revelação de que Ele
se considerava o humilde Precursor. Ele – aclamado por Bahá´u´lláh no Kitáb-i-Iqán,
como o prometido Qá´im – Aquele que manifestou nada menos de vinte e cinco dentre as
vinte e sete letras destinadas a ser reveladas por todos os profetas – esse tão grande
Revelador testemunhou. Ele mesmo, a respeito da preeminência da Revelação superior
que dentro em breve haveria de suceder à Sua própria. “O germe”, assevera o Báb no
Bayán persa, “que contém dentro de si as potencialidades da Revelação que há de vir, é
dotado de um poder superior às forças reunidas de todos os que Me seguem”. “De todos
os tributos que prestei Àquele destinado a Me suceder”, Ele afirma ainda, “o maior é este:
Minha confissão, por escrito, de que palavra alguma por Mim proferida poderá descrevê-
Lo adequadamente e, tão pouco, referência alguma a Seu respeito em Meu Livro, o
Bayán, poderá apresentar, de uma maneira digna, a Sua Causa.” “O Bayán”, declarou Ele
categoricamente no mesmo Livro: “e quem quer que nele esteja mencionado, giram em
torno das palavras daquele que Deus tornará manifesto, assim como o Alif (o Evangelho)
e qualquer um que nele estivesse mencionado giraram ao redor das palavras de Maomé,
o Apóstolo de Deus.” “A leitura do Bayán”, disse mais, “ainda que seja feita mil vezes,
não poderá igualar a leitura cuidadosa de um só versículo a ser revelado por Aquele que
Deus tornará manifesto... O Bayán encontra-se hoje em estado embrionário; a sua
perfeição completa será mostrada ao iniciar-se a Revelação daquele que Deus tornará
manifesto... O Bayán e todos seus crentes anelam por Ele mais ardentemente do que
qualquer amante por sua amada... Toda a glória do Bayán deriva daquele que Deus
tornará manifesto... Bem-aventurado quem Nele acreditar, e ai de qualquer um que
rejeite Sua Verdade!”
Dirigindo-se a Siyyid Yahyáy-i-Dárábí, conhecido como Vahíd, o mais proeminente
entre os adeptos, em virtude de sua erudição, sua eloqüência e seu prestígio, o Báb
pronuncia esta advertência: “Pela justiça Daquele cujo poder faz germinar a semente e
que infunde o espírito da vida em todas as coisas! Se eu soubesse que, no dia de Sua
manifestação, tu O negarias, não vacilaria em te renunciar e repudiar tua fé... Se, por
outro lado, Me disserem que um cristão, que não deve lealdade à Minha Fé, virá a crer
Nele, a este Eu considerarei como a menina de Meus Olhos.”
Numa de Suas orações, Ele assim comunga com Bahá´u´lláh: “Exaltado sejas, Ó
meu Senhor, o Onipotente! Quão insignificantes e desprezíveis parecem minhas palavras
e tudo o que me pertence, a não ser que estejam relacionados à Tua grande glória.
Permite, pela Tua graça, que qualquer coisa que me pertença seja aceitável ante os Meus
olhos.”
No Qayyúmu´l-Asmá – o comentário do Báb sobre o Súrih de José, caracterizado
pelo Autor do Iqán como “o primeiro, o maior e o mais poderoso”, dos livros revelados
pelo Báb – lemos as seguintes referências a Bahá´u´lláh: “Do simples nada, Ó grande e
onipotente Mestre, Tu, através da potência celestial de Tua grandeza, me fizeste aparecer
e me levantaste para proclamar esta Revelação. Em ninguém exceto em Ti depositei
minha confiança; não dependi senão de Tua vontade... Ó Tu, Remanescente de Deus,
sacrifiquei-me inteiramente por Ti; aceitei maldições por Tua causa, e nada anelei senão
o martírio no caminho de Teu amor. Testemunho suficiente para mim é Deus, o Excelso,
o Protetor, o Ancião dos Dias...” “E quando houver soado a hora designada”, disse o Báb,
dirigindo-se novamente a Bahá´u´lláh no mesmo comentário, “deves Tu, com a
aprovação de Deus, o Onipotente, revelar das alturas do Monte Místico, do Monte mais
sublime, uma centelha ligeira, infinitésima, de Teu impenetrável Mistério, para que
aqueles que hajam reconhecido o brilho do Esplendor Sinaico possam esvair-se e falecer
ao avistar um fugaz vislumbre da Luz ardente, carmesim, que envolve Tua Revelação.”
Como mais uma prova da grandeza da Revelação de Bahá´u´lláh, podem ser
citados os seguintes extratos de uma Epístola dirigida por ´Abdu´l-Bahá a um eminente
adepto zoroastriano: “Havias escrito que se encontra nos livros sagrados daqueles que
seguem Zoroastro a profecia de que, nos últimos dias, em três Dispensações distintas, o
sol haveria de parar. Na primeira Dispensação, segundo a predição, o sol permanecerá
imóvel por dez dias; na segunda, por duas vezes este tempo; na terceira, por nada
menos de um mês inteiro. A interpretação dessa profecia é a seguinte: a primeira
Dispensação a que ela se refere é a Dispensação Maometana, durante a qual o Sol da
Verdade permaneceu imóvel por dez dias. Cada dia representa um século. A Era
Maometana, portanto, deve ter durado nada menos de mil anos – exatamente o período
que transcorreu entre o ocaso da Estrela do Imanato e o advento da Era proclamada pelo
Báb. A segunda Dispensação mencionada nesta profecia é aquela inaugurada pelo próprio
Báb, sendo que começou no ano 1260 (depois da Hégira) e findou no ano 1280 (depois
da Hégira). Quanta à terceira – a Revelação proclamada por Bahá´u´lláh – desde que o
Sol da Verdade, ao atingir essa posição, brilha na plenitude de eu esplendor meridiano,
fixou-se um mês inteiro como o período de sua duração – o tempo máximo para a
passagem do sol por um signo do zodíaco. Disto podes imaginar a magnitude do ciclo
bahá´í – um ciclo que há de abranger um período de pelo menos quinhentos mil anos.”
Pelo texto dessa explícita e autorizada interpretação de tão antiga profecia, é
evidente quão necessário se torna que todo fiel seguidor da Fé aceite a origem divina da
Revelação maometana e sustente sua posição independente. Nestas mesmas passagens,
além disso, está implicitamente reconhecida a validade do Imanato – aquela instituição
divinamente estabelecida, de cujo membro mais eminente era o próprio Báb descendente
direto, e que, por um período não inferior a duzentos e sessenta anos, continuou a ser
guiada pelo Todo Poderoso e a ser o depositário de um dos mais preciosos legados do
Islã.
Esta mesma profecia – devemos reconhecer – atesta também o caráter
independente da Revelação do Báb e corrobora indiretamente o fato de que, segundo o
princípio da revelação progressiva, cada Manifestante divino deve, necessariamente,
conceder a divina guia à humanidade de Seu Tempo, em escala mais ampla do que teria
sido possível em qualquer época anterior privada ainda da capacidade de a receber ou
apreciar. Por isso – e não por algum mérito superior, inerente, que se possa atribuir à Fé
Bahá´í – essa profecia dá testemunho da glória e do poder sem paralelo, de que foi
investida a Dispensação de Bahá´u´lláh – uma Dispensação cujas potencialidades apenas
começamos agora a perceber e nunca haveremos de determinar toda a sua plenitude.
A Fé Bahá´í deve ser considerada – se quisermos ser fiéis às tremendas
implicações de sua mensagem – como a culminação de um ciclo, a etapa final numa série
de revelações sucessivas, preliminares e progressivas. Começando com Adão e
terminando com o Báb, estas revelações vêm preparando o caminho para o advento
daquele Dia dos Dias, antecipando-o com uma ênfase sempre crescente – o Dia em que o
Prometido de Todos os Tempos haveria de se manifestar.
Dessa verdade encontramos, nas palavras de Bahá´u´lláh, amplo testemunho.
Basta uma ligeira referência às declarações feitas por Ele mesmo, repetidas vezes, com
tanta veemência e tão irresistível poder, para se demonstrar plenamente o caráter da
Revelação de que Ele foi o escolhido portador. Às palavras, pois, que emanam de Sua
Pena – manancial de tão intensiva Revelação – devemos dirigir nossa atenção se
quisermos obter uma compreensão mais nítida de sua importância e significado. Quer
seja ao fazer Suas asseverações sem precedentes, quer seja em Suas alusões às forças
misteriosas por Ele liberadas, ou em tais passagens que exaltam as glórias de Seu Dia há
tanto esperado, ou que engrandeçam a posição destinada àqueles que tenham
reconhecido as virtudes ocultas neste Dia – Bahá´u´lláh, e também o Báb e ´Abdu´l-
Bahá em grau quase igual, legaram à posteridade tesouros de tão grande valor que
nenhum de nós que pertencemos à presente geração podemos avaliar adequadamente.
Tais testemunhos acerca deste tema estão impregnados de tal poder, e revelam tanta
beleza, que só aqueles versados nos idiomas originais podem dizer que os tenham
apreciado devidamente. E tão grande é seu número que seria necessário escrever um
volume inteiro para compilar só os mais salientes dentre eles. Tudo o que eu posso
aventurar-me a fazer, neste momento, é compartilhar as passagens que pude escolher de
Seus volumosos escritos.
“Dou testemunho perante Deus”, proclama Bahá´u´lláh, “da grandeza, da
inconcebível grandeza desta Revelação. Repetidamente, na maioria de Nossas Epístolas,
temos atestado essa verdade a fim de despertar de sua indiferença o gênero humano”.
“Nesta poderosíssima Revelação”, anuncia Ele de modo inequívoco, “todas as Revelações
do passado alcançaram sua consumação mais alta e final.” “O que se manifestou nessa
Revelação sublime, proeminente, não tem paralelo nos anais do passado, e tão pouco
será igualado em épocas futuras.” “Foi Ele”, proclama ainda Bahá´u´lláh referindo-se a Si
próprio, “quem o Velho Testamento chamava de Jeová, Aquele designado no Evangelho
como o Espírito da Verdade, e no Alcorão aclamado como o Grande Anúncio.” “Se não
fosse Ele, a nenhum Mensageiro divino se haveria conferido o manto de profeta, nem se
teria revelado nenhuma das sagradas escrituras. Disso dão testemunho todas as coisas
criadas.” “A palavra proferida neste Dia, por Deus, Uno e Verdadeiro, ainda que seja a
mais comum e familiar das expressões, está investida de distinção suprema, inigualável.”
“A maioria da humanidade acha-se, todavia, imatura. Se houvesse adquirido capacidade
suficiente, Nós lhe teríamos concedido tão ampla porção de Nossa sabedoria que todos os
que habitam na terra e no céu se haveriam tornado – em virtude das graças emanadas
de Nossa Pena – completamente independentes de todo o conhecimento, exceto o
conhecimento de Deus e teriam se estabelecido com toda segurança no trono da perene
tranqüilidade.” “A Sagrada Pena – afirmo solenemente perante Deus – escreveu sobre a
nívea brancura de Minha fronte, em letras de refulgente glória, estas palavras radiantes,
perfumadas de almíscar, sacratíssima: ´Eis aqui, vós que habitais na terra, e vós,
moradores do céu, daí testemunho: Ele, em verdade, é vosso Bem-Amado. É Aquele cujo
igual jamais foi visto pelo mundo da criação, cuja deslumbrante beleza deleitou os olhos
de Deus, o Ordenador, o Todo-Poderoso, o Incomparável.”
“Seguidores do Evangelho!” exclama Bahá´u´lláh, dirigindo-se à toda a
cristandade, “Eis aqui, abertos de par em par, os portais do céu. Aquele que para aí
ascendera, veio agora. Escutai a Sua voz, que clama através da terra e do mar,
anunciando a toda a humanidade o advento desta Revelação – uma Revelação por cujo
intermédio a Língua da Grandeza ora proclama: ´Eis aqui! Cumpriu-se a sagrada
Promessa, pois já veio o Prometido!´” “Do santo vale clama a voz do Filho do Homem:
´Eis-Me aqui, eis-Me aqui, Ó Deus, meu Deus!...´ enquanto vem da Sarça Ardente o grito
de: ´Vêde, o Desejado do mundo se manifestou em Sua transcendente glória!´ O Pai já
veio. Cumpriu-se aquilo que vos foi prometido no Reino de Deus. Eis o Verbo que o Filho
revelou quando disse àqueles a Seu redor que naquele tempo não o podiam suportar...
Verdadeiramente, o Espírito da Verdade veio a fim de vos guiar a toda a verdade... Ele foi
quem glorificou o Filho e Lhe exaltou a Causa...” “O Confortador, prometido em todas as
Escrituras, veio agora para vos revelar todo o conhecimento e sabedoria. Buscai-O por
toda a superfície da terra, para que possais, porventura, encontrá-Lo.”
“Chama Sião, Ó Carmelo!”, escreve Bahá´u´lláh, “e anuncia as boas novas: ´Já
veio Aquele que estava oculto aos olhos mortais; está manifesta Sua soberania suprema;
revelou-se Seu esplendor que tudo abarca... Apressa-te e circunda a Cidade Divina
descida do céu, a Kaaba celestial, objeto da adoração dos favorecidos de Deus, dos puros
de coração, e da companhia dos anjos mais sublimes.” “Eu sou Aquele” afirma Ele em
outra ocasião, “que foi louvado pela língua de Isaías, Aquele cujo Nome adornou tanto o
Torah como o Evangelho.” “Apressa-se a glória do Sinai a circundar a Aurora desta
Revelação, enquanto das alturas do Reino se ouve a voz do Filho de Deus a proclamar:
´Levantai-vos, Ó vós, soberbos da terra, e sem demora aproximai-vos Dele! O Carmelo
apressou-se neste Dia, com anelo e adoração, para alcançar Sua Corte, enquanto surge
do coração do Sião este brado: ´Cumpriu-se agora a Promessa de todos os tempos.
Manifestou-se aqui o que fora anunciado nas Sagradas Escrituras de Deus, o Bem-
Amado, o Altíssimo.´” “Hijaz desperta com os sopros divinos que anunciam as novas de
uma jubilosa reunião, e ouvimo-la exclamar: ´Louvado sejas, Ó meu Senhor, o Altíssimo!
Por causa de minha separação de Ti eu estava morta e os sopros fragrantes de Tua
Presença ressuscitaram-me. Feliz de quem se dirigir a Ti, e ai daquele que se desviar.´”
“Por Deus, Uno e Verdadeiro, Elias apressou-se para Minha Corte e circundou, dia e noite,
o Meu Trono de glória.” “Salomão, em toda a sua majestade, circula-Me em adoração,
neste dia, pronunciando estas elevadas palavras: Voltei minha face para Tua face, Ó
poderosíssimo Rei do mundo! Estou completamente desprendido de todas as coisas que
me pertencem, e anelo por aquilo que Tu possues.” “Se Maomé, o Apóstolo de Deus,
houvesse atingido esse Dia”, escreve Bahá´u´lláh, numa Epístola que revelou às
vésperas de Seu desterro para a colônia penal de ´Akká, “Ele teria exclamado: Em
verdade, Eu Te reconheci, Ó Tu, Desejo dos Mensageiros Divinos. Tivesse Abraão o
alcançado, Ele também ter-se-ia prostrado ao solo e com absoluta humildade ante o
Senhor teu Deus exclamado: ´Meu coração está cheio de paz. Ó Tu, Senhor de tudo o
que existe no céu e na terra! Declaro que Tu desvendaste aos meus olhos toda a glória de
Teu poder e a plena majestade de Tua lei!...´ Se o próprio Moisés o tivesse atingido,
também teria levantado a voz, dizendo: ´Toda a glória seja a Ti, por haveres feito surgir
sobre mim a luz de Teu semblante e me incluído entre aqueles que tiveram o privilégio de
contemplar Tua face!´” “Tanto o Norte como o Sul vibram ao ouvir anunciado o advento
de Nossa Revelação. Podemos ouvir a voz de Meca exclamando: ´Todo o louvor seja a Ti,
Ó Senhor Meu Deus, o Todo Glorioso, por haveres exalado sobre mim os sopros
fragrantes de Tua Presença!´E Jerusalém, de modo semelhante, chama em voz alta:
´Louvado e glorificado és Tu, Ó Bem-Amado da terra e do céu, por haveres transformado
a agonia de minha separação de Ti em regozijo, pela força ressuscitadora da reunião!´”
“Pela justiça de Deus”, afirma Bahá´u´lláh, desejoso de revelar a plena potência
de Seu invencível poder, “se um homem, completamente só, se levantar em nome de
Bahá e vestir a armadura de Seu amor, o Todo-Poderoso conceder-lhe-á a vitória, ainda
que se juntem contra ele as forças da terra e do céu.” “Por Deus – e não há outro Deus
além Dele! – Se qualquer um se esforçar pelo triunfo de Nossa Causa, Deus torná-lo-á
vitorioso, embora dezenas de milhares se aliem contra ele. E se seu amor por Mim
aumentar, Deus estabelecerá sua ascendência sobre todos os poderes da terra e do céu.
Assim insuflamos o espírito do poder em todas as regiões.”
“Este é o Rei dos Dias” – de tal modo Ele exalta a época que testemunhou o
advento de Sua Revelação – “o Dia que presenciou a vinda do Mais-Amado, Daquele que
é aclamado, desde toda a eternidade, o Desejo do Mundo”. “O mundo existente brilha
neste Dia com o esplendor desta Revelação Divina. Todas as coisas criadas elogiam suas
graças salvadoras e cantam seus louvores. O universo acha-se envolto num êxtase de
júbilo e contentamento. As Escrituras das Dispensações passadas celebram o grande
regozijo que há de saudar este, o mais grandioso Dia de Deus. Bem-aventurado quem
viveu até ver esse Dia e reconheceu o grau de sua grandeza.” “Se a humanidade desse
ouvidos, de uma maneira digna, a apenas uma palavra deste louvor, encher-se-ia de
deleite ao ponto de ficar enlevada de admiração. Extasiada, brilharia, pois,
resplandecente sobre o horizonte da verdadeira compreensão.”
“Sede justos, Ó vós, povos do mundo!” – assim faz Ele seu apelo à humanidade. –
“Será digno e decoroso que ponhais em dúvida a autoridade de um Ser cuja presença
“Aquele que conversou com Deus” (Moisés) ansiou por alcançar, a beleza de cujo
semblante o “Bem-Amado de Deus” (Maomé) anelou contemplar, graças à potência de
cujo amor o “Espírito de Deus” (Jesus) subiu ao céu, e por cuja Causa o “Ponto
Primordial” (o Báb) ofereceu em holocausto a sua vida?” “Aproveitai vossa oportunidade”,
adverte Ele aos que O seguem, “pois um momento fugaz neste Dia excede em valor
séculos de uma era passada... Dia igual jamais foi visto, nem pelo sol nem pela lua... É
evidente ter sido divinamente ordenada toda era em que tenha vivido um Manifestante de
Deus, podendo ser caracterizada, pois, de certo modo, como o Dia designado de Deus.
Este Dia, porém, é incomparável e deve ser distinguido dos que o precederam. A
designação de “Selo dos Profetas” revela e demonstra plenamente sua alta posição.”
Dissertando sobre as forças latentes em Sua Revelação, Bahá´u´lláh revela o
seguinte: “Com o movimento de Nossa Pena de glória – por imperativo do Onipotente,
que tudo ordena – insuflamos uma vida nova em cada ser humano, e imbuímos cada
palavra de uma nova potência. Todas as coisas criadas proclamam as provas dessa
regeneração universal. São as novas mais grandiosas, mais regozijantes”, acrescenta Ele,
“que a Pena deste Injuriado já participou à humanidade”. “Como é grande a Causa!”,
exclama Ele em outra passagem, “quão acabunhador o peso de sua mensagem! Este é o
dia de que se disse: Ó meu filho! Em verdade, Deus há de revelar tudo, mesmo que
tenha apenas o peso de um grão de mostarda e esteja escondido numa rocha, quer no
céu, quer na terra, pois Deus é Quem tudo penetra e de tudo está informado.” “Pela
retidão de Deus, Uno e Verdadeiro! Se for perdida a mais infinitésima jóia, ficando ela
enterrada debaixo de um monte de pedras, e escondida além dos sete mares, a Mão da
Onipotência seguramente há de revelá-la neste Dia, pura e livre de escória.” “Quem
participar das águas de Minha Revelação provará as incorruptíveis delícias ordenadas por
Deus desde o princípio que não teve princípio até o fim que não terá fim.” “Cada uma das
letras procedentes de Nossa boca é dotada de um poder regenerador que a torna capaz
de fazer aparecer uma nova criação - uma criação cuja magnitude é inescrutável para
todos exceto Deus. Ele, em verdade, tem conhecimento de todas as coisas.” “Está em
Nosso poder – se assim quisermos – fazer com que uma partícula flutuante de pó, em
menos de um abrir e fechar de olhos, gere sóis de infinito e inconcebível esplendor, ou
uma gota de orvalho se converta em vastos e inumeráveis oceanos, ou em cada letra
seja infundida uma força que a torne capaz de revelar todo o conhecimento das épocas
passadas e futuras.” “Possuímos tamanho poder que se for revelado, transmutará o
veneno mais mortal em panacéia de infalível eficácia.”
Avaliando a posição do verdadeiro crente, Ele observa: “Pelos pesares que afligem
a beleza do Todo Glorioso! É tal a posição destinada ao verdadeiro crente que, se fosse
revelada à humanidade uma pequena parte de sua glória – menor até em tamanho que o
fundo de uma agulha – todos os que a contemplassem consumir-se-iam na ânsia de
alcançá-la. Eis porque se decretou que, nesta vida terrena, ficasse velada para os olhos
do crente a glória de sua própria posição em toda a sua plenitude.” “Se se levantasse o
véu”, afirma Ele também, “manifestando assim a plena glória da posição dos que se
tenham voltado inteiramente para Deus e renunciado o mundo por Seu amor, toda a
criação ficaria estupefata.”
Fazendo ressaltar o caráter superlativo de Sua Revelação, comparada com aquela
que lhe precedeu, Bahá´u´lláh faz a seguinte afirmação: “Se todos os povos do mundo
forem investidos dos poderes e atributos destinados às Letras do Vivente – os discípulos
escolhidos do Báb e cuja posição é dez mil vezes mais gloriosa que qualquer das posições
alcançadas pelos apóstolos da antiguidade – e se um destes povos hesitar, ou até mesmo
todos hesitarem, embora seja por menos de um abrir e fechar de olhos, em reconhecer a
luz de Minha Revelação, de nada lhes servirá a sua fé e eles serão contados entre os
infiéis.” “Tão tremenda é a efusão das graças divinas nesta Era que, se houvessem mãos
mortais bastante ágeis para registrá-las, fluiriam versículos com tal abundância, no breve
espaço de um dia e uma noite que equivaleriam ao conteúdo inteiro do Bayán persa.”
“Escutai minha advertência, Ó vós, povo da Pérsia!” – assim Ele se dirige a Seus
conterrâneos. – “Se eu for sacrificado por vossas mãos, Deus seguramente fará surgir
outro que tomará o lugar deixado vazio com a Minha morte, pois este é o método usado
por Deus desde os tempos antigos, e modificação alguma podereis encontrar em Seu
modo de proceder.” “Se tentarem ocultar Sua luz no continente, Ele, com toda a certeza,
levantará a cabeça no próprio âmago do oceano e, alçando Sua voz, proclamará: “Eu sou
quem dá vida ao mundo”...” E se O arrojarem dentro de um fosso escuro, encontrá-Lo-ão
sentado nos cumes mais elevados da terra, exclamando a toda a humanidade: “Veio o
Desejo do mundo! Ei-Lo em Sua majestade, Sua soberania e Seu domínio
transcendente!” E se O sepultarem nas profundezas da terra, Seu espírito, remontando
ao ápice do céu, fará ressoar este chamado: “Eis o advento da Glória; vede o Reino de
Deus, o Santíssimo, o Clemente, o Todo-Poderoso!” “Há acentos aprisionados na garganta
deste Jovem” - consta ainda outra estupenda declaração – “os quais, se forem revelados
à humanidade, embora em porção menor que a contida no fundo de uma agulha,
bastarão para fazer desmoronarem todas as montanhas, descolorirem-se as folhas das
árvores e caírem seus frutos; para obrigar toda cabeça a se inclinar em veneração e toda
face a se dirigir em adoração a este Rei onipotente que, em várias épocas e de modos
diversos, aparece como uma chuva devoradora, ou um oceano encapelado, ou uma luz
radiante, ou como a árvore que, arraigada ao solo da santidade, eleva seus galhos e
estende seus ramos até mesmo além do trono da glória perene.”
Antecipado o Sistema que o irresistível poder de Sua Lei estava destinado a
desenvolver em épocas subseqüentes. Ele escreve: “O equilíbrio do mundo foi alterado
pela vibrante influência desta Ordem grandiosa, desta nova Ordem Mundial. A vida
ordenada do gênero humano foi revolucionada pela ação deste Sistema maravilhoso,
incomparável, cujo igual jamais foi visto por olhos mortais.” “A mão da Onipotência
estabeleceu Sua Revelação sobre alicerces inexpugnáveis, perenes. As tempestades das
lutas humanas são impotentes para minar sua base, nem tampouco poderão as
fantásticas teorias dos homens danificar-lhe a estrutura.”
No Súratu´l-Haykal, uma das mais imponentes obras de Bahá´u´lláh, encontramse
os seguintes versículos, cada um dos quais prova o irresistível poder infundido pelo
seu Autor na Revelação que Ele proclamara: “Em Meu Templo, nada se vê senão o
Templo de Deus; em Minha beleza, não se vê senão Sua Beleza; em Meu ser, só é visível
Seu Ser; em Mim mesmo, outro não se manifesta senão Ele Mesmo; em Meu movimento
se vê apenas Seu Movimento; em Minha aquiescência, se vê apenas Sua Aquiescência, e
em Minha pena, apenas Sua Pena, a Poderosa, de todos louvada. Jamais houve em Minh
´alma outra coisa senão a Verdade, e em Mim mesmo nada se viu a não ser Deus.” “O
Próprio Espírito Santo foi gerado em virtude de uma só letra revelada por este Espírito
Supremo – se pudésseis compreender...” “Dentro do tesouro dos Nossos conhecimentos,
jaz um que ainda não foi revelado, do qual bastaria uma só palavra – se a quiséssemos
divulgar à humanidade – para fazer todo ser humano reconhecer o Manifestante de Deus
e admitir Sua onisciência, descobrir os segredos de todas as ciências, e alcançar tal
posição que se tornasse completamente independente de toda erudição, quer do passado,
quero do futuro. Possuímos outros conhecimentos, também, dos quais nenhuma só letra
podemos revelar; tampouco achamos a humanidade capaz de ouvir a mais ligeira
referência do seu significado. Assim, Nós nos informamos do conhecimento de Deus, o
Onisciente, o Sapientíssimo.” “Aproxima-se o dia em que Deus, por um ato de Sua
Vontade, terá criado uma raça de homens cuja natureza será inescrutável para todos
exceto para Ele, o Todo-Poderoso, o Independente.” “Muito em breve fará Ele com que se
elevem do Seio da Potestade as Mãos da Ascendência e do Poder. – Mãos que se
esforçarão pela vitória deste Jovem e purificarão a humanidade da corrupção dos ímpios e
degradados. Essas Mãos serão as destemidas campeãs da Fé divina, e, em Meu Nome, o
Independente, o Poderoso, subjugarão os povos e raças da terra. Ao entrarem nas
cidades, encherão de temor os corações de todos seus habitantes. Tais são as evidências
do poder de Deus; como é temível, como é veemente Seu poder!”
Deste modo, queridos amigos, Bahá´u´lláh deu Seu próprio testemunho, por
escrito, a respeito da natureza de Sua Revelação. Já me referi às afirmações do Báb, cada
uma das quais apóia essas notáveis declarações, aumentando-lhes a força e
confirmando-lhes a verdade. O que ainda me resta considerar, relativo a este assunto,
são aquelas passagens nos escritos de ´Abdu´l-Bahá – o designado intérprete dessas
mesmas declarações – que ampliam e esclarecem mais os diversos aspectos deste
cativante tema. Tão enfática, realmente, é Sua linguagem como a de Bahá´u´lláh ou do
Báb, e não menos fervoroso é Seu tributo.
“Não apenas séculos mas eras devem passar”, afirma Ele em uma de Suas
primeiras Epístolas, “antes que a Estrela Dalva da Verdade volte a brilhar com todo seu
fulgor estival, ou apareça outra vez resplandecente em sua glória primaveril... Como
devemos ser gratos por havermos sido escolhidos, neste Dia, para sermos os recipientes
de tão grandioso favor! Oxalá tivéssemos dez mil vidas para oferecer como ação de
graças por tão raro privilégio, tão alta realização e tão inestimável dádiva!” “A mera
contemplação da Era inaugurada pela Abençoada Beleza”, acrescenta Ele, “teria sido
suficiente para deixar atônitos os santos das eras passadas, os quais tanto anelaram
participar, por um momento apenas, de sua grande glória.” “Os santos de eras e séculos
passados – todos eles sem exceção – com os olhos vertendo lágrimas na intensidade de
seu desejo, anelaram viver no Dia de Deus, ainda que fosse por um só momento. Sem
poderem satisfazer sua aspiração, porém, passaram para o Grande Além. Como é
generosa, pois a Beleza de Abhá que, sem levar em conta essa falta absoluta de
merecimento, graças à Sua Misericórdia, insuflou-me o espírito da vida neste século
divinamente iluminado, reuniu-nos sob o estandarte do Bem-Amado do mundo e se
dignou a nos conferir aquela dádiva almejada em vão pelos mais poderosos das épocas
passadas.” “As almas dos eleitos da Assembléia do alto”, afirma Ele também, “os
sagrados habitantes do Paraíso excelso, acham-se sedentos de regressar a este mundo
neste dia, a fim de prestarem qualquer serviço de que sejam capazes no limiar da Beleza
de Abhá.”
“O Esplendor da refulgente Misericórdia Divina”, declara Ele, num trecho que alude
ao crescimento e ao futuro progresso da Fé, “Envolveu todos os povos e raças da terra,
ficando o mundo inteiro imerso em sua glória radiante... Breve virá o dia em que a luz da
Divina União tenha a tal ponto penetrado o Oriente e o Ocidente que jamais homem
algum se atreverá a desprezá-la.” “Agora a Mão do Poder Divino lançou no mundo
contingente os alicerces firmes dessa suprema generosidade, desse maravilhoso dom.
Tudo o que estiver latente no mais recôndito deste sagrado ciclo há de surgir e se
manifestar gradativamente, pois agora é apenas o começo de seu crescimento, a aurora
da revelação de seus sinais. Antes do fim deste século e desta era, terá se tornado claro e
evidente como foi admirável esse período primaveril, e celestial esse dom!”
Confirmando a elevada posição do verdadeiro crente de que falara Bahá´u´lláh,
revelou Ele o seguinte: “A posição a ser atingida por aquele que haja reconhecido
verdadeiramente esta Revelação, é igual àquela destinada aos profetas da casa de Israel
que não sejam considerados Manifestantes dotados de constância.”
Quanto aos Manifestantes subseqüentes à Revelação de Bahá´u´lláh, a seguinte
declaração clara e importante é feita por ´Abdu´l-Bahá: No que concerne aos
Manifestantes que futuramente descerão nas sombras das nuvens, saibam que, em
verdade, se acham à sombra da Antiga Beleza no que diz respeito à fonte de Sua
inspiração. Em Sua relação à época em que aparecem, entretanto, cada um ´faz aquilo
que Lhe aprouver.´”
“Ó meu amigo!”, disse Ele em uma de Suas Epístolas, dirigindo-se a uma pessoa
de reconhecida autoridade e posição. “O Fogo imperecível que o Senhor do Reino acendeu
na Árvore Sagrada, flameja intensamente no âmago do mundo. A conflagração assim
provocada há de envolver toda a terra. Suas chamas ardentes iluminarão seus povos e
raças. Já se revelaram todos os sinais; já se manifestou aquilo a que os profetas
aludiram. Tudo o que as Escrituras do passado encerraram tornou-se evidente. Não mais
será possível duvidar ou hesitar... O tempo urge. O Corcel Divino impacienta-se; não
mais esperará. É nosso dever apressar-nos e, antes que seja tarde, ganhar a vitória.” E
vejamos, finalmente, este trecho tão comovente que Ele, num momento de exultação, se
sentiu impelido a dirigir a um de Seus mais fiéis e eminentes adeptos, nos primeiros dias
de Seu ministério: “Que mais posso Eu dizer? Que mais pode Minha pena relatar? Com as
vibrações de tão forte chamado, que repercute do Reino de Abhá, os ouvidos mortais
quase ensurdecem. Toda a criação parece-me cambalear e se desmoronar em
conseqüência do chamado Divino que procede do trono da glória. Mais do que isso não
posso escrever”.
Caríssimos amigos! Basta o que já foi dito, com os numerosos e variados excertos
citados das obras do Báb, de Bahá´u´lláh e de ´Abdu´l-Bahá, para convencer o leitor
consciencioso da sublimidade deste ciclo sem paralelo na história religiosa do mundo.
Seria absolutamente impossível exagerar sua significação ou dar demasiado valor à
influência que exerceu e há de continuar a exercer, cada vez mais, à medida que seu
grande sistema vá se desenvolvendo em meio ao tumulto de uma civilização já em
colapso.
Antes de prosseguir com o desenvolvimento de meu tema, entretanto, parece-me
aconselhável fazer uma advertência a quem quer que leia estas páginas. Aquele que
procura, à luz dos trechos supracitados, meditar sobre a natureza da Revelação de Bahá
´u´lláh, não deve se enganar a respeito de seu caráter ou interpretar erroneamente a
intenção de Seu Autor. De modo algum deve-se admitir um conceito errado da divindade
atribuída a um Ser tão grandioso e da encarnação completa dos nomes e das qualidades
de Deus numa Pessoa tão sublime. O templo humano que se fez o veículo de tão
transcendente Revelação deve – se nos mantivermos fiéis aos princípios de nossa Fé –
ficar sempre completamente distinto daquele “Espírito dos Espíritos”, daquela “Eterna
Essência das Essências”, daquele Deus invisível, conquanto racional, cuja Realidade
infinita, incognoscível, incorruptível, que tudo abrange, de modo algum poderia se
encarnar na forma concreta, limitada, de um ser mortal, por mais que exaltemos a
divindade daqueles Seres que O manifestam na terra. Com efeito, à luz dos ensinamentos
de Bahá´u´lláh, um Deus que pudesse de tal modo encarnar Sua própria Realidade,
deixaria imediatamente de ser Deus. Essa teoria tosca, fantástica, de encarnação divina é
tão incompatível com os princípios essenciais da crença bahá´í como o são as não menos
inadmissíveis concepções panteístas e antropomórficas de Deus, as quais os
ensinamentos de Bahá´u´lláh enfaticamente repudiam como falsas.
Aquele que, em inumeráveis passagens, disse ser Sua palavra a “Voz da
Divindade, o Chamado do Próprio Deus”, faz no Kitáb-i-Iqán a seguinte afirmação solene:
“Para todo coração esclarecido, dotado de discernimento, torna-se evidente ser Deus, a
Essência incognoscível, o Divino Ser, incomensuravelmente exaltado acima de todos os
atributos humanos, tais como existência corporal, ascensão e descida, saída e regresso...
Ele está – e sempre esteve – velado na antiga eternidade de Sua Essência, e
permanecerá na Sua Realidade eternamente oculto da vista dos homens... Elevado está,
além de toda separação e união, de toda proximidade e de todo afastamento... ´Deus
estava só; ninguém havia senão Ele´ é um testemunho seguro dessa verdade”.
“Desde os tempos imemoriais”, explica Bahá´u´lláh, falando de Deus, “Ele, o Ente
Divino, esteve velado na inefável santidade de Seu Próprio Ser excelso, e continuará a
Essência incognoscível... Dez mil Profetas, cada um Deles um Moisés, ficam atônitos no
Sinai de Sua busca, ao ouvirem a voz de Deus assim lhes proibir: ´Jamais Me verás!´,
enquanto miríades de Mensageiros, cada um tão grande como Jesus, estão cheios de
consternação em Seus tronos celestiais ante a interdição de: ´Minha Essência, nunca a
compreenderás!´ “Quanto fico perplexo, insignificante que sou”, afirma Bahá´u´lláh em
Sua comunhão com Deus, “ao tentar sondar as sagradas profundezas de Teu
conhecimento! Quão fúteis são meus esforços para conceber a magnitude do poder
inerente à Tua obra – a revelação de Teu poder criador!” “Quando contemplo, Ó meu
Deus, a relação que une a Ti”, testifica Ele em ainda outra oração revelada e escrita de
Seu próprio punho, “sinto-me impelido a proclamar a todos os seres criados: ´Em
verdade, Eu sou Deus!’; e quando considero meu próprio ser, ei-lo!, parece-me mais
grosseiro que o barro!”
“Estando assim fechada diante de todos os seres a porta para o conhecimento do
Ancião dos Dias”, diz Bahá´u´lláh ainda no Kitáb-i-Iqán, “Ele, a Fonte das graças
infinitas, fez aparecerem do reino do espírito essas luminosas Jóias de Santidade, na
nobre forma do templo humano, e se manifestarem ante todos os homens, para que
transmitissem ao mundo o conhecimento dos mistérios do Ser imutável e das sutilezas de
Sua Essência imperecedoura... Todos os Profetas de Deus, Seus eleitos, Seus santos
Mensageiros são, sem exceção, portadores de Seus Nomes e manifestam Seus
atributos... Esses Tabernáculos da Santidade, esses Espelhos Primazes que refletem a luz
da glória que não se esvaece, são apenas expressões Daquele que é o Invisível dos
Invisíveis.”
Apesar da intensidade sobrepujante de Sua Revelação, Bahá´u´lláh deve ser visto
como um desses Manifestantes de Deus, não podendo jamais ser identificado com aquela
Realidade invisível, a Essência da própria Divindade. Constitui isso um dos princípios
básicos de nossa Fé, e nunca deve qualquer adepto permitir que fique obscurecido ou que
lhe comprometa a integridade.
Embora a Revelação Bahá´í se declare a culminação de um ciclo profético e o
cumprimento da promessa de todas as eras, nem por isso pretende, sob quaisquer
circunstâncias, invalidar aqueles princípios primordiais, eternos, que eram vitais e básicos
nas religiões que a precederam. Admite e estabelece como sua própria base final e mais
firme, a mesma autoridade divina que fora concedida a cada uma dessas religiões.
Considera-as como apenas diferentes etapas na história eterna e na evolução constante
de uma só religião, divina e indivisível, da qual constitui, ela mesma, uma parte
integrante. Não pretende obscurecer-lhes a origem divina, nem menosprezar a
reconhecida magnitude de suas realizações colossais. Não admite tentativa alguma de
lhes deformar as feições ou de desacreditar as verdades que incutem. Os ensinamentos
da Revelação Bahá´í não divergem – nem pela grossura de um fio de cabelo – das
verdades que elas também encerram, e de modo algum sua imponente mensagem
diminui, por um jota ou til, a influência que as religiões anteriores exercem, ou a lealdade
que inspiram. Longe de querer derrubar o alicerce espiritual dos sistemas religiosos do
mundo, seu fim declarado e inalterável é o de lhes alargar a base, dando nova expressão
aos princípios antigos fundamentais, conciliando-lhes os propósitos e lhes restaurando a
vida. Visa demonstrar a unidade inerente a todas, restaurar a pureza primitiva dos
ensinamentos de todas, coordenando-lhes as funções e lhes facilitando a realização das
mais altas aspirações. Essas religiões divinamente reveladas – assim se expressou
graficamente alguém que as observara de perto – “são destinadas não a morrer mas sim
a renascer... ´Não é um fato que a criança sucumbe no jovem, e este no homem, e
contudo, não perece nem a criança nem o jovem?´”
“Aqueles que são as Luminárias da Verdade e os Espelhos que refletem a luz da
Unidade Divina”, explica Bahá´u´lláh no Kitáb-i-Iqán, “em qualquer época ou ciclo que
sejam enviados de suas habitações invisíveis de glória antiga, para este mundo, a fim de
educar as almas dos homens e revestir de graças todas as coisas criadas, são dotados,
invariavelmente, de um poder sobrepujante e uma soberania invencível... Esses Espelhos
santificados, essas Auroras da glória antiga, são todos, sem exceção, os expoentes na
terra Daquele que é o Orbe central do universo, a essência e o propósito final. Dele
recebem o conhecimento e o poder; Dele derivam a soberania. A beleza do semblante
deles é apenas um reflexo de Sua Imagem, e o que revelam nada mais é que um sinal de
Sua glória perene... Através deles se transmite uma graça que é infinita, e se revela a luz
que jamais se esvairá... Nunca poderá língua humana cantar louvores que lhes sejam
dignos; jamais palavra humana desvendará seu mistério”. “Essas Aves do Trono
celestial”, acrescenta Ele, “já que todas são enviadas do céu da Vontade de Deus e se
levantam para proclamar Sua Fé irresistível, devem ser consideradas como uma só alma,
com a mesma pessoa... Todas habitam no mesmo Tabernáculo, remontam ao mesmo
céu, sentam-se no mesmo Trono, proferem as mesmas palavras e proclamam a mesma
Fé. Apenas diferem na intensidade de sua revelação e na potência comparativa de sua
luz... Por não haverem essas Essências do Desprendimento manifestado exteriormente
um certo atributo divino, não quer isso dizer, de modo algum, que essas Auroras dos
atributos de Deus, esses Tesouros de Seus santos Nomes, realmente não possuíssem tal
atributo.”
Deve-se lembrar, também, de que esta Revelação, por maior que seja o poder por
ela manifestado, e não obstante o vasto alcance da Dispensação que seu Autor
inaugurou, repudia enfaticamente a pretensão de ser considerada a revelação final da
vontade e do plano de Deus para a humanidade. Adotar-se tal conceito de seu caráter e
suas funções equivaleria trair sua causa e negar sua verdade. Estaria em conflito,
necessariamente, com o princípio fundamental que constitui o alicerce sólido da crença
bahá´í, isto é, que a verdade religiosa não é absoluta, mas relativa: que a Revelação
Divina é metódica, contínua e progressiva, e não espasmódica ou final. De fato, a
categórica rejeição, pelos adeptos da Fé de Bahá´u´lláh, da pretensão à finalidade
avançada por qualquer sistema religioso inaugurado pelos Profetas do passado, é tão
clara e enfática como sua própria recusa a fazer essa pretensão no caso da Revelação
com que eles se identificam.
“Acreditar que tenha findado toda a revelação, que estejam fechados os portais da
Divina Misericórdia, que jamais dos albores da santidade terna possa nascer um sol, que
para sempre o oceano das graças imperecedouras tenha deixado de se mover, que não
mais se possam manifestar, do tabernáculo da glória antiga, os Mensageiros de Deus” –
tal crença deve constituir, aos olhos de todo seguidor da Fé, uma violação grave,
imperdoável, de um de seus princípios mais estimados e fundamentais.
Para estabelecermos sem a menor sombra de dúvida a verdade desse princípio
cardial, bastará, certamente, referirmo-nos a algumas das palavras já citadas de Bahá´u
´lláh e ´Abdu´l-Bahá. Não poderá também a seguinte passagem das Palavras Ocultas ser
interpretada como uma alusão alegórica ao caráter progressivo da Revelação Divina, uma
admissão por parte do Autor de que a Mensagem que Lhe fora confiada não seja a última,
a expressão final da vontade do Todo Poderoso? “Ó Filho da Justiça! Ao anoitecer a beleza
do Ser imortal retirou-se das alturas esmeraldas da fidelidade, indo ao Sadratu´l-
Muntahá, onde chorou com tal pranto que a assembléia no alto e os habitantes os reinos
do além gemeram por causa de Seu lamento. Com isso se perguntou: Por que os
gemidos e choro? E Ele deu a resposta: Assim como Me fora ordenado, Eu, cheio de
expectativas, esperava no monte da fidelidade, mas não percebia a fragrância da
fidelidade daqueles que habitam na terra. Ao ser chamado a regressar, olhei então, e eis
que certas aves da santidade estavam sendo atormentadas nas garras dos cães terrenos.
Com isso a Donzela do céu resplandecente, sem véu, apressou-se a sair de Sua mansão
mística, perguntou seus nomes e todos foram ditos menos um. E ao se insistir, a primeira
letra desse foi pronunciada, quando então os habitantes dos aposentos celestiais
apressaram-se a sair de sua morada e glória. E enquanto se pronunciava a segunda letra,
cada um prostrou-se sobre o pó. Nesse momento uma voz vinda do mais recôndito do
santuário se fez ouvir. “Até aí, e não além. Em verdade damos testemunho daquilo que
fizeram e agora fazem”.
Numa de suas Epístolas reveladas em Adrianópolis, atesta Bahá´u´lláh esse fato
em linguagem mais explícita: “Saibam que, em verdade, não se levantou completamente
o véu que oculta Nosso Semblante. Nós Nos revelamos num grau correspondente à
capacidade do povo de Nosso tempo. Se a Beleza Antiga se revelasse na plenitude de Sua
glória, a deslumbrante intensidade de Sua Revelação cegaria os olhos mortais.”
No Súriy-i-Sabr, revelado no ano de 1863, no mesmo dia de Sua chegada no
Jardim de Ridván, Ele faz a seguinte afirmação: “Deus enviou Seus Mensageiros para
suceder a Moisés, e Jesus, e assim continuará a fazer até ´o fim que não tem fim´; de
modo que Suas graças possam descer ininterruptamente do céu da Divina Generosidade
para os homens.”
“Não estou apreensivo por Minha própria causa”, declara Bahá´u´lláh ainda mais
explicitamente, “Meus receios são para Aquele que vos será enviado após Mim – Aquele
que será investido de grande soberania e poderoso domínio”. E ainda outra vez escreve
Ele, no Súratu´I-Haykal: “Nas palavras que revelei, não me refiro a Mim mesmo, mas
Àquele que virá depois de Mim. Testemunha disso é Deus, o Onipotente”. “Não trateis a
Ele”, acrescenta Bahá´u´lláh, “como tratastes a Mim”.
Num trecho mais detalhado de Seus escritos, o Báb sustenta a mesma verdade: “É
claro e evidente”, escreve Ele no Bayán persa, “que todas as Eras anteriores visaram
preparar o caminho para o advento de Maomé, o Apóstolo de Deus. Por sua vez, a Era
Maometana juntamente com essas tiveram em mira a Revelação proclamada pelo Qá´im.
E é o objetivo desta Revelação, como o foi das precedentes, anunciar do mesmo modo o
advento da Fé Daquele que Deus tornará manifesto. E essa Fé – a Fé Daquele que Deus
tornará manifesto – por sua vez com todas as Revelações anteriores, tem por objeto a
Manifestação destinada a sucedê-la. Também esta última, do mesmo modo que as
Revelações precedentes, preparará o caminho para a Revelação futura. Assim o processo
do nascer e do por do Sol da verdade há de continuar por um tempo indeterminado – é
um processo que não teve começo nem terá fim”.
“Saibam com segurança”, explica Bahá´u´lláh sobre esse ponto, “que em cada Era
a Luz da Revelação Divina concedida aos homens é diretamente proporcional à sua
capacidade espiritual. Considerem o sol. Como são fracos seus raios no momento em que
surge no horizonte. Quão gradual é o aumento em seu calor e sua potência à medida que
se aproxima do zênite, permitindo deste modo que todas as coisas criadas se adaptem à
crescente intensidade de sua luz. Testemunhamos, em seguida, seu declínio constante
até alcançar seu ocaso. Se as suas energias latentes se manifestassem subitamente, isso,
sem dúvida, danificaria todas as coisas criadas... De igual maneira, se o Sol da Verdade,
nas primeiras etapas de Sua manifestação, revelasse de repente os plenos poderes que a
providência do Todo-Poderoso lhe concedeu, a terra da compreensão humana seria
danificada, consumir-se-ia, pois os corações dos homens não poderiam suportar a
intensidade de sua revelação, nem seriam capazes de refletir o esplendor de sua luz.
Consternados e acabrunhados, deixariam de existir”.
É nosso dever óbvio, à luz desta nítida e concludente exposição, tornar
indubitavelmente claro – para todo aquele que busca a verdade – que, desde “o começo
que não teve começo”, os Profetas de Deus, Uno e Incognoscível, inclusive o próprio Bahá
´u´lláh, todos – como intermediários das graças divinas, expoentes de Sua unidade,
Espelhos de Sua Luz e Reveladores de Seu plano – foram incumbidos de conceder à
humanidade, em medida cada vez maior a Sua verdade, uma sempre crescente
compreensão de Sua vontade inescrutável e de Sua divina direção, e continuarão, até “o
fim que não terá fim”, a conceder ainda mais completas e poderosas revelações de Sua
ilimitada grandeza e glória.
Bem podemos ponderar em nossos corações os seguintes trechos de uma oração
revelada por Bahá´u´lláh, pois afirmam de um modo enfático a grande verdade essencial
que se encerra no próprio âmago de Sua Mensagem ao gênero humano, e fornecem mais
uma evidência de sua realidade: “Louvado Sejas Tu, Ó Senhor meu Deus, pelas
maravilhosas revelações de Teu decreto inescrutável e pelas múltiplas provações e
angústias que Tu me destinaste. Num tempo, Tu me entregaste às mãos de Nimrod; e
em outro, permitiste que a vara de Faraó me perseguisse. Somente Tu – graças à Tua
onisciência e à operação de Tua vontade – podes avaliar as incalculáveis aflições que
tenho sofrido nas mãos deles. Em outra ocasião, Tu me arrojaste na prisão dos ímpios, só
porque me sentia impelido a sussurrar nos ouvidos dos favorecidos habitantes de Teu
Reino uma ligeira idéia da visão com que Tu, pelo Teu conhecimento, me inspiraras, e
cujo significado, através da eficácia do Teu poder, Tu me havias revelado. E, em outra
ocasião, decretaste que eu fosse decapitado pela espada do infiel. Em ainda outra
ocasião, fui crucificado, por haver revelado aos olhos dos homens as jóias ocultas de Tua
gloriosa unidade, e lhes desvendado os maravilhosos sinais de Teu poder soberano e
eterno. Quão amargas as humilhações amontoadas sobre mim, numa época subseqüente,
na planície de Karbilá! Como me sentia solitário no meio de Teu povo; a que estado de
desamparo fui reduzido naquela terra! Não satisfeitos com tamanhas indignidades, meus
perseguidores decapitaram-me e, levando minha cabeça de terra em terra, exibiram-na
ante a multidão, incrédula e depositaram-na na sede dos perversos e infiéis. E em outra
época ainda, suspenderam-me, e meu peito foi alvo das flechas da crueldade maliciosa de
meus inimigos. Crivaram-me de balas os membros do meu corpo e despedaçaram-no. E
finalmente, neste dia, vê como meus inimigos traiçoeiros se têm aliado contra mim e
tramado continuamente para instilar nas almas de Teus servos o veneno do ódio e da
malícia. Recorrem a toda maquinação possível a fim de realizar seu propósito. Por
pesaroso que seja meu dilema, Ó Deus, meu Bem-Amado, agradeço-Te, e meu espírito
está cheio de gratidão por qualquer coisa que me tenha sucedido no caminho da Tua
vontade. Estou muito contente por aquilo que ordenaste para mim, e acolherei com
prazer, por mais aflitivas que sejam, as angústias e tristezas que me sobrevierem”.

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