sábado, 31 de maio de 2008
Feira do Livro Infantil na Assírio e Alvim
Arte da Leitura em Cascais... para continuar
VESTIBULANDO DIGITAL GRAMÁTICA
Este DVD traz em 16 aulas os temas de Gramática que mais caem nos vestibulares mais concorridos do país. Sandra Fanco, graduada em Letras e Direito, é a especialista convidada para ministrar as aulas, por possuir 15 anos de experiência no ensino da Língua Portuguesa para alunos do Ensino Médio, Cursos Pré-Vestibulares e Ensino Superior.
*Aulas
1.Introdução ao Uso da Gramática - Estudo da Oração com Sujeito
2.Estudo da Oração sem Sujeito
3.Predicação Verbal
4.Predicado
5.Termos ligados a Nomes nas Orações
6.Termos da Oração e Emprego da Vírgula
7.Relação entre Orações: Coordenadas e Orações Subordinadas Subjuntivas
8.Período composto: Orações Subordinadas Adjetivas
9.Período composto: Orações Subordinadas Adverbiais e Orações reduzidas
10.Regência Verbal
11.Crase
12.Verbo I
13.Verbo II
14.Concordância Nominal
15.Concordância Verbal
16.Colocação Pronominal
Tamanho: 1,24 Gb
Áudio: Português
Formato: wmv
Gênero: educativo
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Arte da Leitura em Jornada Dupla
O que se faz por aí... tão bem
Sociedade Espiritualista Mata Virgem - Curso de Umbanda: HISTÓRIA DA UMBANDA
Esses "ataques" do rapaz, eram caracterizados por posturas de um velho, falando coisas sem sentido e desconexas, como se fosse outra pessoa que havia vivido em outra época. Muitas vezes assumia uma forma que parecia a de um felino lépido e desembaraçado que mostrava conhecer muitas coisas da natureza.
Após examiná-lo durante vários dias, o médico da família recomendou que seria melhor encaminhá-lo a um padre, pois o médico (que era tio do paciente), dizia que a loucura do rapaz não se enquadrava em nada que ele havia conhecido. Acreditava mais, era que o menino estava endemoniado.
Alguém da família sugeriu que "isso era coisa de espiritismo" e que era melhor levá-lo à Federação Espírita de Niterói, presidida na época por José de Souza. No dia 15 de novembro, o jovem Zélio foi convidado a participar da sessão, tomando um lugar à mesa.
Tomado por uma força estranha e alheia a sua vontade, e contrariando as normas que impediam o afastamento de qualquer dos componentes da mesa, Zélio levantou-se e disse: "Aqui está faltando uma flor". Saiu da sala indo ao jardim e voltando após com uma flor, que colocou no centro da mesa. Essa atitude causou um enorme tumulto entre os presentes. Restabelecidos os trabalhos, manifestaram-se nos médiuns kardecistas espíritos que se diziam pretos escravos e índios.
O diretor dos trabalhos achou tudo aquilo um absurdo e advertiu-os com aspereza, citando o "seu atraso espiritual" e convidando-os a se retirarem.
Após esse incidente, novamente uma força estranha tomou o jovem Zélio e através dele falou: _"Porque repelem a presença desses espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens. Será por causa de suas origens sociais e da cor ?"
Seguiu-se um diálogo acalorado, e os responsáveis pela sessão procuravam doutrinar e afastar o espírito desconhecido, que desenvolvia uma argumentação segura.
Um médium vidente perguntou: _"Por quê o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados, são claramente atrasados? Por quê fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz? E qual o seu nome irmão?
_"Se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim, não haverá caminhos fechados."
_"O que você vê em mim, são restos de uma existência anterior. Fui padre e o meu nome era Gabriel Malagrida. Acusado de bruxaria fui sacrificado na fogueira da Inquisição em Lisboa, no ano de 1761. Mas em minha última existência física, Deus concedeu-me o privilégio de nascer como caboclo brasileiro."
Anunciou também o tipo de missão que trazia do Astral:
_"Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã (16 de novembro) estarei na casa de meu aparelho, às 20 horas, para dar início a um culto em que estes irmãos poderão dar suas mensagens e, assim, cumprir missão que o Plano Espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados.”
O vidente retrucou: _"Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto" ? perguntou com ironia. E o espírito já identificado disse:
_"Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei".
Para finalizar o caboclo completou:
_"Deus, em sua infinita Bondade, estabeleceu na morte, o grande nivelador universal, rico ou pobre, poderoso ou humilde, todos se tornariam iguais na morte, mas vocês, homens preconceituosos, não contentes em estabelecer diferenças entre os vivos, procuram levar essas mesmas diferenças até mesmo além da barreira da morte. Porque não podem nos visitar esses humildes trabalhadores do espaço, se apesar de não haverem sido pessoas socialmente importantes na Terra, também trazem importantes mensagens do além?"
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A Rapariga que Inventou um Sonho
Esta obra que reúne 24 contos escritos por Murakami entre 1981 e 2005 é um elogio à arte de bem escrever.
Cada um dos pequenos textos conta a história de uma personagem diferente, quando confrontada com um acontecimento ou uma imagem fora do vulgar.
Murakami, além de escrever sedutoramente, é um escritor absolutamente louco. Cada uma das suas histórias é fruto de uma imaginação mirabolante, de uma ideia que à partida pode ser mesmo absolutamente descabida, chegando ao ponto de um leitor absolutamente racional poder achar o livro demasiado longe da realidade, absolutamente fantasioso.
Apesar de considerarmos que Murakami sai fora do padrão habitual do que se escreve, a verdade é que este autor fala de pessoas e retrata-as de uma forma tão profunda que por vezes chegará ao mais intimo intelecto, aquele onde os nossos pensamentos fogem também por vezes dos cânones da normalidade.
Sou um fã de Murakami. Bebo cada uma das suas frases como se fosse a último e tento dosear a leitura dos seus livros. Não quero acaba-los já. Quero saber que depois de tantos livros que apenas nos trazem algo que pode ser expectável, existe sempre uma ideia de Murakami que nos ilumina e nos permite sonhar.
Aconselho vivamente, não apenas este livro, mas toda a sua obra. Murakami é um best seller mundial. Provavelmente não serei apenas eu que o considero verdadeiramente genial!
Fim de Tarde em Mossul
Lynne O’Donnell é uma jornalista australiana, que em 2003 estava no Iraque a cobrir os acontecimentos da invasão americana, ao serviço do Irish Times.
Como ela própria explica, sendo mulher estava habituada “a ser ignorada e esquecida pela maior parte dos homens com quem entrava em contacto no Médio Oriente e noutros países muçulmanos” mas por outro lado, tinha uma vantagem vedada aos seus colegas do sexo masculino “podia interagir com as mulheres dos países muçulmanos” e ter “acesso à metade oculta das sociedades tradicionais.”
Graças a isso, conhece Pauline e Margaret, duas britânicas casadas com iraquianos, que viviam desde os anos 70 no Iraque.
Através delas, das suas palavras, de excertos do diário de Pauline, Lynne dá-nos uma imagem muito mais íntima da realidade monstruosa da guerra.
“1 de Abril (dia 13)
Uma bela manhã. Parece uma loucura: as flores das pereiras e os rebentos das laranjeiras apareceram nas árvores do meu jardim, estou a pendurar roupa lá fora e está a decorrer um ataque aéreo.”
Este livro deixa-nos uma sensação amarga de vulnerabilidade, hoje está tudo bem, mas amanhã, se os senhores da guerra assim decidirem, a nossa casa, a nossa vida, os nossos sonhos, podem não ser mais que destroços.
Lynne O’Donnell escreve bem, com uma humanidade limpa e comovente, mas sobretudo sabe ouvir e dar voz às vítimas da guerra.
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Lynne O’Donnell
Fim de tarde em Mossul
Editorial Presença, €15,00
O Confessor
Mesmo os não-fãs de livros policiais, provavelmente devorariam este livro, porque Daniel Silva escreve bem, muito bem mesmo (com um cheirinho a Graham Greene) e consegue manter o suspense do princípio ao fim, mas não é só isso!
Na nota de autor, diz-nos: “O Confessor é uma obra de ficção. Os cardeais e clérigos, espiões e assassinos, polícias secretos e sociedades secretas da Igreja retratados neste romance são fruto da imaginação do autor ou foram usados ficcionalmente. Qualquer semelhança com qualquer pessoa, viva ou morta, é inteiramente uma coincidência.”
Lamentavelmente é uma obra de ficção!
E porquê lamentavelmente? Porque a acção desenvolve-se à volta dos segredos do Vaticano, das sociedades secretas ligadas à Cúria Romana... só que o Papa eleito após “o polaco”, é um Papa com a determinação e a coragem necessárias para acabar com os secretismos e as máfias dentro do Vaticano e ainda a humildade de reconhecer publicamente, a tortuosa participação da Igreja com a Alemanha nazi, durante a II Gerra Mundial.
Uma trama envolvente com espiões, assassinos profissionais, padres e cardeais, uns quantos mortos, a inevitável eficiência da Mossad e milagre dos milagres, um Papa de mãos e ideias limpas... ficção claro!
Um bom livro para levar para férias.
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Daniel Silva
O Confessor
Bertrand Editorial, 16.95€
Viva o Benfica!
A força do Benfica vê-e nestas pequenas grandes coisas que vão acontecendo até a... sportinguistas: colocar no título do seu livro a palavra benfiquista.
Claro que haverá, numa ou noutra crónica, um olhar enviesado próprio de quem fala de paixões (futebol, clubes, etc.). É óbvio... no entanto, o resultado é um livro divertido, mordaz até.
Histórias/crónicas com um humor inteligente que fez com que até eu, benfiquista confesso, me rendesse a este leão da escrita.
Uma vida com Karol
Toda a sua vida foi dedicada a tentar mudar o mundo, lutar pela paz entre os homens, nas difíceis lutas que aconteceram ao longo da sua vida. Tentando fazê-lo pela palavra de Deus e não pelo envolvimento político, pondo em risco muitas vezes a sua integridade física. Outra das suas lutas foi usando sempre a palavra de Deus tentar conseguir que todas as religiões se unissem à volta do mesmo evangelho.
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Stanislao Dziwisz/Gian Franco Svidercoschi
Uma Vida Com Karol
A Esfera dos Livros, 17€
Estantes (XII)
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Dragonlance - desenho
Will Meugniot
Release Date:
15 January 2008 (USA) morePlot:
A barbarian woman with a miraculous healing staff gains the help of a group of to-be heroes as an army of dragons invades the land. full summary | full synopsis (warning! may contain spoilers)Magia Sexual
Para se ter uma idéia, é só dar uma olhada nos habitantes de algumas regiões pobres do mundo.
Eles são privados de quase tudo, mas mesmo assim continuam “fazendo filhos”.
Nas nossas entranhas reside uma energia que tem o potencial de criar qualquer realidade que queiramos.
Infelizmente, a maioria dos seres humanos tem uma relação de amor e ódio com o sexo, que é refletida de muitas maneiras, ex: promiscuidade, perversões autodestrutivas, intolerância religiosa, negações, abusos, estupro, etc...
Religiões têm feito muito para suprimir nossa natureza sexual, e tem mantido as pessoas ignorantes em relação ao uso desta nossa energia divina.
Quando nós aceitamos nossa natureza e energia sexual, ficamos livres para usar todos os seus poderes em nosso benefício.
Desta forma, não vamos mais adorá-la ou ignorá-la, e sim entrar em harmonia, e olhar para nossa sexualidade como parte da nossa divindade.
Assim, isto se tornará alegre, leve e amoroso, e aprenderemos a usar o sexo não só para a procriação ou gratificação sensual.
Sexo é energia criativa
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Luciferianismo
Eu tenho observado o Luciferianismo sendo caracterizado como satanismo ateu, satanismo cristão, e as vezes coisas bem piores. O "Luciferianismo" está se tornando rapidamente uma palavra conhecida, e ainda mais incompreendida.
Neste texto, irei apresentar mostrar da melhor maneira possível, seu verdadeiro significado.
Lucifer não é Satan, como muitos acreditam. Mesmo no Cristianismo, Lúcifer e Satan são entidades diferentes, sendo Lúcifer o " Diabo" mais poderoso, e Satan sendo o segundo no comando infernal. Lúcifer é constantemente identificado como Portador da Luz , a Estrela da Manhã, a última a desaparecer ao nascer-do-sol. Lúcifer, antes de tudo, é sinônimo de orgulho. Na mitologia cristã, Lúcifer era um anjo perfeito, o mais poderoso depois do Deus cristão. Enquanto servia a Deus no paraíso, Lúcifer secretamente desejava, não usurpar, mas possuir os mesmos direitos de seu "superior". Lúcifer utilizou sua sagacidade e perfeição para conseguir o apoio de um-terço dos anjos celestiais. Por causa disto, foram atirados em um abismo de sofrimento, conhecido por inferno. Assim sendo, Lúcifer não aceitou se subornar a Deus, e preferiu reinar em seu próprio domínio. Satan, por outro lado, era o acusador. Satan significa o adversário. Mas mitos ou dogmas importam pouco.
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Fui Roubada aos Meus Pais
A obra da colecção Grandes Narrativas, publicada em Portugal pela mão da Editorial Presença, foi escrita pela própria Céline Giraud com a ajuda da jornalista Émilie Trevert. Ela é – sem margem para qualquer dúvida – um relato nu e cru de uma triste e negra realidade. Céline fala da sua investigação, onde se destacam todos os detalhes do seu próprio rapto. O relato retrata ainda o reencontro inimaginável com a sua mãe biológica, assim como, a história das outras duas dezenas de crianças também roubadas no mesmo dia. Num todo, o livro deixa o alerta para a questão do tráfico de crianças ainda hoje bem patente nos países mais pobres do mundo. É, segundo a própria, um aviso para, por exemplo, os 25 mil casais franceses que se encontram em lista de espera para concretizar uma adopção, e que não devem ignorar estes riscos. Para todos os interessados neste tipo de acontecimentos, recomendamos (da mesma editora) “Tenho 13 anos, fui Vendida” de Patricia Mc Cormick.
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Céline Giraud
Fui Roubada aos Meus Pais
Editorial Presença, 15 €
quarta-feira, 28 de maio de 2008
A menina de lá
ROSA, Guimarães. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.
A menina de lá
Sua casa ficava para trás da serra do Mim, quase no meio de um brejo de água limpa, lugar chamado o Temor-de-Deus. O Pai, pequeno sitiante, lidava com vacas e arroz; a Mãe, urucuiana, nunca tirava o terço da mão, mesmo quando matando galinhas ou passando descompostura em alguém. E ela, menininha, por nome Maria, Nhinhinha dita, nascera já muito para miúda, cabeçudota e com olhos enormes.
Não que parecesse olhar ou enxergar de propósito. Parava quieta, não queria bruxas de pano, brinquedo nenhum, sempre sentadinha onde se achasse, pouco se mexia. – "Ninguém entende muita coisa que ela fala..." dizia o Pai, com certo espanto. Menos pela estranhez das palavras, pois só em raro ela perguntava, por exemplo: – "Ele xurugou?" – e, vai ver, quem e o quê, jamais se saberia. Mas, pelo esquisito do juízo ou enfeitado do sentido. Com riso imprevisto: – "Tatu não vê a lua..." – ela falasse. Ou referia estórias, absurdas, vagas, tudo muito curto: da abelha que se voou para uma nuvem; de uma porção de meninas e meninos sentados a uma mesa de doces, comprida, comprida, por tempo que nem se acabava; ou da precisão de se fazer lista das coisas todas que no dia por dia a gente vem perdendo. Só a pura vida.
Em geral, porém Nhinhinha, com seus nem quatro anos, não incomodava ninguém, e não se fazia notada, a não ser pela perfeita calma, imobilidade e silêncios. Nem parecia gostar ou desgostar especialmente de coisa ou pessoa nenhuma. Botavam para ela a comida, ela continuava sentada, o prato de folha no colo, comia logo a carne ou o ovo, os torresmos, o do que fosse mais gostoso e atraente, e ia consumindo depois o resto, feijão, angu, ou arroz, abóbora, com artística lentidão. De vê-la tão perpétua e imperturbada, a gente se assustava de repente. – "Nhinhinha, que é que você está fazendo?" – perguntava-se. E ela respondia, alongada, sorrida, moduladamente: – "Eu... to-u... fa-a-zendo". Fazia vácuos. Seria mesmo seu tanto tolinha?
Nada a intimidava. Ouvia o Pai querendo que a Mãe coasse um café forte, e comentava, se sorrindo: – "Menino pidão... Menino pidão..." Costumava também dirigir-se à Mãe desse jeito: – "Menina grande... Menina grande..." Com isso Pai e Mãe davam de zangar-se. Em vão. Nhinhinha murmurava só: – "Deixa... Deixa..." – suasibilíssinia, inábil como uma flor. O mesmo dizia quando vinham chamá-la para qualquer novidade, dessas de entusiasmar adultos e crianças. Não se importava com os acontecimentos. Tranqüila, mas viçosa em saúde. Ninguém tinha real poder sobre ela, não se sabiam suas preferências. Como puni-la? E, bater-lhe, não ousassem; nem havia motivo. Mas, o respeito que tinha por Mãe e Pai, parecia mais uma engraçada espécie de tolerância. E Nhinhinha gostava de mim.
Conversávamos, agora. Ela apreciava o casacão da noite – "Cheiinhas!" – olhava as estrelas, deléveis, sobre-humanas. Chamava-as de "estrelinhas pia-pia". Repetia: – "Tudo nascendo!" – essa sua exclamação dileta, em muitas ocasiões, com o deferir de um sorriso. E o ar. Dizia que o ar estava com cheiro de lembrança – "A gente não vê quando o vento se acaba..." Estava no quintal, vestidinha de amarelo. O que falava, às vezes era comum, a gente é que ouvia exagerado: – "Alturas de urubuir..." Não, dissera só: – "... altura de urubu não ir". O dedinho chegava quase no céu. Lembrou-se de: – "Jabuticaba de vem-me-ver..." Suspirava depois: – "Eu quero ir para lá". Aonde? – "Não sei." Aí, observou: – "O passarinho desapareceu de cantar..." De fato, o passarinho tinha estado cantando, e, no escorregar do tempo, eu pensava que não estivesse ouvindo; agora, ele se interrompera. Eu disse: – "A Avezinha". De por diante, Nhinhinha passou a chamar o sabiá de "Senhora Vizinha..." E tinha respostas mais longas: – "Eeu? Tou fazendo saudade." Outra hora, falava-se de parentes já mortos, ela riu: – "Vou visitar eles..." Ralhei, dei conselhos, disse que ela estava com a lua. Olhou-me, zombaz, seus olhos muito perspectivos: – "Ele te xurugou?" Nunca mais vi Nhinhinha.
Sei, porém, que foi por aí que ela começou a fazer milagres.
Nem Mãe nem Pai acharam logo a maravilha, repentina. Mas Tiantônia. Parece que foi de manhã. Nhinhinha, só, sentada olhando o nada diante das pessoas: - "Eu queria o sapo vir aqui." Se bem a ouviram, pensaram fosse um patranhar, o de seus disparates, de sempre. Tiantônia, por vezo, acenou-lhe com o dedo. Mas, aí, reto, aos pulinhos, o ser entrava na sala, para aos pés de Nhinhinha – e não o sapo de papo, mas bela rã brejeira, vinda do verduroso, a rã verdíssima. Visita dessas jamais acontecera. E ela riu: – "Está trabalhando um feitiço..." Os outros se pasmaram; silenciaram demais.
Dias depois, com o mesmo sossego: – "Eu queria uma pamonhinha de goiabada..." – sussurrou; e, nem bem meia hora, chegou uma dona, de longe, que trazia os pãezinhos da goiabada enrolada na palha. Aquilo, quem entendia? Nem os outros prodígios, que vieram se seguindo. O que ela queria, que falava, súbito acontecia. Só que queria muito pouco, e sempre as coisas levianas e descuidosas, o que não põe nem quita. Assim, quando a Mãe adoeceu de dores, que eram de nenhum remédio, não houve fazer com que Nhinhinha lhe falasse a cura. Sorria apenas, segredando seu – "Deixa... Deixa..." – não a podiam despersuadir. Mas veio, vagarosa, abraçou a mãe e a beijou, quentinha. A Mãe, que a olhava com estarrecida fé, sarou-se então, num minuto. Souberam que ela tinha também outros modos.
Decidiram de guardar segredo. Não viessem ali os curiosos, gente maldosa e interesseira, com escândalos. Ou os padres, o bispo, quisessem tomar conta da menina, levá-la para sério convento. Ninguém, nem os parentes de mais perto, devia saber. Também, o Pai, Tiantônia e a Mãe, nem queriam versar conversas, sentiam um medo extraordinário da coisa. Achavam ilusão.
O que ao Pai, aos poucos, pegava a aborrecer, era que de tudo não se tirasse o sensato proveito. Veio a seca, maior, até o brejo ameaçava de se estorricar. Experimentaram pedir a Nhinhinha: que quisesse a chuva. - "Mas, não pode, ué..." – ela sacudiu a cabecinha. Instaram-se: que, se não, se acabava tudo, o leite, o arroz, a carne, os doces, frutas, o melado. – "Deixa... Deixa..." – se sorria, repousada, chegou a fechar os olhos, ao insistirem, no súbito adormecer das andorinhas.
Daí a duas manhãs, quis: queria o arco-íris. Choveu. E logo aparecia o arco-da-velha, sobressaído em verde e o vermelho – que era mais um vivo cor-de-rosa. Nhinhinha se alegrou, fora do sério, à tarde do dia, com a refrescação. Fez o que nunca se lhe vira, pular e correr por casa e quintal. – "Adivinhou passarinho verde?" - Pai e Mãe se perguntavam. Esses, os passarinhos, cantavam, deputados de um reino. Mas houve que, a certo momento, Tiantônia repreendesse a menina, muito brava, muito forte, sem usos, até a Mãe e o Pai não entenderam aquilo, não gostaram. E Nhinhinha, branda, tornou a ficar sentadinha, inalterada que nem se sonhasse, ainda mais imóvel, com seu passarinho-verde pensamento. Pai e Mãe cochichavam, contentes: que, quando ela crescesse e tomasse juízo, ia poder ajudar muito a eles, conforme à Providência decerto prazia que fosse.
E, vai, Nhinhinha adoeceu e morreu. Diz-se que da má água desses ares. Todos os vivos atos se passam longe demais.
Desabado aquele feito, houve muitas diversas dores, de todos, dos de casa: um de-repente enorme. A Mãe, o Pai, e Tiantônia davam conta de que era a mesma coisa que se cada um deles tivesse morrido por metade. E mais para repassar o coração de se ver quando a Mãe desfiava o terço, mas em vez das ave-marias podendo só gemer aquilo de – "Menina grande... Menina grande..." – com toda ferocidade. E o Pai alisava com as mãos o tamboretinho em que Nhinhinha se sentava tanto, e em que ele mesmo se sentar não podia, que com o peso de seu corpo de homem o tamboretinho se quebrava.
Agora, precisavam de mandar recado, ao arraial, para fazerem o caixão e aprontarem o enterro, com acompanhamento de virgens e anjos. Aí, Tiantônia tomou coragem, carecia de contar: que, naquele dia, do arco-íris da chuva, do passarinho, Nhinhinha tinha falado despropositado desatino, por isso com ela ralhara. O que fora: que queria um caixãozinho cor-de-rosa, com enfeites verdes brilhantes... A agouraria! Agora, era para se encomendar o caixãozinho assim, sua vontade?
O pai, em bruscas lágrimas, esbravejou: que não! Ah, que, se consentisse nisso, era como tomar culpa, estar ajudando ainda a Nhinhinha a morrer...
A Mãe queria, ela começou a discutir com o Pai. Mas, no mais choro, se serenou – o sorriso tão bom, tão grande – suspensão num pensamento: que não era preciso encomendar, nem explicar, pois havia de sair bem assim, do jeito, cor-de-rosa com verdes funebrilhos, porque era, tinha de ser! – pelo milagre, o de sua filhinha em glória, Santa Nhinhinha.
A Técnica Funcional Da Lei De Deus, de Pietro Ubaldi
Com o presente volume encerramos a terceira triologia da Segunda obra, que é uma série de aplicações e conseqüências da teoria em que a obra se fundamenta. Foi possível, desse modo, submeter a teoria a um controle experimental, pondo-o em contato com os fatos, em busca da verdade, que nos oferece um sólido testemunho. O fato de a prática confirmar a teoria, dá-nos total segurança.
Creio, pois, que mantive o compromisso assumido e cumpri o dever de explicar tudo às almas sedentas de conhecimento. Desejo-lhes que seja seu grande júbilo, como foi o meu, tudo compreender e ver com clareza os grandes problemas da vida, saindo do estado nebuloso da fé e do mistério. De volume em volume, conduzi o leitor através do longo caminho do conhecimento e agora, atravessado esse Oceano, creio ter chegado com ele ao porto. Ensinando-lhe a dar à vida um sentido altíssimo, pude demonstra-lhe essa possibilidade, com suprema utilidade; dando à minha própria vida uma expressão que a tornasse digna de ser vivida.
Não ofereci fé, mas segurança; não mistérios, mas demonstrações; não convidei a crer, mas a compreender. De cada afirmação dei uma prova, baseada em fatos, e, finalmente, depois de tê-las exposto, ainda submeti as teorias a controle experimental. Este é o estilo da nova religião científica, aquela que, sem negar as antigas, as continua e as demonstra, tornando-a necessariamente aceitável, assim como para quem sabe pensar é convincente tudo aquilo que é racionalmente demonstrado e experimentalmente controlado. Isso torna uma religião tão positiva e universal quanto à ciência, colocando-a acima das divisões existentes entre suas rivais.
É conhecido o conceito de uma lei que tudo dirige. Mas não basta falar dela em termos gerais. Por isso, neste volume, nos adentramos ao tema, para ver com que técnica funciona esta lei. O conhecimento alcançado é de extrema utilidade prática porque explica as causas da dor e como não semeá-las, evitando suas conseqüências. Desse modo, aprende-se conhecer qual é a gênese de nosso destino e a corrigi-lo quando estiver errado. A vida é canalizada ao longo de sua própria via de desenvolvimento, aprendendo-se, assim, a não viver não loucamente como acontece com os involuídos, mas de forma inteligente como os evoluídos, de acordo com uma técnica, verdadeira arte, técnica essa que se pode chamar a Técnica da Libertação.
Este livro é, pois, prático, utilitário, benéfico, porque através de uma cerrada psicanálise, nos conduz a Deus. É um livro que, por meio de uma racional planificação da vida, leva à redenção e à salvação. Mas, para compreendê-lo, seria bom ler os livros precedentes, os mais recentes que deram origem a este, pelo menos um deles: O Sistema, porque as referências à teoria aí exposta sobre S (Sistema) e AS (Anti-Sistema) são freqüentes. Terminei esse trabalho no meu octogésimo terceiro ano de idade, 1969, atravessando uma enfermidade que ameaçou matar-me. Mas o espírito venceu, a lei funcionou como já descrevi neste volume, e assim posso pôr-me ao trabalho de um novo livro, a fim de que a Obra, nascida no Natal de 1931, esteja acabada no devido momento, isto é, no Natal de 1971.
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Marina e Maurício no Salão...
Naquela sala, indiretamente, Marina Colasanti - sem querer, querendo - disse à todos que um bom contador de histórias pode sim, incentivar a leitura. Maurício Leite usa de objetos em suas apresentações, assim como usa o livro. Os Tapetes Contadores de Histórias, usam objetos em seu excepcional trabalho, assim como usam o livro. Outros tantos também assim o fazem. A FNLIJ - Fundação NAcional do Livro Infantil e Juvenil, condena qualquer ação que não se prenda exclusivamente à leitura dos livros. Diz que o "resto" não incentiva a leitura. É mero entretenimento. Mergulhado na minha insignificância teórica, mas na força da prática que exerço, e sem as amarras políticas que envolvem tudo em torno da FNLIJ, digo que as palavras de Maurício Leite, repetidas por Marina Colasanti naquela sala na noite de segunda feira, soaram como música em meus ouvidos. Ao final de cada Firimfimfoca, por exemplo, os pais saem em busca dos livros da Sylvia Orthof atendendo ao pedido dos filhos.
O salão da FNLIJ é sim, o grande momento da litratura infantil e juvenil brasileira, como escreveu Socorro Acioli num comentário neste blog. É mais: um grande encontro de artistas do livro. É também um balcão de negócios. A mais organizada feira de livros que já vi. Porém, exitem muitos arte-educadores que usam o livro e suas histórias - e outros elementos - com talento e sucesso, despertando o gosto pela leitura, que não têm seu trabalho valorizado por esta instituição que tanto preza o livro e a criança. A FNLIJ merece todos os aplausos, mas - assim como qualquer mortal - não está imune a críticas. De um lado e de outro, todos queremos despertar nas crianças o gosto, o prazer pela leitura seja através de programas governamentais e projetos de incentivo à leitura ou práticas individuais. Queremos o mesmo: mais bibliotecas, mais mediadores, mais arte-educadores, mais leitores com prazer em ler. Hatuna Matata.
Premiando...
P.S. Eu te Amo - filme (legendas em português)
Holly Kennedy (Hilary Swank) é casada com Gerry (Gerard Butler), um irlandês engraçado por quem é completamente apaixonada. Porém quando Gerry morre devido a uma doença a vida de Holly também acaba, já que ela entra em profunda depressão. Mas o que ela não esperava era que, imaginando que isto poderia acontecer, Gerry deixou para ela diversas cartas antes de morrer. Cada uma delas busca guiar Holly no caminho de sua recuperação, não apenas da dor pela sua perda mas também de sua própria redescoberta.
Ficha Técnica
Título Original: P.S. I Love You
Gênero: Romance
Tempo de Duração: 126 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2007
Site Oficial: http://psiloveyoumovie.warnerbros.com
Estúdio: Alcon Entertainment / Wendy Finerman Productions / Grosvenor Park Productions
Distribuição: Warner Bros. Pictures / Paris Filmes
Direção: Richard LaGravanese
Roteiro: Steven Rogers e Richard LaGravanese, baseado em livro de Cecelia Ahern
Produção: Wendy Finerman, Broderick Johnson, Andrew A. Kosove e Moly Smith
Música: John Powell
Fotografia: Terry Stacey
Desenho de Produção: Shepherd Frankel
Direção de Arte: Doug Huszti
Figurino: Cindy Evans
Edição: David Moritz
Efeitos Especiais: Team FX Ltd. / Lola Visual Effects
Elenco
Hilary Swank (Holly Kennedy)
Gerard Butler (Gerry Kennedy)
Lisa Kudrow (Denise Hennessey)
Gina Gershon (Sharon McCarthy)
James Marsters (John McCarthy)
Kathy Bates (Patricia Rawley)
Harry Connick Jr. (Daniel Connelly)
Nellie McKay (Ciara)
Jeffrey Dean Morgan (William "Billy" Gallagher)
Dean Winters (Tom)
Anne Kent (Rose Kennedy)
Brian McGrath (Martin Kennedy)
Sherie Rene Scott (Barbara)
Susan Blackwell (Vicky)
Michael Countryman (Ted)
Brian Munn (Patsy)
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Livro que deu origem ao filme disponível em nosso acervo. Acesse www.viciadosemlivros.com.br
terça-feira, 27 de maio de 2008
VESTIBULANDO DIGITAL REDAÇÃO
Neste DVD da série "Vestibulando Digital - Redação", são abordados os temas de composição e linguagem que mais caem nos vestibulares. Todas as aulas são dadas pela professora de Português Sandra Franco, graduada em Letras e Direito, e com experiência no ensino de Língua Portuguesa para alunos do ensino médio, curso pré-vestibular e ensino superior.
*Aulas
01. Tipos de Texto
06. Delimitação do Tema e Elaboração da Tese
07. Argumentação e Linguagem Dissertativa
08. Coesão e Coerência Textuais
Ver para Crer na EB 2/3 João Gonçalves Zarco, em Algés
UMBERTO ECO
LANÇAMENTO DIGITAL SOURCE - Diversos Autores - 67 Roteiros Cinematográficos
Título: 67 Roteiros Cinematográficos
Autor: Diversos
Gênero: Roteiros para Filmes
Coletânea de 67 Roteiros de filmes brasileiros.
Compilação preparada por: Sofie
Disponíveis para download:
A_SELVA
Almir Correia - os saltimbancos no fim do mundo
Ana Luiza Azevedo - A Importância do Curriculo na carreira artistica
andré klotzel - memorias postumas
Andre Oliveira de Moraes - Esquadrão da morte
André Oliveira de Moraes - Rio Apocalipse
ANDRÉA MARIZ - tudo ao mesmo tempo agora
Angel Palomero - O Resto é silêncio
Angelo Clemente Sganzerla - Aos espanhóis confinantes
Angelo Clemente Sganzerla - Vivo numa ilha
Anna Muylaert - Durval discos
Armando Costa e Denise Bandeira - Bar esperança
Beto Philomena - O Bochecha
Braulio Mantovani - Cidade de deus
Carlos Gerbase - Faustina
Carlos Gerbase - Inverno
Carlos Gerbase - O Amante amador
Carlos Gerbase - Sal de Prata
Carlos Gerbase e Jorge Furtado - Tolerancia
Cazé Neto - perversidade
Christian Maleus - quando as vozes chegam
Colapso RBS
Daniel Fischer Hackbart - O chefao do trafico
David França Mendes - o caminho das nuvens
Di Moretti - CABRA CEGA
Di Moretti - Latitude Zero
Douglas Machado - CIPRIANO
Fabiano de Souza e Emiliano Urbim - TUDO NUM DIA SÓ
Felipe Chusyd - Por vias tortas
Geraldo Veloso e Jorge Moreno O Circo das Qualidades Humanas - Filme
Guilherme de Almeida Prado - A dama do cine Shanghai
GUILHERME DE ALMEIDA PRADO - A Hora Mágica
Hector Babenco, Fernando Bonassi e Victor Navas - Carandiru
JC Sibila Barbosa - Doida
Joao Nunes - O julgamento
Jorge Furtado - A felicidade é...estrada
Jorge Furtado - Houve uma vez dois verões
Jorge Furtado - O homem que copiava
Jorge Furtado - SANEAMENTO BÁSICO, o Filme
Jorge Furtado - Três Minutos
Jorge Furtado e Ana Luiza Azevedo - Dona Cristina perdeu a memória
Jorge Furtado e Carlos Gerbase - Anchietanos
Jorge Furtado e Giba Assis Brasil - Dia de visita
Jorge Furtado e Guel Arraes - A Hora da Estrela
Jorge Furtado e Guel Arraes - As Três palavras divinas
Jorge Furtado e Guel Arraes - Meia encarnada dura de sangue
Jorge Furtado e Guel Arraes - MEU TIO MATOU UM CARA
Jorge Furtado e Guel Arraes - Negro Bonifácio
Jorge Furtado e outros - Jogos do amor e do acaso
Julio Conte - A coisa certa
Lais Chaffe - Identidade
LUÍS CARLOS SILVA EIRAS - O Teste de Turing
Lygia Fagundes Teles - AS MENINAS
Marçal Aquino - O_Invasor
Marcelo Pires - AEROPLANOS
Marcos Reis - traicao
Miguel da Costa Franco - O Último desejo do Dr.Genarinho
Neusa Braga Ximenes - É LAMPIÃO!
O homem do ano
Por Amor
Roberto Farias - pra frente brazil
Rosane Lima e Sergio Goldenberg - Bendito Fruto
Rubem Fonseca - Bufo e Spallanzani
se_eu_fosse_voce
Sergio Porto - A desinibida do Grajau
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Tabajara Ruas - NETTO PERDE SUA ALMA
Tomas Créus - A FOME E A VONTADE DE COMER
segunda-feira, 26 de maio de 2008
Livros do Plano - Capitães da Areia
A descrição do dia a dia do bando de meninos de rua mais temido da Bahia torna-se aliciante a cada novo episódio, à medida que o leitor se embrenha no conhecimento das personagens e das suas actividades. Furtos, rixas, e até violações constam do cardápio que Jorge Amado nos oferece, a par de sentimentos de raiva, angústia, profunda revolta. A solidão dos elementos principais da narrativa (Pedro Bala, Professor, Sem Pernas, João Grande, Pirulito, Volta Seca, Gato…) funde-se com o rigoroso cumprimento de regras de honra e respeito que estabelecem entre si e para com aqueles que os estimam, como o Padre José Pedro ou Don’Aninha. A voz omnisciente do narrador veste, a cada capítulo, a pele de um dos meninos, aclarando os paradoxos interiores que o assola, denunciando sempre a ambiguidade da sua condição natural de criança ou adolescente que se esconde numa imagem exterior de violência, e com a qual muitas vezes não sabe lidar.
A densidade das personagens não permite que os seus actos sejam legitimados e que estas apareçam apenas na sua condição de vítimas, que obviamente são. O realismo do discurso, a gíria e o calão, o recurso ao diálogo e às descrições muito visuais conferem à narrativa uma leitura quase cinematográfica. A câmara acompanha os passos de um ou mais meninos numa sequência, surge em seguida um flashback contextual, numa nova sequência, retomando enfim a acção principal. Em todas elas, observam-se sempre grandes planos de pormenores do rosto, das expressões ou dos movimentos de cada um. A atenção dos elementos do bando serve precisamente a tensão diegética, e é a partir dos seus olhos que se vêem as várias condições sociais da Bahia, com as suas preocupações, os seus pecadilhos privados, as suas demonstrações de poder e os seus preconceitos.
É claramente um livro político, no sentido em que se denuncia a desigualdade continuada entre ricos e pobres, e em que os Capitães da Areia são um paradigma irónico de múltiplos sentidos, já que são temidos por todos, mas ninguém os quer conhecer, imaginando que os seus líderes serão adultos e não adolescentes entre os 12 e os 15 anos, cuja necessidade tornou espertos, multifacetados e unidos, numa organização invejada por muitos. Certo é que este bando, que ainda reserva uma dose privilegiada de inocência (como acontece quando Volta Seca e Sem Pernas vão trabalhar no velho carrossel de Nhozinho França), serve como exemplo embrionário do que mais tarde poderá ser a violência gratuita de adultos que se alicerçam sobre a descriminação e parcial julgamento da sociedade dita de bem. A poeticidade da linguagem de Jorge Amado alimenta a sintaxe com ritmos sensuais, despojados e lânguidos, para subitamente os interromper num surto de dor. Neste balancear tecem-se as linhas de um romance cuja principal marca será não evitar os conflitos, nunca dourar um cenário mas sim evidenciar a beleza e a fealdade do mundo. E o leitor cede à tentação de acrescentar… como ele é.
Acordo Ortográfico com dicionário
Muito útil para estudantes e para todos os que pretendem continuar a escrever em língua portuguesa, digamos, revista e actualizada.
Dicionário da Língua Portuguesa 2009-Acordo Ortográfico
Umbanda e Espiritismo, de José Queid Tufaile Huaixan
Para compreendermos as origens da Umbanda precisamos entender que o mundo não se resume só
nas atividades, nem na cultura que observamos à nossa volta. Cada país, cada povo, possui seu
atavismo cultural, sua bagagem histórica.
Atavismo é o conjunto de valores morais, físicos e culturais que cada nação possui e que foram
herdados das gerações antecedentes. Essas experiências são passadas de geração a geração, mantendo
ao longo da história, uma gama de características comportamentais que identificam os povos e as
nações.
Carl Gustav Jung (Suíça, 1875-1961), eminente estudioso do psiquismo humano, afirmou que o
atavismo é provocado por um mecanismo que ele denominava "inconsciente coletivo", cujos conteúdos
são arquétipos, isto é, representantes comuns dos instintos nas diferentes culturas. É nesse sistema que
os costumes, conhecimentos e valores dos antepassados se deslocam pelo hábito e por uma espécie de
espírito conservador para as gerações vindouras. Chega-se a dizer popularmente que os jovens
possuem no "sangue" muitos valores e defeitos dos seus antepassados. Ora, nós espíritas sabemos que
a alma não herda caracteres morais ou intelectuais daqueles que se constituíram em pais carnais do
indivíduo. Portanto, o inconsciente coletivo é mesmo um mecanismo de transferência de valores.
Para se entender a Umbanda é preciso primeiro compreender como foi formada a sociedade brasileira
e quais são suas raízes étnicas. Uma seita, culto ou religião, instala-se num dado grupo social quando
encontra elementos culturais favoráveis à sua proliferação.
Quais são, pois, as características sócio-culturais da sociedade brasileira? Vejamos: Sabe-se que no
Brasil existe uma mistura muito grande de raças. Se, por um lado, esse fato deixou o brasileiro sem
identidade definida, por outro fez com que a nação se transformasse num verdadeiro berço, onde
qualquer Espírito encarnado encontra espaço para suas realizações. Daí a facilidade para frutificar
idéias religiosas de diversificadas tendências.
Quem chega ao país, depois de certo tempo acaba sentindo-se em casa, dada a diversidade de raças e
costumes. No princípio, no entanto, não foi assim. Ao desembarcar no continente no ano de 1500, os
colonizadores portugueses encontraram aqui uma significativa nação indígena. No passar do tempo,
esses povos foram dominados e subjugados pelos conquistadores europeus. O reflexo desse domínio
perdura até os dias de hoje na forma de perseguições, abandono e preconceitos contra as tribos
aborígenes. Pode-se, pois, afirmar que a primeira raiz do povo brasileiro é o índio.
Habituados à vida na natureza, os silvícolas não se adaptaram ao que os brancos queriam com sua
diferente cultura e reagiam como podiam ao trabalho escravo, imposto pelos novos donos da terra.
As "capitanias", imensas fazendas feudais, deveriam produzir riquezas destinadas à Coroa Portuguesa.
Mas faltava mão de obra. Os índios não se mostravam dispostos a servirem de força de trabalho. Onde
se poderia arranjar trabalhadores capazes de cumprir com as obrigações do campo? Na Europa
certamente não seria. Ninguém por lá estava disposto a deixar as delícias da Corte para encarar o
serviço braçal numa terra quente, cheia de mosquitos, doenças e outras coisas mais, a não ser os
degredados, e obviamente porque lhes era imposto.
Tiveram então a idéia de buscar na África o elemento negro. Não tendo razões lógicas para convencer
esses irmãos a deixarem sua terra, empreenderam verdadeiras caçadas, caracterizadas pela forma
desumana com eram executadas. Nascia o tráfico de escravos negros. E, eles foram trazidos para o
país em grande quantidade. Muitos dos que embarcavam nos imundos navios negreiros, nunca
chegavam a desembarcar na terra tupiniquim, pois ao serem tratados como animais, adoeciam e era
atirados aos tubarões para que não contaminassem o resto da "carga". O negro: eis a segunda raiz de
nossa gente!
Antes do aparecimento do povo brasileiro, cada uma dessas duas raças, o índio e o negro, já trazia
particularmente sua história milenar e, com ela, um patrimônio cultural e religioso. Ao misturarem-se,
pela convivência, com a cultura européia trazida pelos descobridores, pelos aventureiros e mais tarde
pelos imigrantes, deram origem ao conhecido "povo brasileiro".
A Umbanda foi fundada no Brasil por razões diversas. Uma delas é essa bagagem religiosa atávica que
nos liga ao passado do negro e do índio (pretos-velhos e caboclos). Ela teve facilidade para crescer
nesse sítio espiritual. Outra razão, foi a de desenvolver junto ao povo, um trabalho mais voltado para
os interesses imediatistas, popularescos.
A Umbanda também nasceu em terras brasileiras para atuar na solução de certos processos obsessivos,
não alcançados pela prática espírita da época: a magia negra.
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