Sinopse: Inspirado na História da Península Ibérica, Os Leões de Al-Rassan é uma épica e comovente história sobre amor, lealdades divididas e aquilo que acontece aos homens e mulheres quando crenças apaixonadas conspiram para refazer – ou destruir – o mundo. Lar de três culturas muito diferentes, Al-Rassan é uma terra de beleza sedutora e história violenta. A paz entre Jaddites, Asharites e Kindath é precária e frágil, mas é precisamente a sombra que separa os povos que acaba por unir três personagens extraordinárias: o orgulhoso Ammar ibn Khairan – poeta, diplomata e soldado, o corajoso Rodrigo Belmonte – famoso líder militar, e a bela e sensual Jehane bet Ishak – física brilhante. Três figuras cuja vida se irá cruzar devido a uma série de eventos marcantes que levam Al-Rassan ao limiar da guerra.
Às vezes é bom ser surpreendida e foi, de facto, isso que aconteceu, quando recebi Os Leões de Al-Rassan, de Guy Gavriel Kay. Não estava (ainda) na minha lista de desejos, mas, assim que li a sinopse, algo me cativou. Agora que acabei de o ler só posso recomendar. Maravilhosamente escrito, com retratos fantásticos de sítios imaginários, transporta-nos para um mundo extraordinário a cada virar de página. A obra do autor é, sem dúvida, para acompanhar.
Numa Península Ibérica medieval dividida e preenchida por três crenças distintas, vive-se uma acalmia precária. A ambição dos senhores Jaditas do Norte choca com o desejo de mais poder dos Asharitas, no Sul. E, no meio destes, vivem os Kindates, odiados por ambos. Al-Rassan é o ponto de discórdia entre Jaditas e Asharitas e o centro de poder que todos desejam conquistar.
Apesar de todos os conflitos religiosos e políticos, surge uma amizade estreita entre um estranho trio de personagens: a médica kindate Jehane; o capitão jadita Rodrigo Belmonte; e o político e poeta asharita Ammar ibn Khairan. As diferenças entre eles, que vamos acompanhando ao longo da leitura, fortalecem a sua amizade. São as suas histórias, dos seus povos e das personagens que os rodeiam que seguimos. O autor deu a estas personagens o dom de verem para além das crenças religiosas, por isso, Jehane, Rodrigo e Ammar estão constantemente a surpreender e a cativar o leitor. Assimilamos os seus medos, o seu sofrimento, os seus desejos, as suas dúvidas e sentimo-nos presentes nas suas vidas.
Confesso que, inicialmente, foi difícil acompanhar a leitura, devido aos vários nomes de personagens e de regiões. Porém, com o tempo, tudo se foi tornando mais claro e, devido à escrita realista e colorida do autor, foi ganhando corpo. De facto, as descrições são um dos pontos fortes desta obra, transportando-nos para zonas belas, cheias de vida e carregadas de um misticismo que nos envolve. Gostei particularmente da forma como o autor descreve os acontecimentos e, depois, volta atrás, redescrevendo-o, permitindo-nos conhecer várias perspectivas e apreender diferentes pormenores. Um constante limbo entre o passado e o presente.
Por o fim estar ainda tão recente, talvez não vos saiba transmitir quanto este livro me tocou. Sugiro que leiam e se deleitem. Vão-se emocionar - como tive de aguentar lágrimas... -, vão viajar por terras distantes, vão conhecer personagens fortes e fantásticas - destaco as femininas - e vão ficar a pensar no mundo que vos rodeia - pessoalmente, criei, sem querer, um paralelismo entre o livro e o conflito israelo-palestiniano. Apesar de existirem várias fases marcantes no livro, foi esta frase que me tocou, por ser tão real e intemporal: "'O Alvar e a minha querida pessoa, tal como nos encontramos humildemente à sua frente, somos a prova de que homens oriundos de mundos diferentes podem combinar e unificar esses mesmos mundos. De que podemos pegar nas coisas mais requintadas de cada um deles, para formar um novo todo, brilhante e imperecível.' "
9/10 - Excelente
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