quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A Cabana

Título: A Cabana
Autor: WM. Paul Young
Tradução: Fernando Dias Antunes
Edição: Porto Editora

"E se Deus marcasse um encontro consigo? As férias de Mackenzie Allen Philip com a família na floresta do estado de Oregon tornaram-se num pesadelo. Missy, a filha mais nova, foi raptada e, de acordo com as provas encontradas numa cabana abandonada, brutalmente assassinada. Quatro anos mais tarde, Mack, mergulhado numa depressão da qual nunca recuperou, recebe um bilhete, aparentemente escrito por Deus, convidando-o a voltar à malograda cabana.Ainda que confuso, Mack decide regressar à montanha e reviver todo aquele pesadelo. O que ele vai encontrar naquela cabana mudará o seu mundo para sempre."
Aos que não me conhecem senão deste cantinho devo esclarecer. Pode ser que a crítica pareça um pouco estranha, em alguns pontos, algo antagónica mas tudo tem uma razão de ser. Esta foi talvez a mais difícil opinião que escrevi sobre um livro e ainda agora não sei se escrevi algo que se aproveite... Passei 10 anos num colégio de freiras e desenvolvi uma certa "alergia" a tudo o que respeita à Igreja, Religião e Teologia. Enfim, acredito nas minhas coisas (toda a gente acredita em alguma coisa) mas tenho teorias algo próprias e que amiúde não agradam muito aos demais. Assim, foi com algum cepticismo e, devo confessar, com os dois pés atrás que comecei a ler A Cabana.
Neste livro conhecemos Mack, um homem com uma infância e juventude difíceis graças a um pai alcoólico e violento ao qual acaba por conseguir fugir. Enquanto adulto torna-se um homem simples, de poucas falas que ama e é amado pela maravilhosa mulher com quem casou e que lhe deu 5 filhos. Contudo este homem é marcado por uma sentimento que o consome, a "Grande Tristeza" que se apossou dele quando durante um fim-de-semana com os filhos Missy, a filha de 6 anos, desaparece e é brutalmente assassinada. Confrontado com esta dura realidade, Mack começa a questionar Deus e a sua justiça, a razão pela qual as tragédias acontecem e nos deixamos levar pelo desespero enquanto Deus nada faz para o evitar ou para mitigar a nossa dor.
É este o ponto de partida, a estória de fundo que dá origem a uma análise pouco ortodoxa daquilo que é o grande mistério da vida, o ainda maior mistério da morte, da justiça divina e da (nem sei que palavra empregar agora...)...enfim, daquilo em que se tornou a Igreja. E aqui devo concordar que a Igreja enquanto instituição é completamente obsoleta, precisa há já muitos séculos de uma revisão de de uma mudança radicais e sobretudo precisa de começar a reger-se pelas regras que tenta impor aos demais - para variar um bocadinho. Todos estes temas complicados à partida, são respondidos e abordados de uma forma muito simples, coerente e até esclarecedora para quem se consiga identificar ou tenha mesmo fé.
Não sendo o meu tipo de livro foi com surpresa que me descobri a desfrutar bastante da leitura e a reflectir naquilo que lia. Percebo perfeitamente que num mundo em mudança constante e no qual o individualismo e o materialismo imperam A Cabana se tenha transformado num êxito mundial. Afinal de contas apela a uma mudança no modo de encarar a vida, no modo como nos relacionamos com os outros e naquilo que realmente sentimos e é importante para nós. Mais do que uma parábola sobre Deus, esta entidade que sustem e simultâneamente atormenta a todos (chamemos-Lhe o nome que Lhe chamemos), esta é uma incursão à vida e ao coração do Homem, à sua alma pejada de dúvidas e crenças, temores e esperanças. É uma viagem à cabana que guardamos bem no nosso interior, cheia de recantos - por vezes obscuros - que mais ninguém conhece.
7/10

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