segunda-feira, 20 de abril de 2009

Trajetória evolutiva, de Felino Alves de Jesus

TRECHO:
Prólogo
O ambiente confuso em que se encontra mergulhada a humanidade, no qual as
ambições e paixões descomedidas, os vícios, se entrechocam violentamente, há de
produzir, embora paradoxalmente, o despertar inteligente da criatura, quanto à sua
própria razão de existir, à sua composição astral e física, quanto enfim, ao seu contínuo
caminhar evolutivo, tendente a elevá-la, em último estágio, à Inteligência Máxima, à
Inteligência Universal.
Os obstáculos e dificuldades que se contrapõem à marcha livre e desimpedida da
criatura humana produzem-lhe tais lutas, tantos sofrimentos, tamanha quantidade de
desilusões, que as conseqüências imediatas são de molde, já, a fazê-la duvidar da
veracidade e da eficácia dos falsos dogmas e preconceitos religiosos, assim como de
certas afirmativas absurdas e materialistas da Ciência.
E esta fuga do raciocínio humano ao domínio político e sectário das religiões, será
função direta das lutas e sofrimentos por que passarão os seres na ânsia instintiva de
afirmarem sua existência.
Pelo sofrimento acordará o homem e se libertará de sua tremenda tendência
adoratória aos falsos ídolos religiosos, de sua inexaurível capacidade de imploração das
graças divinas; chegará à conclusão de que de nada vale implorar, de nada vale adorar;
aprenderá que é, ele próprio, o verdadeiro construtor de sua felicidade espiritual, agindo,
que esteja, perfeitamente de acordo com as leis naturais e imutáveis que regem as
ligações, as relações mútuas existentes entre os dois únicos Princípios reais do
Universo: o Princípio Força e o Princípio Matéria.
Por isso reafirmamos, convictamente, que, embora paradoxo, o tremendo
ambiente confuso que asfixia a humanidade será o instrumento seguro para a sua
liberdade mental, espiritual, porque a forte densidade de entrechoques de paixões nele
existentes vai resultar-lhe em lutas cada vez mais rudes.
E desde que o homem se liberte do domínio sectário, religioso, compreenderá sua
própria composição astral e física, saberá utilizar-se dos dois princípios existentes no
Universo – Forca e Matéria – e aprenderá, sobretudo a utilizar o Pensamento para
adquirir os elementos que lhe permitirão caminhar seguramente pela estrada evolutiva,
cuja estação final é de compreensão demasiado transcendente, ainda, para o curto
campo de lucidez intelectual que possuímos.
Estamos, ainda, nas primeiras estações, nos primeiros estágios da viagem
evolutiva e ininterrupta, cujo ponto terminal será a reunião em uma massa única final de
Inteligência de todas as partículas de Inteligências esparsas.
Esta noção de intensidade do campo de lucidez intelectual é muito fácil de
compreender.
Evidentemente não se pode conversar com uma criança do “jardim da infância” a
respeito, mesmo, das primeiras noções de álgebra elementar, e, no entanto, esse assunto é considerado, geralmente, fácil, entre os alunos do curso ginasial. Paralelamente, o
ginasiano não compreenderá as transcendências matemáticas próprias dos técnicos, dos
engenheiros. – Deverá a criança do “jardim da infância” chorar porque não consegue
compreender a álgebra elementar? É claro que não: ela deverá continuar a estudar,
segundo um método racional e próprio para sua idade, a fim de que, anos após, possa
compreender o que inicialmente lhe surgia como insolúvel a misterioso: a álgebra
elementar. – E deverá, por outro lado, desesperar-se o ginasiano, considerar-se um inútil
intelectual, por não ser capaz de assimilar a matemática própria dos engenheiros? Seria,
também, absurdo, e isto realmente não acontece na prática. O ginasiano limita-se a
estudar os assuntos constantes dos programas previamente preparados pelos professores,
que, práticos e experimentados, dosam os conhecimentos a ministrar, de modo a tornálo
apto a aprender, futuramente, os mais elevados e difíceis problemas técnicos.
Cada um deve, somente, de acordo com as suas possibilidades mentais, tentar
compreender o que realmente estiver dentro da zona de ação do seu campo de lucidez
intelectual.
O homem, em geral, é vaidoso, e se julga, já, possuidor de uma considerável
bagagem intelectual. Entretanto, atentemos ao seguinte: a velocidade da luz é de
300.000 quilômetros por segundo, isto é, a luz, ante a diminuta precisão dos sentidos
físicos, se nos apresenta como de propagação instantânea; por outro lado, os raios
cósmicos que alcançam o planeta Terra provêm de pontos tão distantes que, viajando
com a velocidade da luz, gastam anos para até nós chegarem. Por aí podemos aquilatar
da pequenez, da humildade do planeta Terra. – Ora, sendo tão humilde o nosso planeta, por que não considerarmos no mesmo
plano a Inteligência nele contida?
Assim, pois, seguros de não conseguirmos compreender, materialmente, aquilo
que só nosso futuro progresso espiritual nos permitirá apreender, tratemos de pôr em
prática os ensinamentos que dilatarão o nosso campo de lucidez espiritual, saibamos
obedecer às relações que unem os dois únicos Princípios existentes no Universo – o
Princípio-Força e o Princípio-Matéria – estabeleçamos, finalmente, um equilíbrio
harmônico entre o plano espiritual e o plano material.
Para isso libertemo-nos, antes de tudo, do domínio das seitas e religiões, que
apenas têm tornado o homem um fraco, um medroso, um escravo.
A finalidade deste trabalho é tentar atrair a atenção do leitor para o conhecimento
de si próprio e de seu papel no Universo.
Nos dois capítulos iniciais é feito um estudo rápido sobre a matéria e a energia, tal
como no-las apresentam cientistas e filósofos.
As noções científicas utilizadas estão expostas em caráter bastante elementar de
modo a poderem ser apreendidas facilmente.
Uma vez estudadas, matéria e energia, como elas se nos apresentam apoiadas nos
cálculos físicos e químicos, solicita, insistentemente , o nosso raciocínio, a existência de
um outro princípio, que não o princípio matéria e energia, para, em conjunto, ambos
transformarem a complicada heterogeneidade de funções de nosso corpo na perfeita
homogeneidade fisiológica com que elas maravilhosamente surgem ante as minuciosas
pesquisas dos cientistas.
Afirmam, entretanto, em geral, os fisiologistas, que as manifestações de vida, e
mesmo de inteligência, nada mais são que propriedades da matéria, embora concordem
que a matéria componente do corpo humano é exatamente a mesma matéria inanimada
conhecida.
Mas a verdade é que devem eles próprios, os fisiologistas, sentir-se hesitantes e
confusos ao afirmarem serem os movimentos executados pelo homem, o equilíbrio e o
funcionamento de seu complexo corpo, as vibrações da matéria cerebral nada mais que
propriedades da matéria. – Então, as maravilhosas concepções humanas, as Artes, as Ciências em geral,
serão apenas emanações, propriedades da matéria? Desaparecerá, portanto, a
personalidade humana, com a morte do corpo, uma vez que a matéria desagregada deste
corpo volte a outros estados, tomando novas formas?
Evidentemente há um outro princípio, o Princípio-Inteligência, que animando e
excitando a matéria inanimada, nos apresenta a solução para problemas considerados,
anteriormente, insolúveis e misteriosos.
O capítulo 3 apresenta, condensadamente, a doutrina Racionalista Cristã.
Os capítulos 5, 6 e 7 estudam a ação vibratória nos fenômenos físicos e químicos,
noções ligeiras sobre sintonia, o homem como um aparelho receptor-transmissor de
fluidos espirituais, a ação do pensamento, o médium, como ele age, a obsessão etc.
Também nestes capítulos as noções científicas estão apresentadas
elementarmente.
Finalmente, o trabalho é concluído com considerações gerais sobre o que foi
exposto.
As citações extraídas de obras de outros autores estão colocadas entre aspas com
as respectivas indicações de suas origens.
Se o que o leitor vai ler despertar sua curiosidade, poderá encontrar nas obras
básicas Racionalismo Cristão e A vida fora da matéria conhecimentos mais amplos, que
lhe servirão como um guia seguro na sua trajetória pelo planeta Terra.
Felino Alves de Jesus
Rio de Janeiro, 1947

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