A turma do 7º ano era bastante indiferente. Fruto, essencialmente, da influência de um aluno provocador que exercia pressão sobre os restantes. Não era uma pressão física, mas uma atenção ao que os colegas diziam, um sentido crítico e uma exibição relativamente às propostas apresentadas. Houve por isso quem não votasse em nenhum dos livros, em nenhum dos títulos, em nenhuma das capas.
Mas havia alunos leitores no grupo, ocultos e envergonhados. A votação foi equilibrada, com maior incidência sobre Artur e os Minimeus, Luki-Live e Trisavó de pistola à cinta. As raparigas mostraram-se mais entusiasmadas, votando em mais do que um livro. Houve um aluno que afirmou com um rasgado sorriso que não tinha votado em nenhum livro, e outro, o líder, perguntou-me se a folha onde supostamente registara o exercício de escrita criativa era para mim. Respondi que não, que era para ele. «Então vai para o lixo.», disse ele.
Perante uma situação de afronta, o que fazer? Tentar ganhar aquele aluno? Tentar não perder os outros? Apesar de sermos mediadores e acima de tudo promotores da leitura, não deixamos de ter regras que os grupos devem cumprir. Há uma diferença substancial entre alunos que têm uma opinião negativa acerca da leitura e alunos que têm uma atitude revoltada e conflituosa com tudo o que os rodeia ou lhes chega.
Não temos dificuldade comunicativa com alunos que não gostam de ler. Exploramos as suas críticas para as tentarmos reconverter, oferecendo alternativas. É certo que não os tornamos leitores, mas tentamos contribuir para que alterem a sua perspectiva sobre o livro enquanto objecto.
Com alunos problemáticos, nem sempre conseguimos ter sucesso. Depende do grau de agressividade, depende das relações de poder que construiu ou não com o grupo. Neste caso, e tendo em conta o pouco tempo de que dispomos, tentamos que todos percebam que há regras sociais a cumprir, e que devem respeitar o espaço em que estão. Sem terem esta noção, dificilmente chegamos à fase seguinte, do respeito por um objecto que detestam, que os assusta, que de alguma forma põe a nu a sua realidade.
Mas não deixa de ser frustrante, quando acontece.
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