«Por exemplo, durante o Século XVIII, ler era sinónimo de ficar envenenado, de ficar doente não só fisicamente, prejudicando os olhos, o cérebro e os nervos devido ao esforço de concentração, mas também espiritualmente, pois a cabeça ficava cheia de ideias falsas que impulsionavam ao desrespeito das regras existentes tanto morais, como religiosas e até políticas. A leitura estimulava demasiado a imaginação e as ideias que eram transmitidas tendiam a ser imitadas na realidade. Os livros eram temidos ainda mais do que as heresias ditas por viva voz. O silêncio do leitor não deixava transparecer as suas ideias e tal situação tornou-se uma preocupação de tal maneira forte que muitos livros, considerados inconvenientes, foram proibidos. Pessoas de bons costumes e de conceituadas tradições morais eram tentadas a comportarem-se de forma não habitual e não desejável. Também no âmbito político a leitura se tornava incómoda, pois através dela as pessoas tinham mais facilmente consciência das desigualdades sociais, conheciam outras realidades e questionavam o seu modo de vida e a sua situação.»
CiberLeitura - O Contributo das TIC para a Leitura no 1º Ciclo do Ensino Básico; Betina Astride Santos, ProfEdições, p.32
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