Homem de cultura, o autor propõe-se logo no título desta obra dissertar, em “cinco exercícios disciplinados”, sobre o tema de sua especialidade, na sua contemporaneidade. Não vêm do nada estes propósitos, porque o professor se tem desdobrado em actividades múltiplas, do trabalho de investigação e produção teórica à prática das iniciativas, de que são exemplo a gestão artística que desenvolveu à frente da Culturgest e a coordenação da área da criatividade e criação artística na Fundação Calouste Gulbenkian.
O primeiro exercício é modelar dos propósitos do autor, que partindo das diferentes formas de governar na área cultural aproveita para estabelecer alguns caminhos e limites de (ad)ministrar a cultura, propondo, por exemplo, uma revisão do conceito de cultura que considera “fulcral na constituição de um discurso simbólico”.
E assim propõe que se deixe de lado a ideia de cultura vigente (“uma espécie de depósito a que se vai buscar obras de culto ou chavões de identidades fabricadas”) para pensar “um sistema de inter-relações dos membros de um grupo – entre si, mas também entre as suas práticas e memórias – e não como um armazém ou um banco de dados”.
Não é que os arquivos estejam deitados para trás das costas. Não, pelo contrário, “uma política cultural de esquerda actual e cosmopolita deve proteger e tratar com particular cuidado e atenção os arquivos” nas suas diversas manifestações. E escreve-o com o cuidado de esta ser à esquerda uma nota distintiva, entre outras.
A não perder, a decomposição em três ciclos da história da cultura em Portugal durante as últimas quatro décadas: de 25 de Abril de 1974 até ao final da década de 70, período que crisma de “a cantiga é uma arma”; o segundo ciclo, a primeira metade da década de oitenta, aquele em que se pretende “‘ter’ uma cultura como as da Europa e que quer ser ‘desesperadamente moderno’”; o terceiro ciclo, 1986-1998, abriga-se num slogan: “Já somos internacionais. Falta sermos cosmopolitas!”.
E é este último período que remete para o título do livro, dando passagem a estes nossos novos século e milénio, com a procura de uma “escala justa”.
Porque, recorda o autor, verificou-se um salto comunicacional nas últimas décadas do século XX, com novos meios materiais que permitem o do “it yourself”, que disputa lugar num tempo de “conexão em tempo real e permanente à escala global”.
__________
António Pinto Ribeiro
À procura de escala – cinco exercícios disciplinados sobre cultura contemporânea
Livros Cotovia, 12€
O primeiro exercício é modelar dos propósitos do autor, que partindo das diferentes formas de governar na área cultural aproveita para estabelecer alguns caminhos e limites de (ad)ministrar a cultura, propondo, por exemplo, uma revisão do conceito de cultura que considera “fulcral na constituição de um discurso simbólico”.
E assim propõe que se deixe de lado a ideia de cultura vigente (“uma espécie de depósito a que se vai buscar obras de culto ou chavões de identidades fabricadas”) para pensar “um sistema de inter-relações dos membros de um grupo – entre si, mas também entre as suas práticas e memórias – e não como um armazém ou um banco de dados”.
Não é que os arquivos estejam deitados para trás das costas. Não, pelo contrário, “uma política cultural de esquerda actual e cosmopolita deve proteger e tratar com particular cuidado e atenção os arquivos” nas suas diversas manifestações. E escreve-o com o cuidado de esta ser à esquerda uma nota distintiva, entre outras.
A não perder, a decomposição em três ciclos da história da cultura em Portugal durante as últimas quatro décadas: de 25 de Abril de 1974 até ao final da década de 70, período que crisma de “a cantiga é uma arma”; o segundo ciclo, a primeira metade da década de oitenta, aquele em que se pretende “‘ter’ uma cultura como as da Europa e que quer ser ‘desesperadamente moderno’”; o terceiro ciclo, 1986-1998, abriga-se num slogan: “Já somos internacionais. Falta sermos cosmopolitas!”.
E é este último período que remete para o título do livro, dando passagem a estes nossos novos século e milénio, com a procura de uma “escala justa”.
Porque, recorda o autor, verificou-se um salto comunicacional nas últimas décadas do século XX, com novos meios materiais que permitem o do “it yourself”, que disputa lugar num tempo de “conexão em tempo real e permanente à escala global”.
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António Pinto Ribeiro
À procura de escala – cinco exercícios disciplinados sobre cultura contemporânea
Livros Cotovia, 12€
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