quinta-feira, 3 de abril de 2008

O Composto Dos Compostos, de Alberto o Grande

INTRODUÇÃO
de Rubellus Petrinus

Alberto o Grande, chamado também Alberto Magno, nasceu numa família nobre dos condes de Bollstad, em Lawingem, ducado de Neuburg, no ano de 1193. Ingressou na Ordem dos Pregadores de S. Domingos, onde esteve até 1222. Era um homem muito inteligente. Ensinou Teologia e Filosofia nas escolas da Ordem e adquiriu fama em toda a Europa, pela variedade e profundidade dos seus conhecimentos. Em Colónia, distinguiu Tomás de Aquino entre os seus alunos, com o qual manteve sempre uma estreita amizade. Acompanhado por ele, dirigiu-se a Paris em 1245, para se graduar em Magister. Deu diversos cursos publicamente.

Estudou, mais tarde, em Veneza, na escola de Giordano. Voltou a Colónia em 1248. Em 1254, foi nomeado Provincial dos dominicanos e, em 1260, bispo de Ratisbona. Renunciou a todos os cargos no ano de 1263 e retirou-se num convento de Colónia, consagrando-se exclusivamente aos estudos.

Escreveu numerosos tratados sobre diversos temas, entre os quais, Teologia e Alquimia. Desfrutou entre os seus contemporâneos de indiscutível autoridade e, por isso, se dizia: "Albertus, Magnus em Magia, maior em Filosofia, máximo em Teologia". Morreu em Colónia com oitenta e sete anos a 8 de Abril de 1280.

Alberto o Grande, foi um dos maiores alquimistas do passado. O Composto dos Compostos é a sua obra mais importante. Tal como Raimundo Lúlio, Basílio Valentim, Nicolau Flamel e outros grandes alquimistas, o Mestre escreveu, esta obra, também em linguagem clara, o que não é usual fazer-se. Por isso, foi grande a sua generosidade para com os filhos da Arte.

Mas, não se iludam os que pensam que, pelo facto dela ter sido escrita em linguagem clara, a poderão realizar facilmente. A sua compreensão, tal como outrora, continua vedada àqueles que não tenham conhecimentos alquímicos e espagíricos, bem como das artes e ofícios daquela época.

Por isso, aconselhamos todos aqueles que desejarem ir mais além e tentarem fazer esta obra, que estudem o Traité de la Chymie de Cristophle Glaser, boticário ordinário do Rei e de Monsenhor o Duque de Orleans, Paris 1661, ou o Cours de Chymie do seu discípulo M. Lemery, doutor em medicina da Academia Real das Ciências, Paris, 1750.

Antes de terminar esta introdução, desejamos, também, dar alguns conselhos aos estudantes interessados na nossa Arte: todas as matérias referidas nesta obra, deverão ser canónicas e preparadas como manda a Arte.

O vitríolo deverá ser extraído da água infiltrada nas minas de pirite ou de calcopirite que escorrendo para o exterior das minas a céu aberto, forma aí, pequenos lagos; o azougue comum, proveniente da destilação do cinábrio natural; o salitre e o sal amoníaco de origem animal ou revivificados; o sal comum, proveniente das salinas e, por fim, o tártaro dos tonéis de vinho e tratado segundo a Arte.

Finalmente, queremos advertir aqueles que não tenham experiência de laboratório e do manuseamento destas substâncias químicas, que se abstenham de o fazer, porque correrão sérios riscos e até poderão por em perigo a sua vida, bem como a de outras pessoas que estiverem na proximidade.

A substância fundamental que é necessário obter, por sublimação do azougue vulgar ou do seu sulfureto natural pela via húmida, é o perigoso sublimado corrosivo, cujos vapores, extremamente tóxicos, se forem emanados para o exterior do aludel, acidentalmente, por erro de manuseamento ou pela quebra do vaso, podem, causar envenenamento a quem os respirar.

Também as águas, prima, segunda, terça e quarta, quando em contacto com a pele, podem causar graves danos. Os gases emanados das respectivas reações são, igualmente, muito tóxicos. Os Mestres têm toda a razão quando nos advertem: "Guardai-vos de respirar o hálito venenoso do dragão porque ele mata quem o respirar".

Os vasos, tais como o aludel e o capitel cego para sublimar o mercúrio, deverão ser confeccionados em grés por um oleiro competente. Os vasos de vidro Pirex, mesmo em banho de areia, resistem mal à temperatura necessária à sublimação do mercúrio. O alambique para destilação da água quarta poderá ser feito de vidro Pirex por um mestre vidreiro. Os restantes vasos, poderão ser balões esféricos de vidro Pirex com as respectivas tampas rodadas a esmeril.

Estes são os conselhos que vos podemos dar para que, por negligência ou desconhecimento, nada de mal vos possa acontecer. A alquimia, tal como a química, tem os seus riscos, que teremos de evitar ou minimizar.

Por experiência pessoal, poderemos ainda dizer-vos, caridosamente, que a "chave" (segredo) desta obra é a destilação da água quarta, isto é, fazer passar pelo bico do alambique o sublimado previamente dissolvido na água terça.

Queluz, Advento de 1998.

Rubellus Petrinus


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