quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O Gambá Coisinha e a Maga Gatológica, de Frater Velado

TRECHO:
PUDESSEM os seres humanos se respeitar uns aos outros e conviver
em harmonia como fazem muitos dos animais julgados inferiores por
esse brilhante parente do macaco, o homem, e o mundo certamente
seria melhor. Uma vez que a vida animal neste planeta de dores e provações -
mas também de alegrias e realizações - é baseada na cadeia alimentar
(devoração de uns seres pelos outros), nem sempre a convivência entre
espécies animais diferentes pode ser harmoniosa. Mas estudos de naturalistas,
cientistas - e até de eremitas, como é o meu caso - têm demonstrando que em
havendo comida abundante para todos a harmonia se faz, como decorrência
natural. Eu poderia citar vários exemplos dos que vi ao longo de mais de oito
anos como anacoreta (1). Vou me referir, porém, ao mais recente, que é a
história do gambá Coisinha e de sua amiga e protetora, a irrascível Maga
Gatológica, que atualmente exerce o matriarcado felino do gatorama (2) do
eremitério onde vou empurrando a vida com a barriga (3). Coisinha é natural
do Vale das Formigas, um terreno repleto de bananeiras, anexo à propriedade
da Igreja de São Francisco, de onde conseguiu escapar com vida, porém
órfão, da tenaz caçada que certos cristãos lhe moveram, justificando-a no fato
bíblico de que "tudo o que Deus botou no mundo é para o homem se servir (e
comer)", de acordo com o que um padre, que chutava gatos e já foi removido
para outra paróquia, nos confins da Amazônia, certa feita me afirmou.

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