Ao lermos o artigo de ontem no Jornal Público (cuja versão reduzida pode ser conferida aqui), constatamos que o grau de escolaridade está associado ao interesse pela leitura, e que a importância das famílias na mediação e promoção é cada vez mais premente. Apesar dos projectos desenvolvidos no pré-escolar e no 1º ciclo, o enquadramento cultural das crianças condiciona, embora não de forma absoluta, a sua relação com o livro. Quando este está apenas associado à escolarização e ao tendencial sucesso escolar torna-se um elemento instrumental e não afectivo na vida dos mais novos.
Se um dos grandes méritos do Plano é, indiscutivelmente, facilitar o acesso mais democrático e generalizado ao livro, é essencial que a leitura ganhe um espaço paralelo ao da escola, especialmente ao da sala de aula de língua portuguesa. Por isso, as Bibliotecas Escolares não devem ser vistas como substitutas das Bibliotecas Municipais e sim parceiras. Parceiras no fundo que oferecem, nas actividades e iniciativas que desenvolvem. Se a Biblioteca Escolar está mais próxima, está também mais fortemente associada ao código da escola. Por seu lado, a Biblioteca Municipal é um espaço de liberdade para os leitores, que não são avaliados por professores ou colegas pelas escolhas que fazem. Para além disso, na Biblioteca Municipal o leitor observa outros leitores anónimos, com idades, comportamentos e motivações diversas, que constituem exemplos.
O envolvimento dos pais é fundamental, mas deve ser conduzido cuidadosamente, para que não sejam eles os primeiros a instrumentalizar a leitura, transformando-a em mais uma ferramenta para garantir o futuro académico ou profissional dos filhos. Os pais, enquanto paradigma fundador, devem ser ajudados a descobrir, também eles, o prazer de ler. Tal como se refere no artigo, é importante apostar na promoção da leitura junto dos adultos. E muitas vezes não há melhor argumento para o conseguir que os próprios filhos.
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