TRECHO:
Prefácio
O homem esclarecido tem por dever servir-se da palavra ou da pena
para explanar a Verdade; quem isso pode fazer e não faz demonstra ser
inimigo do progresso, da paz, da harmonia fraterna, e sua vida será
improfícua, prejudicial à sua própria alma e à coletividade, pois criará em
volta de si um ambiente de obsessão permanente, tornando-se, conforme
Camilo dizia, “um militante a mais no exército dos infelizes.”
A pesquisa da verdade leva o estudioso à certeza do que seja a vida
na Terra e no Espaço, e à convicção do dever a cumprir neste mundo, para
onde se vem certo de que só pelo trabalho, na luta pela vida, é que poderá
o espírito aperfeiçoar-se, e que, portanto, ele não pode, nem deve, ser
refratário ao trabalho nem à reforma de usos e costumes.
Dentre os poucos que têm sabido ser estudiosos da doutrina da
Verdade, destacamos, com justificado orgulho, o Doutor Antônio Pinheiro
Guedes, médico investigador, valoroso e humanitário, verdadeiro
sacerdote do bem, que sempre viveu preso aos estudos, cooperando,
decididamente, para a descoberta da Verdade, pois, não se conformando
com os limitados conhecimentos sobre a vida física, buscou,
inteligentemente, os da vida espiritual.
Soube, como nenhum outro, romper o véu dos preconceitos sociais e
científicos, transpor-se às coisas transcendentes, e perscrutando a alma,
descreveu-a com tanta clareza e precisão, como sabia descrever ou
escalpelar um cadáver, lecionando anatomia à mocidade acadêmica.
Cultuando a memória desse sábio brasileiro hoje enfileirado à plêiade
dos espíritos superiores, no Astral Superior, que pontificam nas Casas
Racionalistas, julgamos de bom alvitre pedir aos descendentes do Dr.
Pinheiro Guedes permissão para a reedição de sua primorosa obra
CIÊNCIA ESPÍRITA, no que, felizmente, fomos bem sucedidos, pois seus
legítimos herdeiros nô-la autorizaram, movidos pelos mesmos desejos e
pensamentos nossos e certamente do ilustre autor: esclarecer a
humanidade; e foram mais além, doaram-na definitivamente ao Centro
Redentor.
Trabalha o espírito de Antônio Pinheiro Guedes no Espaço Superior
com mais amplitude do que quando agrilhoado ao corpo, não existindo
hoje para ele fronteiras ou nacionalidades, e como partícula do Grande
Foco, impulsiona a humanidade para a Fraternidade Universal.
v
Não visamos lisonjear essa alma, mesmo porque sabemos de
nenhuma valia os elogios, justos ou não, para a vida da eternidade, que
exige a prática de boas ações e obras, enquanto na Terra tudo é efêmero:
riquezas materiais e destaques pessoais são, por vezes, a ruína da vida
espiritual, pois quer a fortuna monetária, quer a intelectual, são
conseqüências de compromissos astrais assumidos, para deles se fazer bom
uso na vida terrena.
Entretanto, pouquíssimos são os que levam a cabo tais
compromissos: a vaidade e a ostentação cegam as almas, levando-as à
perturbação, à vida de aparências, e fazendo-as esquecer por completo os
sérios compromissos assumidos em lucidez espiritual.
Contudo, é dever nosso falar claramente ao leitor, ao nos referirmos
ao autor desta obra, para que de antemão fique sabedor de que foi no
Brasil onde primeiro e melhor se escreveu sobre espiritismo, cabendo,
portanto, ao nosso país, como já o vem afirmando o Racionalismo Cristão
em suas obras, a glória da descoberta da Verdade, tal qual a desejava
transmitir à humanidade a grandiosa alma de Jesus.
Pinheiro Guedes não foi um simples médico investigador, mas
também um valoroso instrumento das Forças Superiores, às quais serviu
docilmente pois se prestou, tanto quanto lhe foi possível, a ser o seu portavoz
entre a elite social e cientista, justamente para despertar aquele meio, o
mais refratário à concepção da Verdade, e não continuar a ser dito que o
espiritismo é obra de nulos, analfabetos ou imbecis saídos da plebe.
Da plebe, entretanto, saíram Jesus, Viriato, Joana D’Arc, Galileu,
Edison e tantos outros luminares da humanidade, e nem por isso vemos
menosprezadas as suas obras.
Esta obra enriquecerá a biblioteca de doutos e simples estudiosos da
vida fora da matéria, fazendo parte do Racionalismo Cristão, iluminará a
estrada da vida dos que desejam viver e não vegetar neste mundo de
misérias.
OS EDITORES
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