quarta-feira, 16 de julho de 2008

Declaração de José de Arimatéia

CAPÍTULO 1
Eu sou José de Arimatéia, aquele que pediu a Pilatos o corpo do Senhor Jesus para
sepultá-lo, e que por este motivo se encontra agora acorrentado e oprimido pelos Judeus,
assassinos e rebeldes a Deus, os quais, além disso, tendo a lei em seu poder, foram a causa
de aflições para o próprio Moisés e, depois de enraivecer o legislador e de não haverem
reconhecido a Deus, crucificaram o Filho de Deus, coisa que ficou bem caracterizada para
quem conhecia a condição do Crucificado. Sete dias antes da paixão de Cristo, foram
enviados de Jericó ao governador Pilatos dois ladrões cujas culpas eram as seguintes:
O primeiro, chamado Gestas, costumava matar viajantes com a espada, ou deixava-os
nus. Quanto às mulheres, ele as pendurava pelos tornozelos, de cabeça para baixo, para
depois cortar-lhes os seios. Tinha predileção por beber o sangue das crianças. Nunca
conheceu a Deus, não obedecia às leis e, violento com era, vinha executando tais ações
desde o início de sua vida.
O segundo, por sua vez, chamava-se Dimas, era de origem galiléia e possuía uma
pousada. Assaltava os ricos, mas favorecia os pobres. Mesmo sendo ladrão, parecia-se a
Tobias, já que costumava sepultar os mortos. Dedicava-se a saquear a turba dos judeus.
Roubou os Livros da Lei em Jerusalém, deixou nua a filha de Caifás, que era na época a
sacerdotisa do santuário, e até mesmo furtou o depósito secreto, colocado por Salomão.
Tais eram seus feitos.
Também Jesus foi detido na tarde do dia 3 antes da Páscoa. E não havia festa nem para
Caifás nem para a turba dos judeus, mas sim uma enorme aflição, por causa do roubo do
santuário, que havia sido praticado pelo ladrão. Chamando a Judas Iscariotes, falaram com
ele. É necessário dizer que este era sobrinho de Caifás, não era discípulo sincero de Jesus,
mas havia sido dolosamente instigado por toda a turba de judeus para que o seguisse. E
isto, não com a finalidade de que se deixasse convencer pelas façanhas que Ele operava,
nem para que O reconhecesse, mas sim para apanhar-Lhe em alguma mentira. E por esta
gloriosa empreitada, davam-lhe presentes e um dracma de ouro por dia. Na época, já estava
há dois anos na companhia de Jesus, como disse um dos discípulos, chamado João.
Três dias antes de Jesus haver sido detido, Judas disse aos judeus:
— Eia! Usemos o pretexto de que não foi o ladrão que furtou os Livros da Lei, mas,
sim, Jesus em pessoa. Eu próprio comprometo-me a fazer a acusação.
Enquanto isto era dito, Nicodemus, encarregado das chaves do santuário, veio juntarse
a nós e dirigiu-se a todos, dizendo:
— Não façam tal coisa.
Sabe-se que Nicodemus era mais sincero do que todos os judeus juntos. Mas a filha de
Caifás, chamada Sara, disse aos gritos:
— Pois ele falou deste lugar santo na frente de todos: sou capaz de destruir este templo
e levantá-lo em três dias.
Ao que os judeus responderam:
— Damos-te todos os nossos votos de confiança, — já que tinham-na como profetisa.
Uma vez realizado consenso, Jesus foi detido.

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