Passada uma semana, cá está uma pequena súmula daquilo a que pude assistir no Congresso Internacional de Promoção da Leitura, promovido pela Casa da Leitura, na Fundação Calouste Gulbenkian, nos dias 22 e 23 de Janeiro.
1º Painel: Literatura para a Infância e Formação de Leitores
«Declínio e diminuição da literacia literária: infância e literatura para a infância no Reino Unido na actualidade»
O conferencista de abertura, Peter Hunt (Univ. Cardiff, Reino Unido), reflectiu sobre a literacia literária das crianças e adolescentes. Partindo da evidência de que as crianças têm hoje em dia muitas e diversas fontes de prazer, o professor comparou edições de livros infantis de há quarenta anos com edições actuais, concluindo que as últimas são mais pequenas e mais literais. Apresentou como exemplo um livro datado originalmente de 1904, que foi recentemente adaptado para televisão. Na sequência da transmissão televisiva, o livro foi reeditado, desta vez a partir da série, ficando reduzido a metade o número de páginas.
Mas não terão sido apenas os livros que se tornaram mais pequenos, menos sugestivos, menos originais. Também os critérios que definem um bom livro, assim como a visão dos críticos, se alteraram nos últimos trinta e quarenta anos. Por isso, os pequenos leitores não estão a ser preparados para descodificar com um propósito, compreendendo e acedendo à complexidade do texto. A simplificação do estilo priva a criança do exercício de inferir sentidos e da capacidade de interpretar. Os melhores textos são aqueles que integram vazios, obrigando naturalmente a relacionar, a prever, a inferir e deduzir.
Peter Hunt deixa então uma questão, a finalizar a sua apresentação: esta mudança interfere na vida das crianças?
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