quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Crônicas oportunas, de Maria Cottas

TRECHO:
ESCLARECIMENTO INDISPENSÁVEL
Há muitos anos vem sendo editado o livro Crônicas d'Agora de autoria da nossa
inesquecível Maria Cottas, enfeixando em seu conteúdo excelente seleção da sublime
literatura que nos foi legada por essa figura exponencial da História do
RACIONALISMO CRISTÃO.
Todavia, com o perpassar dos anos as crônicas selecionadas, obviamente, não
podem ser mais consideradas "de Agora", embora mantendo a sublimidade
incontestável como característica essencial da saudosa autora.
Assim sendo, parece-nos amplamente justificável a alteração do título de Crônicas
d'Agora para CRÔNICAS OPORTUNAS.
Eis o esclarecimento indispensável que temos a honra de transmitir aos leitores de
uma obra, a qual não sendo mais "de agora", no entanto, implica numa literatura
perenemente abrangente e "oportuna" para todas as épocas.
Humberto Rodrigues

PREFÁCIO
Quando o autor de um romance recém-lançado é entrevistado sobre sua obra,
surgem sempre duas perguntas, quase que uma só formulada de duas formas: "Há
alguma coisa de autobiográfico no livro? Você se identifica com algum personagem de
sua estória?" E geralmente daí se descamba para uma série de indagações a respeito da
vida particular do escritor: onde estudou, qual sua formação literária, que autor prefere,
quais suas ocupações prediletas e por aí adiante. Isto é praticamente inevitável, qualquer
repórter sabe como gostam todos de conhecer um pouco da vida dos autores dos livros
que pretendem comprar. Não se trata de mera curiosidade. É realmente importante sentir
se um escritor tem ou não a vivência e a bagagem cultural necessárias para nos
transmitir algo que valha a pena.
No caso de ser o livro constituído de pequenas crônicas ou artigos – como
acontece com o volume que ora prefaciamos – a pergunta sobre o que há de
autobiográfico se torna totalmente absurda, é claro, pois nesta forma literária o escritor
nunca nega a autoria das opiniões que emite, dos conselhos que dá, das observações que
faz a respeito de pessoas ou fatos. Não menos interessante, entretanto, é saber um pouco
sobre quem escreve.
É por isto – e também para não deixar que se percam com o tempo as homenagens
das quais a autora de Contos morais, Folhas esparsas e Páginas soltas foi objeto pouco
depois de seu falecimento, a 30 de outubro de 1971 – que foram reunidos neste mesmo
volume vários depoimentos sobre a personalidade marcante de Maria Cottas. "Viveu
estranha aos ultrajes, impassível, superior aos prazeres e às dores, invulnerável à
falsidade e à maldade, completamente devotada à sua família e ao próximo, que também
ela considerava família”; diz dela o editorialista do jornal A RAZÃO. "Dotada de
extrema sensibilidade, vivia dentro do mundo que construíra, cultivando a literatura, a
pintura e a música"; lembra Othon Ewaldo. "A morte do corpo representou a viagem –
prêmio de uma vida tão laboriosa quanto produtiva", escreve Olga B. C. de Almeida.
"Uma mulher extraordinária"; classifica-a uma neta. "Uma das figuras mais
exponenciais da vida carioca, não apenas pelos seus dotes intelectuais senão também
pelas virtudes do coração"; ressalta o Deputado Alcir Pimenta, em discurso no
Congresso Nacional.
"Tanto amor tinha à vida e tanto ainda precisava viver"; comenta saudoso o Dr.
João Cottas, seu cunhado. "Dela se pode dizer que dignificou ao máximo o papel de
mulher, elevando-o à mais alta expressão de sensibilidade feminina", destaca o genro,
Antônio Cristovam Monteiro. "Não conhecia a palavra sacrifício quando tratava de
atender a um ente querido que necessitasse de conforto e ânimo" recorda o sobrinho
Humberto Rodrigues. "Escritora nata e educadora por vocação irresistível, em todos os
livros de D. Maria Cottas se nota a sua preocupação de contribuir, por meio de
conselhos e admoestações, impregnados de sincera afeição, para o aperfeiçoamento
moral da juventude que ela tanto amava"; salienta o amigo Joaquim Costa.
Conhecido, portanto, o valor de Maria Cottas como pessoa humana, resta realizar
a feitura de suas crônicas, atentando para seu grande valor também como escritora de
estilo leve e agradável.
Ângela Teresa Cottas de Jesus Costa

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