Quando a santíssima e gloriosa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, segundo o seu
costume, ia ao sepulcro do Senhor para queimar aromas e dobrava seus santos joelhos,
costumava suplicar a Cristo, seu filho e nosso Deus, que se dignasse vir até ela.
Ao notar a assiduidade com que ela se acercava da sagrada tumba, os judeus foram até
os príncipes dos sacerdotes para dizer-lhes: "Maria vai todos os dias ao sepulcro". Aqueles
chamaram os guardas que haviam sido colocados ali com o objetivo de impedir que alguém
se aproximasse para orar junto ao sagrado monumento, e começaram a fazer averiguações
para saber se era verdade o que se dizia com relação a ela. Os guardas responderam que não
haviam notado nada, pois de fato, Deus não lhes permitia aperceberem-se da sua presença.
Certo dia, numa sexta-feira, a santa Maria foi, como de costume, ao sepulcro. E,
enquanto estava orando, aconteceu que os céus se abriram e o arcanjo Gabriel desceu até
ela e lhe disse: "Deus a salve, ó mãe de Cristo nosso Deus; tua oração, depois de atravessar
os céus, chegou até a presença de teu Filho e foi ouvida. Por isto abandonarás o mundo
daqui a pouco e partirás, conforme teu pedido, para as mansões celestiais, ao lado de teu
Filho, para viver a vida autêntica e perene".
Tendo ouvido isto dos lábios do santo arcanjo, voltou até a cidade santa de Belém,
tendo junto de si as três donzelas que a atendiam. Quando, então, repousava um pouco,
ergueu-se e disse-lhes: "Trazei-me um incensório, que vou orar". E elas o trouxeram,
conforme lhes havia sido ordenado.
Depois pôs-se a orar desta maneira: "Senhor meu Jesus Cristo, que por tua extrema
bondade houveste por bem ser gerado por mim, ouve minha voz e envia-me o teu apóstolo
João para que a sua visão me propicie o início da boa sorte. Manda-me também o restante
dos teus apóstolos, aqueles que já foram ter contigo e aqueles que ainda se encontram nesta
vida, de onde estiverem, para que, ao vê-los novamente, possa eu abençoar teu nome,
sempre louvável. Sinto-me animada porque atendes à tua serva em todas as coisas".
Quando ela estava orando, eu, João, apresentei-me, já que fui arrebatado pelo Espírito
Santo que me trouxe de Éfeso sobre uma nuvem, deixando-me depois no lugar onde estava
a mãe de meu Senhor. Entrei, então, até onde ela se encontrava e dei graças ao seu Filho;
depois disse: "Salve, ó mãe de meu Senhor, aquela que gerou a Cristo nosso Deus; alegrate,
porque irás sair deste mundo muito gloriosamente".
A santa mãe de Deus louvou a Deus porque eu, João, havia chegado junto a ela,
lembrando-se daquela voz do Senhor que disse: "Eis aqui a tua mãe e eis aqui o teu filho".
Nesse momento as três jovens vieram e prostraram-se diante dela.
Então a santa mãe de Deus dirigiu-se a mim, dizendo-me: "Vem orar e jogar incenso".
Eu orei desta maneira: "Senhor Jesus Cristo, que fizeste tantas maravilhas, faz alguma
também neste momento, à vista daquela que Te gerou; que tua mãe saia desta vida e que
sejam abatidos aqueles que Te crucificaram e aqueles que não acreditaram em Ti".
Depois que dei por terminada minha oração, a santa Maria disse-me: "Traz-me o
incensório". E, tomando-o, ela exclamou: "Glória a Ti, meu Deus e Senhor, foi cumprido
em mim o que prometeste antes de subir aos céus, que, quando fosse a minha vez de sair
deste mundo, virias ao meu encontro cheio de glória e rodeado de uma multidão de anjos".
Então eu, João, disse-lhe: "Jesus Cristo, nosso Senhor e Deus, já está para vir; e tu o
verás, conforme Ele prometeu". Ao que respondeu a santa mãe de Deus: "Os judeus
fizeram o juramento de queimar meu corpo quando eu morreu". Eu respondi: "Teu santo e
precioso corpo não verá a corrupção". Ela então replicou: "Anda, pega o incensório,
esparze incenso e ora". E do céu veio uma voz dizendo amém.
BAIXAR PDF
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário