Sinopse: Portugal, anos 30. Salazar acabou de ascender ao poder e, com mão de ferro, vai impondo a ordem no país. Portugal muda de vida. As contas públicas são equilibradas, Beatriz Costa anima o Parque Mayer, a PVDE cala a oposição. Luís é um estudante idealista que se cruza no liceu de Bragança com os olhos cor de mel de Amélia. O amor entre os dois vai, porém, ser duramente posto à prova por três acontecimentos que os ultrapassam: a oposição da mãe da rapariga, um assassinato inesperado e a guerra civil de Espanha. Através da história de uma paixão que desafia os valores tradicionais do Portugal conservador, este fascinante romance transporta-nos ao fogo dos anos em que se forjou o Estado Novo.
Este era um dos livros mais esperados da temporada: a sinopse prometia, bem como o abandono (espero que permanente) da personagem Tomás Noronha, que tinha estado presente nos últimos três livros do autor. Esperava um romance ao estilo de "A Filha do Capitão" e provavelmente fiz mal. Mas vamos por partes.
Bragança, 1929. Luís conhece Amélia na escola e os dois apaixonam-se. Esta primeira parte do livro foi de leitura muito rápida. Basicamente, assistimos ao desenrolar da relação dos dois, ao mesmo tempo que temos algumas informações sobre o contexto, principalmente a nível de usos e costumes da época. Gostei imenso da presença de várias palavras próprias da região... Conheço bastantes da região do Baixo Alentejo, a região dos meus pais, e foi engraçado ver algumas comuns ou semelhantes. Achei que ajudou as personagens a tornarem-se mais reais.
A história prossegue e rapidamente os protagonistas vêem-se perante várias dificuldades para poderem, tal como toda a gente deseja, ser felizes. Uma correcção: ao contrário do que é referido na sinopse, a Guerra Civil Espanhola não tem influência directa no desenrolar da história do casal; está presente, é profusamente detalhada (até demais, achei eu), mas a sua presença é secundária na linha principal do enredo.
Pessoalmente, acho a época do Estado Novo interessantíssima e importante para percebermos onde nos encontramos hoje, a vários níveis, mas especialmente a nível social. Este livro não constituiu uma fonte de informação do período tão detalhada como estava à espera e gostaria... Fiquei com a sensação que poderia ter sido melhor explorada. Terá este facto sido propositado, face a algumas críticas relativas à extensão habitual da parte informativa? Não sei, mas ainda assim gostei imenso das partes em que a PVDE (futura PIDE) deu o "ar da sua graça". Deu para sentir a astúcia e a falta de escrúpulos da instituição.
O enredo deixou-me algo a desejar. Houve qualquer coisa que para mim não funcionou na história das duas personagens principais deste livro, apesar de ainda não ter conseguido perceber bem o quê. Nunca consegui entrar na pele das personagens e na sua (trágica) história. O enredo teve partes bastante previsíveis (eu, que nunca adivinho nada, desvendei uma das supostas "surpresas" 30-40 páginas antes) e, sinceramente, não gostei do final. Sem querer desvendar o que quer que seja, compreendo a opção do escritor pelo dramatismo, mas neste caso em concreto, e é uma opinião muito pessoal, não teria sido o final que eu escolheria. Não gostei da mensagem que transmite.
De resto, fiz mal em sair de um escritor como o Zafón e passar para o José Rodrigues dos Santos. Acho que prejudicou a minha leitura devido às diferenças da escrita entre os dois. Não é que este último escreva mal, mas na minha opinião fica a léguas de distância do espanhol e senti isso várias vezes.
Para finalizar, que o texto já vai longo, é um livro com uma história e pano de fundo interessantes q.b., mas que não corresponde às expectativas (pelo menos, às que eu tinha). Contudo, não posso deixar de aconselhar que o leiam e tirem as vossas próprias conclusões.
6/10
Este era um dos livros mais esperados da temporada: a sinopse prometia, bem como o abandono (espero que permanente) da personagem Tomás Noronha, que tinha estado presente nos últimos três livros do autor. Esperava um romance ao estilo de "A Filha do Capitão" e provavelmente fiz mal. Mas vamos por partes.
Bragança, 1929. Luís conhece Amélia na escola e os dois apaixonam-se. Esta primeira parte do livro foi de leitura muito rápida. Basicamente, assistimos ao desenrolar da relação dos dois, ao mesmo tempo que temos algumas informações sobre o contexto, principalmente a nível de usos e costumes da época. Gostei imenso da presença de várias palavras próprias da região... Conheço bastantes da região do Baixo Alentejo, a região dos meus pais, e foi engraçado ver algumas comuns ou semelhantes. Achei que ajudou as personagens a tornarem-se mais reais.
A história prossegue e rapidamente os protagonistas vêem-se perante várias dificuldades para poderem, tal como toda a gente deseja, ser felizes. Uma correcção: ao contrário do que é referido na sinopse, a Guerra Civil Espanhola não tem influência directa no desenrolar da história do casal; está presente, é profusamente detalhada (até demais, achei eu), mas a sua presença é secundária na linha principal do enredo.
Pessoalmente, acho a época do Estado Novo interessantíssima e importante para percebermos onde nos encontramos hoje, a vários níveis, mas especialmente a nível social. Este livro não constituiu uma fonte de informação do período tão detalhada como estava à espera e gostaria... Fiquei com a sensação que poderia ter sido melhor explorada. Terá este facto sido propositado, face a algumas críticas relativas à extensão habitual da parte informativa? Não sei, mas ainda assim gostei imenso das partes em que a PVDE (futura PIDE) deu o "ar da sua graça". Deu para sentir a astúcia e a falta de escrúpulos da instituição.
O enredo deixou-me algo a desejar. Houve qualquer coisa que para mim não funcionou na história das duas personagens principais deste livro, apesar de ainda não ter conseguido perceber bem o quê. Nunca consegui entrar na pele das personagens e na sua (trágica) história. O enredo teve partes bastante previsíveis (eu, que nunca adivinho nada, desvendei uma das supostas "surpresas" 30-40 páginas antes) e, sinceramente, não gostei do final. Sem querer desvendar o que quer que seja, compreendo a opção do escritor pelo dramatismo, mas neste caso em concreto, e é uma opinião muito pessoal, não teria sido o final que eu escolheria. Não gostei da mensagem que transmite.
De resto, fiz mal em sair de um escritor como o Zafón e passar para o José Rodrigues dos Santos. Acho que prejudicou a minha leitura devido às diferenças da escrita entre os dois. Não é que este último escreva mal, mas na minha opinião fica a léguas de distância do espanhol e senti isso várias vezes.
Para finalizar, que o texto já vai longo, é um livro com uma história e pano de fundo interessantes q.b., mas que não corresponde às expectativas (pelo menos, às que eu tinha). Contudo, não posso deixar de aconselhar que o leiam e tirem as vossas próprias conclusões.
6/10
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