segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A Cabana

Autor: Wm. Paul Young
Título Original: The Shack (2007)
Editora: Porto Editora
Páginas: 248
ISBN: 9789720041784
Tradutor: Fernando Dias Antunes

Sinopse
E se Deus marcasse um encontro consigo?
As férias de Mackenzie Allen Philip com a família na floresta do estado de Oregon tornaram-se num pesadelo. Missy, a filha mais nova, foi raptada e, de acordo com as provas encontradas numa cabana abandonada, brutalmente assassinada.
Quatro anos mais tarde, Mack, mergulhado numa depressão da qual nunca recuperou, recebe um bilhete, aparentemente escrito por Deus, convidando-o a voltar à malograda cabana.
Ainda que confuso, Mack decide regressar à montanha e reviver todo aquele pesadelo. O que ele vai encontrar naquela cabana mudará o seu mundo para sempre.

Opinião
Já escrevi muitas opiniões acerca de livros que li, mas esta entra directamente no top das mais difíceis. Difícil por dois motivos: primeiro, porque como agnóstica que sou (para quem não sabe, o agnosticismo consiste num certo pragmatismo em relação à existência de Deus, isto é, não acredito que alguma vez se consiga provar que existe ou não), encarei a leitura deste livro de uma forma algo céptica e estava certa que as minhas conclusões iriam divergir largamente da maioria das pessoas interessadas nesta leitura; segundo, porque não estou certa que vá conseguir exprimir claramente a minha opinião. Mas vou tentar.

Este livro conta a história de Mack, um homem que sofreu maus tratos do pai durante a infância/juventude e que em adulto tem 5 filhos. A determinada altura, Mack vai passar um fim-de-semana com os seus 3 filhos mais novos e uma série de circunstâncias leva ao desaparecimento da sua filha Missy, de 6 anos, que é brutalmente assassinada, dando origem, nos anos seguintes, àquilo a que o autor chama "A Grande Tristeza". Imagina-se porquê. Não é preciso ter filhos para perceber os efeitos que um acontecimento desta natureza pode provocar numa pessoa. Aliás, estes acontecimentos tristes e injustos na nossa vida trazem sempre com eles a eterna pergunta "Se Deus existe mesmo, porque é que isto está a acontecer?". E é a esta pergunta que o autor se propõe responder ao longo desta história.

Não é novidade que a questão acima é, provavelmente, a mais difícil de responder por quem de facto acredita na existência de um ente superior, e na minha opinião é bem respondida neste livro, de uma forma coerente. O que não significa que me tenha convencido, mas isso já tem a ver com as minhas crenças (ou ausência delas) prévias e não com a habilidade com que o livro está escrito.

Num fim-de-semana, Mack tem oportunidade de conversar com Deus, Jesus e o Espírito Santo, e aliviar a dor que sente. Se é verdade que o início do livro nos deixa com um aperto no coração pelo crime hediondo, o facto é que as conversas que Mack tem com estes 3 seres trazem, de facto, alguma serenidade a quem o está a ler. Para além da resposta à pergunta central, vários outros aspectos preenchem estas conversas. Um deles é a independência do ser humano vs. relacionamentos. Fala-se do afastamento cada vez maior que existe entre as pessoas e da necessidade da sua aproximação sob pena de o amor pelo próximo ficar esquecido. Outro é o perdão. Conseguiriam perdoar o assassino do vosso filho?

O autor afasta também a sua visão de Deus da instituição que a representa, a Igreja. E agora, não resisto a meter a minha colherada. Na minha opinião, a Igreja é uma instituição que necessita urgentemente de se adaptar à época em que vive, e, sobretudo, dar o exemplo daquilo que tanto apregoa.

Se a fé é um meio para alcançarmos paz interior, refúgio para a tristeza e para a injustiça, então acho perfeitamente natural que o ser humano sinta necessidade de acreditar na existência de um ente superior, de uma justificação para o injustificável. E essa é uma perspectiva que, apesar de não ser a minha, posso perfeitamente compreender e aceitar. E é por isso que consigo perceber o apelo que este livro tem para as pessoas mais sensíveis às questões religiosas e espirituais e a essas não posso deixar de o recomendar. Eu sou uma céptica e muito dificilmente deixarei de ser, mas também por isso não posso deixar de considerar esta leitura interessante, mais que não seja pela oportunidade de me confrontar com uma realidade diferente daquela em que acredito.

7/10 - Bom

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