domingo, 15 de março de 2009

A Metamorfose

Sinopse: «Quando Gregor Samsa despertou, certa manhã, de um sonho agitado viu que se transformara, durante o sono, numa espécie monstruosa de insecto.»

Com esta frase de abertura, Kafka revela ao homem moderno a sua sinistra condição. Depois de descobrir, ao despertar, que se transformou num enorme insecto, Gregor Samsa torna-se um objecto repugnante, e é obrigado a esconder-se no interior dos seus aposentos. Pouco a pouco, sob pressão das exigências da vida prática, a família ir-lhe-á dando cada vez menos atenção, até que um dia, no termo de um episódio particularmente trágico, a irmã declara que têm de deixar de reconhecer Gregor como um dos seus. A Metamorfose é uma parábola terrível sobre a alienação humana, uma narrativa sobre o absurdo da vida e sobretudo sobre os processos de exclusão, que conserva ainda hoje toda a sua carga revolucionária.

Numa bela manhã, Gregor Samsa acorda transformado num insecto. A sua preocupação começa por ser levantar-se da cama, porque já está atrasado para o trabalho. Com a chegada do seu chefe para saber o motivo da sua demora, Gregor preocupa-se em explicar-lhe que teve uma indisposição, mas que irá recuperar depressa. Quando se apercebe que não irá recuperar, Gregor preocupa-se com a comida, com a família, com a solidão a que o relegam pela sua nova condição... mas nunca chega a questionar-se (e nem sequer a preocupar-se) com o facto de se ter transformado num insecto. E isto acontece porque o objectivo deste pequeno livro, que se lê em pouco mais de uma hora, é fazer-nos pensar no tema da solidão e da exclusão. Mas também, julgo, porque existe uma certa vontade do autor de deixar em aberto a possibilidade de a personagem não se ter transformado realmente num insecto, mas estarmos perante um caso de uma alteração do estado mental (bom tema de discussão!).

Gregor é-nos descrito como um animal completamente grotesco, mas ainda assim não conseguimos evitar sentir simpatia por ele e pela situação que vive. É uma metáfora quase perfeita aos alienados da sociedade, que são rejeitados por aquilo que aparentam e não aceites por aquilo que são. Também vi esta história como a demonstração do egoísmo de que o ser humano é capaz, personificado pela família de Gregor. O final é inquietante e perturbador, mas não deixa de ser perfeito. Leiam!

9/10 - Excelente

[Livro n.º 19 do meu Desafio de Leitura]

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