quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Coraline e a Porta Secreta

"Na nova casa de Coraline Jones existem vinte e uma janelas e catorze portas.Treze estão abertas mas há uma que está sempre fechada. E é precisamente essa porta misteriosa que desperta uma curiosidade inquietante em Coraline, levando-a a descobrir uma passagem secreta para uma casa aparentemente igual à sua. Mas depressa se apercebe de que algo de estranho se passa. Incrédula, Coraline assiste a um cenário invulgar: anjos que flutuam, livros com imagens que se contorcem, crânios de pequenos dinossauros que tiritam os dentes quando ela passa, cães e gatos que falam, brinquedos animados e os seus próprios pais que a acolhem neste novo mundo. Mas como podem os seus pais ter botões pretos no lugar de olhos? E por que motivo querem estes novos pais aprisionar os antigos num espelho existente no corredor? Será que ela está simplesmente a sonhar ou na verdade já não pertence ao mundo real?"

Uma vez que o filme estreia amanhã, dia 19, voltei esta semana a ler história de Coraline - gosto de ir ao cinema sempre após ter lido o livro e sempre com a narrativa ainda bem fresquinha na memória. Manias...

Coraline não é o típico livro para crianças - apesar da personagem principal ser uma criança como todos fomos com os seus medos, a sua vontade de explorar e de saber e coma qual não temos dificuldade nenhuma em identificarmo-nos. Coraline não é um livro para crianças que pode ser lido (com prazer) por adultos. Coraline é um livro adulto para crianças. Nesta obra, Neil Gaiman serve-se da sua mestria para criar uma história sublime que nos faz pensar verdadeiramente na vida e no que ela representa para nós, bem como naquilo que é realmente importante.
A história tem o seu início quando Coraline e os pais se mudam para uma velha casa remodelada na qual ela descobre a existência de uma porta que, por vezes, não leva a lugar nenhum mas que em determinadas circunstâncias a leva a um mundo, à primeira vista, muito idêntico aos seu onde tudo parece perfeito.

No decorrer desta história Gaiman aborda não apenas os nossos receios mais infantis mas também as nossas inquietações mais adultas como o medo da solidão, a morte, a desilusão, a perda e sobretudo a necessidade de encontrar uma força interior que nos leve a avançar e enfrentar aquilo que a vida nos reserva. Patente está também a temática bastante actual que, na minha opinião, é um dos grandes problemas da vida moderna - tudo aquilo que perdemos, às vezes sem querer; as coisas realmente importantes, que não se repetem e que nos passam ao lado simplesmente porque não estamos a olhar, porque não lhes prestamos a devida atenção.

Enfim, não quero adiantar muito sobre a história em si, apenas posso dizer que é bastante interessante e agrada tanto a miúdos como a graúdos. Ainda assim, para quem já tem mais maturidade, a mensagem subjacente e a forma como é transmitida demonstram claramente o génio de Gaiman. Uma coisa não me sai da cabeça depois de reler este livro... Nunca queremos verdadeiramente aquilo que desejamos...


9/10

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