quarta-feira, 30 de abril de 2008

O quase fim do mundo

O quase fim do mundo, é um romance de Pepetela, escritor de angolano e antigo prémio Camões.
Esta obra tinha, ou talvez tenha ainda, tudo para ser um romance de excelência. O objecto deste livro é o fim do mundo, ou melhor, o quase fim do mundo, sendo certo que a vida se mantém numa pequena zona do continente africano.
A primeira frase do livro é absolutamente brutal: “Chamo-me Simba Ukolo, sou africano, e sobrevivi ao fim do mundo.”, e inicia uma história, que embora não sendo totalmente original, está bem pensada e estruturada.
Depois de conhecermos Simba Ukolo, médico, surgem na narrativa outras personagens: uma fanática religiosa, uma jovem adolescente, um ladrão, uma criança – sobrinho de Simba Ukolo – uma investigadora cientifica, um segurança em minas de diamantes, um pescador, um curandeiro, um electricista e uma professora de história. São estas as personagens que vão dar vida a este romance.
Embora a personagem principal seja efectivamente Simba Ukolo, a verdade é que a espaços a narrativa é contada por cada uma das personagens, que o autor procurou retratar e preencher da melhor forma, dando-nos um conhecimento mais ou menos profundo do seu passado.
Embora a história tenha um conjunto de reflexões meta-filosóficas, a verdade é que esse vector não é profundamente explorado pelo autor, sendo que a narração da sucessão do tempo e da descoberta do que lhes havia acontecido toma o lugar principal na narrativa.
Sobre a história em si, não nos pronunciaremos mais. Fica para o leitor descobrir, tal como nós descobrimos.
Confessamos que ao princípio este foi um livro que me deixou levemente desiludido. Mas depois, tal como acontece com quase todos os livros, fomo-nos apaixonando pelas personagens e a determinada altura colocámo-nos mesmo na sua pele e vivemos essa realidade bem imaginada pelo autor.
Talvez não seja possível ainda fazer uma análise muito profunda desta obra. Passaram menos de 24 horas desde que as últimas páginas foram lidas e não conseguimos ainda ter uma visão não emotiva do que lemos.
É sem qualquer dúvida que aconselhamos vivamente a leitura deste livro. Há alturas da nossa vida em que não temos ainda noção se o livro que lemos constituirá ou não no futuro uma obra-prima. Aguardaremos pacientemente pelo passar do tempo.

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