terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Em Demanda da Relíquia - Bernard Cornwell


Há vários anos que sou um profundo admirador de Bernard Cornwell, autor britânico responsável por uma série de romances históricos verdadeiramente excepcionais, destacando contudo a trilogia “Crónicas do senhor da guerra”, simplesmente do melhor que li até à data.

A escrita de Bernard Cornwell não tem nada que possamos classificar como único ou transcendente. O estilo dele é simples, mas é essa simplicidade que torna os seus livros tão empolgantes. Ele não perde muito tempo com descrições desnecessárias. Focalizasse objectivamente na descrição da época abordada e isso é algo que marca inegavelmente o seu estilo, pois ele consegue agarrar o leitor com a escrita, principalmente porque descreve de uma forma nua e crua não só a época, como nunca esconde (até faz gala) a brutalidade da mesma.

Quantos e quantos romances históricos que lemos, alguns até bem interessantes, que mostram a idade medieval cheia de amor e fraternidade, um mar-de-rosas, onde todos são amigos e onde a violência parece algo tão distante...

Com Cornwell vivemos as épocas da forma que elas foram. A brutalidade das guerras, o modo como elas se faziam. As relações humanas, a clara divisão de classes sociais. O modo de uns verem os outros, ou seja, em qualquer romance de Bernard Cornwell entramos nas épocas, quase que os sentimos presentes, quase que entramos no próprio romance. Digo quase porque não pretendo efectuar uma análise mais pormenorizada nem pretendo convencer ninguém, mas eu quando leio Cornwell, sinto-me dentro do romance, vivo as batalhas, consigo até ouvir o relinchar dos cavalos e os gritos dos homens.

Esta trilogia denominada “Em demanda da relíquia” e composta pelos romances “Harlequin”, “Vagabundo” e “O Graal”, situa-nos em plena Guerra dos Cem Anos que opôs a Inglaterra à França por todo o séc. XIV.

Thomas de Hookton é um jovem inglês que vive com os pais numa pequena aldeia piscatória que, subitamente, é invadida por dezenas de soldados franceses que arrasam a aldeia assassinando todos os seus habitantes, exceptuando Thomas que consegue fugir.

Esse episódio, que acaba por ter um objectivo que aqui não revelo, acaba por marcar a vida de Thomas, traçando então o seu destino que o colocará no caminho da maior obsessão de toda a idade medieval, da mais valiosa relíquia da cristandade: O Santo Graal.

Numa época tão marcada pelo surgimento de relíquias que supostamente pertenciam ao próprio Jesus Cristo, Bernard Cornwell retracta brilhantemente todo esse agitado período, onde os acontecimentos se sucedem em catadupa sem qualquer quebra, cheio de entusiasmo, suspense e vitalidade.

Uma trilogia que se lê num só fôlego tal a ânsia de sabermos o que vai acontecer a seguir, qual o desenrolar da batalha ou o destino dos vários personagens, personagens fortes, com alma.

Não sendo o melhor que li de Bernard Cornwell, esta trilogia apresenta-se como uma obra Histórica de eleição e altamente aconselhável para aqueles que escolheram o género histórico como o seu predilecto.


Classificação: 5

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