A Casa da Leitura publica aqui o texto que Luísa Ducla Soares leu na última edição das Palavras Andarilhas. Na introdução, reconhecemos o estilo comparativo que aproxima a língua dos afectos, pressentimos um tom doce e terno, de quem nos fala delicada e dedicadamente. Mas serve esta para que a autora reflicta sobre a importância da literatura oral, do acto de contar histórias, do património herdado que funda o imaginário e a identidade da criança.
Hoje, na sessão que a Fundação Saramago dedicou aos autores portugueses, foi uma sala cheia que se deliciou, durante duas horas, com as leituras que se sucederam. Houve sorrisos e até murmúrios bem humorados em resultado de excertos de Eça, Camilo, Garrett, até Fernando Pessoa. Também a melancolia assomou na audição de Soeiro Pereira Gomes, Sophia de Mello Breyner, Manuel da Fonseca, David Mourão-Ferreira.
Certo é que foi bom ouvir ler, certo é que faz falta. Quando se leva as pessoas a ouvir uma boa história, oferenda-se-lhes literatura, língua, património, imaginário, individual e colectivo. Temos vindo a esquecer que ler pode ser transitivo e colectivo, e provavelmente no esquecimento reside tamanho empobrecimento, de que fala Luísa Ducla Soares. Porque não pode alguém, que não lê, ter acesso à língua literária? Porque tem a leitura de ser individual se em torno dela há hoje um marketing feroz que manipula a própria liberdade individual da escolha? Tamanho paradoxo! Faz falta ouvir ler e trazer de novo para a roda o prazer e emoção que as nossas expressões denunciam.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
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