terça-feira, 19 de junho de 2007

Biblioteca editores Independentes - Apresentação II

Estivemos ontem na sala de leitura do CCB, a assistir à apresentação da colecção de Bolso que Cotovia, Assírio & Alvim e Relógio d'Água lançam agora no mercado.

Francisco Vale (editor da Relógio) abriu as hostilidades, enumerando as dificuldades que presidem à iniciativa:
-a maioria dos portugueses não lê;
-os clássicos têm peso na colecção, contrariando as tendências mais em voga (romances esotéricos e sentimentalistas);
-os livreiros não gostam muito de livros baratos porque têm pouca capacidade de armazenamento e as devoluções são muito rápidas, diminuindo a possibilidade de (todos) verem estes livros rentabilizados;
-a colecção precisa de tempo e espaço nas livrarias para poder ser vista, só com essa visibilidade será possível cumprir tiragens que baixem o preço aos livros;
-não há uma tradição de livros de bolso em Portugal, apesar de diversas iniciativas (na maioria dos casos de uma única editora).
Perante este diagnóstico, o editor da Assírio reforça as dificuldades que as pequenas e médias editoras sentem para divulgarem os seus livros:
-a dificuldade de exposição nas livrarias faz com que os leitores muitas vezes não encontrem os livros que procuram;
- os catálogos com muitos autores portugueses não são tão apelativos e por isso não encontram o mesmo espaço de visibilidade;
- As Feiras do Livro de Lisboa e Porto tornaram-se o único espaço possível para expôr todo o catálogo destas editoras.

Depois, os editores deram algumas directrizes para o projecto. O substantivo independente reforça a imagem das três editoras, que visam marcar uma posição relativamente às agitações do mercado em que grandes grupos compram a retalho marcas editoriais para as optimizar e revender. Ficámos aliás a saber que duas das três editoras receberam propostas de venda a intermediários financeiros, que foram recusadas. Este encontro visa, com uma estratégia consentânea com a identidade de cada projecto, optimizar recursos, alargar as margens de negociação com os livreiros, divulgar os respectivos catálogos e promover a leitura de grandes obras a preços reduzidos, mantendo a grande qualidade que qualquer uma destas editoras assegura ao nível da revisão, concepção gráfica e tradução.
Até ao final do ano, prevê-se que estejam no mercado dez títulos de cada editora, e eventualmente obras de outras editoras ou até inéditas.
Fica para fechar uma frase de Manuel Rosa:
«Não temos qualquer dúvida sobre a bondade desta ideia.»

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