sábado, 6 de outubro de 2007

Cão como nós - Manuel Alegre

Esta é a história de Kurica, um cão de raça épagneul-breton, que durante muitos anos acompanhou a família Alegre. No entanto este cão não era um cão como os outros cães.
-"Este cão é um sacana, caça um bocado e depois põe-se a fazer a parte..."
Um cão que tinha a mania que era fino e fidalgo. Um cão que tinha dificuldades em obedecer, era irrequieto, exibicionista, altivo e até perverso. Parecia que queria falar, aliás, parece que se convenceu que seria o primeiro cão do mundo a falar a língua dos humanos, estava convencido que não era um cão.
Cão é cão, porém este quando olhava de esguelha demonstrando que era um igual, era rebelde, teimoso, insuportável e subversivo e, engraçado, mas estava-se completamente nas tintas para qualquer tipo de ordens, ao fim e ao cabo, era, como diziam os filhos de Manuel Alegre, um Cão Como Nós.
Esta pequena narrativa (115 págs), que li em menos de uma hora, é simplesmente uma singela e emocionante homenagem a Kurica, o cão da família Alegre que, desde pequeno no seio da família, foi acarinhado, amado, estimado e considerado como um membro da família. É uma narrativa emocionante sobre a lealdade e amizade que um ser animal que é apenas um cão, consegue dar apenas "exigindo" em troca respeito.
Uma narrativa fluída, muitíssimo bem delineada, poderosa, leve, emanando respeito e Alegria, no fundo uma história simples que temo como objectivo o de elogiar Kurica, um companheiro cujas cinzas andam por aí no vento, talvez nas asas de alguma perdiz.
Como nós eras altivo
fiel mas como nós
desobediente.
Gostavas de estar connosco a sós
mas não cativo
e sempre presente-ausente
como nós.
Cão que não querias
ser cão
e não lambias
a mão
e não respondias
à voz.
Cão como nós.
in Cão Como Nós

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