1-O que representa, no contexto da sua obra, o livro «À Meia-Luz»?
R- O livro "À meia-luz" é um livro que, de certo modo, vem na continuidade de outro livro " A Mulher transparente" na medida em que ambos são sobre a violência, aquilo que os homens tem mais negro no seu coração. Este livro, À Meia-luz, roda à volta de três eixos. Em primeiro lugar da guerra, neste caso a guerra colonial, o que é um homem na guerra e como é que fica depois de ter passado por ela. Como referi é sobre a guerra colonial, mas podia ser sobre qualquer guerra. Depois as consequências da guerra na segunda geração, nos filhos de quem foi à guerra. Como é crescer sem referências, sem meios para criar uma identidade própria. Por última a psicanálise, porque o livro se passa no consultório de um analista. Quem são os analistas? O que fazem? Como erram com as pessoas por casusa do que eles próprios são enquanto pessoas.
2-Qual a ideia que esteve na origem do livro?
R- A ideia base foi a de escrever sobre a guerra. A forma como isso foi tecido gira à volta de um desastre de automóvel que envolveu duas das personagens. Provavelmente porque na altura eu estava a tirar a carta e tinha e tenho um medo pavoroso de conduzir. É pouco literário mas eu vi um desastre aplicado às personagens. Depois a psicanálise surgiu como uma forma de agrupar três personagens em que só o analista está em contacto com duas delas. Como eu sou psicóloga, tornou-se fácil para mim colocar as personagens naquele contexto.
3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R- Neste momento estou a escrever um romance sobre as consequências do abuso sexual nas crianças.
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