Quando mergulhei em “A Estrada” da Relógio D´Água Editores tive logo a sensação de já ter lido o livro num qualquer recanto da minha habitação. É que, de início, a narrativa faz imediatamente jus ao título, e passa-nos num ápice a imagem de duas pessoas – pai e filho - de mochilas às costas a caminhar pela berma fora sem saber o que os espera ao longo desta longa e sinuosa andança. Mas, estava enganado. Só a estada é igual. Tudo o resto é muito diferente. É único! Os transtornos e aventuras destes dois americanos que caminham velozmente em direcção à costa são de tal forma enriquecedores e extraordinários que não podiam ter sido lidos em mais lugar nenhum. Passa-se na América, mas poderia passar-se aqui mesmo ao lado, ou noutro qualquer lugar deste ou de outro planeta. Os detalhes dos espaços e os percalços da acção aliados à finura dos personagens são te tal forma minuciosos que cairão, certamente, um destes dias, nas mãos de um qualquer realizador de Hollywood. Esta é uma viagem feita em cenário obscuro, frio e tenebroso, quase apocalíptico. Uma caminhada marcada pela fome e a roçar, muitas vezes, o medo e a morte O romance de Cormac McCarthy é um verdadeira hino à sobrevivência, mas ao mesmo tempo ao amor de pai para filho. A revista nova-iorquina Newsweek parece ter razão quando não hesitou em defender que, “a cada livro, Cormac McCarthy vai alargando o território da ficção norte-americana.”
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Cormac McCarthy
A Estrada
Relógio d'Água, 14€
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