R-Este livro de contos, o segundo, ilustra o meu modo de ver a vida. Por um lado, sintético e intenso, como gosto nos filmes, e por outro lado, é a representação da minha visão social de um Portugal cada vez mais isento de valores. Os heróis dos meus contos são gente que observa, pensa, faz e sente. Não se deixa intimidar pelos desafios da vida, e que no livro são muitos, desde o burlesco ao insólito, desde a simples conjectura à acção. O realismo mágico serve muito bem para isso.Conta-se uma história e dá-se uma perspectiva de análise político-social em subcontexto. Porque de historinhas estamos todos cheios e há que ter uma visão pessoal da nossa passagem pelo mundo. Já era assim no primeiro volume de contos, "As Fabulosas Histórias Dela", com personagens que não se limitam à desgraça ou à graça pessoal, mas agem face à adversidade.
P-Qual a ideia que esteve na origem do livro?
R-Várias ideias. A primeira foi de crítica directa ao que se passou no Porto durante a Capital Europeia da Cultura. Depois a Guerra Global que tem estado iminente nestes últimos tempos e que tem abalado a nossa civilização ocidental e os nossos valores. Em terceiro lugar, o combate à crescente ameaça da mesquinhez e da mediocridade e da incompetência que tanto valem no Portugal de hoje. Assim, é um livro de análise política disfarçado de literatura ou, se quiserem, literatura de intervenção política. Mas não foi um livro feito para a indiferença.
P-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R-Terminei o romance "Bianca e o Dragão" que segue a mesma linha fantástica dos contos, e cuja publicação aguardo. Este livro incluirá desenhos e aguarelas do pintor Agostinho Santos, um dos maiores talentos das artes plásticas em Portugal hoje em dia, e que foram expressamente criados para o livro.Estou ainda a escrever o que intitulei provisoriamente "Monólogos do Amor Incerto", na linha da prosa poética.Fora da ficção, preparo um livro de crónicas.
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