segunda-feira, 1 de outubro de 2007

O Livro da Lamentação da Filosofia / A Lamentação da Filosofia, de Raimundo Lúlio / Ramon Llull

A versão portuguesa do livro "A LAMENTAÇÃO DA FILOSOFIA" foi feita do texto original latino, escrito no ano de 1311. Encontra-se na Coleção "CORPUS CHRISTIANORUM - CONTINUATIO MEDIAEVALIS" - RAIMUNDI LULLI OPERA LATINA - Parisiis: Turnholti Typographi Brepols Editores Pontificii MCMLXXV, editado por Hermogenes Harada O.F.M.

Os manuscritos apresentam diversos títulos para a obra. A edição crítica os relaciona: Da lamentação. Da lamentação dos doze princípios da Filosofia contra os averroístas. Da lamentação da Filosofia. Da lamentação da Filosofia ao rei dos francos. Doze princípios da Filosofia. Doze princípios da Filosofia do mestre Raimundo Lúlio, que podem ser chamados de lamentação ou queixa da Filosofia contra os averroístas e de Física. Doze princípios da Filosofia, que podem ser chamados de lamentação ou queixa da Filosofia contra os averroístas e de Física de Raimundo. Doze princípios da Filosofia de Raimundo Lúlio, que podem ser chamados de lamentação ou queixa da Filosofia contra os averroístas e de Física. Doze princípios que podem ser chamados de lamentação ou queixa da Filosofia contra os averroístas e a Física de Raimundo. A queixa da Filosofia contra os averroístas. A queixa da Filosofia a respeito dos averroístas. A lamentação da Filosofia. A lamentação da Filosofia contra os averroístas. A lamentação ou queixa da Filosofia contra os averroístas. A lamentação ou queixa da Filosofia contra os averroístas e a Física de Raimundo. O livro da lamentação dos Doze Princípios da Filosofia contra os averroístas. O livro da lamentação da Filosofia. O livro da lamentação da Filosofia ou os Doze Princípios da Filosofia. A Física de Raimundo. Do lamento da Filosofia, da Teologia e de Raimundo. Do lamento da Teologia e de Raimundo.

Deus, com tua altíssima sabedoria e virtude
Começa o Livro da Lamentação da Filosofia.

Ao soberano Filipe, o mais ilustre dos príncipes e o mais pacífico rei dos francos, que refulge por favor de Jesus Cristo e sua ajuda admirável com coroa excelentíssima dos reis, e maravilhosamente ornado pela graça dele tanto por bens da natureza quanto por bens da alma, a Filosofia e seus Doze Príncipios máximos dão graça por muito e muito tempo para o aumento de frutuosa saúde.

I. Prólogo

É sabido certamente que deve ser impetrado o auxílio junto àquele que triunfa pela claridade do poder. E como eu vos conhecesse brilhar mais do que os outros, entre os reis da cristandade, pelo poder e pelo zelo da fé cristã, e, sobretudo, pela caridade, por isso, a vós recorro, tal como a um auxiliar condigno e coluna máxima da verdade, impetrando ajuda contra a injúria feita a mim, na vossa cidade de Paris, pelos averroístas. Eles afirmam que, segundo o meu modo de entender, isto é, pelo intelegível, que é meu sujeito, a fé católica é errônea e falsa; mas pelo crer, dizem ser ela verdadeira. E por esse motivo me fazem grande injúria, porque o meu intelecto não implica contradição entre entender e crer. A este respeito, portanto, na medida de minhas forças, peço defesa.

Não obstante digam que crêem na santa fé católica e que não entendem que a mesma seja falsa, afirmam, contudo, não entenderem que uma virgem possa parir um filho e que do nada se faça algo, e o mesmo asseguram de outros artigos da fé. Dizem que isto deve ser concedido quanto ao sentido e quanto à imaginação, mas não quanto às doze imperatrizes divinas, mencionadas no livro "De Natali", que são relativas aos princípios da teologia, enquanto Deus existe como sujeito da própria teologia. Dessa forma, podem negar que a virgem deu à luz um menino e assim por diante.

Eu, porém, sou a Filosofia de duas maneiras: primeiramente, com o sentido e a imaginação meu intelecto causa a ciência. Depois, com as doze imperatrizes, que são: (1)Divina Bondade, (2) Magnitude, (3) Eternidade, (4) Poder, (5) Sabedoria, (6) Vontade, (7) Virtude, (8) Verdade, (9) Glória, (10) Perfeição, (11) Justiça, (12) Misericórdia. Com estas sou superior e tenho uma coroa de ouro; com o sentido e a imaginação sou inferior, tendo uma de prata.

Disse a Filosofia, suspirando e chorando: Eu confesso perante estes meus princípios os quais são: (1) Forma, (2) Matéria, (3) Geração, (4) Corrupção, (5) Elementos, (6) Vegetação, (7) Sentido, (8) Imaginação, (9) Movimento, (10) Intelecto, (11) Vontade, (12) Memória, que nunca concebi fraude ou engano contra a teologia; pelo contrário, confesso que sou serva dela, para que através daquelas coisas, que concebo pela alma, entenda os entes reais e louve e bendiga a Deus e as imperatrizes e tenha conhecimento da essência de Deus e de sua operação intrínseca, bem como das imperatrizes e dos atos das mesmas.

Ai de mim triste e sofredora, disse a Filosofia, e acaso vós, meus outros princípios sabeis que sou tal? E vós outros, disse a Filosofia, que sois? Todos responderam, a não ser o Intelecto, que calou. Disseram que era a verdadeira e legítima serva da teologia.

E tu Intelecto, disse a Filosofia, que dizes? Respondeu o Intelecto: Eu sou quase inteiramente falso, visto que meu discurso, em Paris, se fundamenta em opiniões e, assim, que posso dizer? A minha luz deve ser pela claridade e verdade, mas está ofuscada e tenebrosa pelos falsos erros dos filósofos, que tanto me sufocam, a ponto de mal ter fôlego e força. Outro remédio não vejo, a não ser que Deus me ajude através do rei dos Francos e, quanto antes, porque os erros crescem e as verdades são sufocadas. Paris, entretanto, é o fundamento, porque corre a fama que estou mais nela que em qualquer outra cidade.

Enquanto a Filosofia assim se lamentava e lastimava e em alta voz clamava: Ai de mim, onde estão os religiosos, homens bem letrados e devotos e também outros que me ajudem, enquanto assim a Filosofia clamava, suspirava e lacrimava, aconteceu que Raimundo, a Contrição e a Satisfação saíram de Paris, falando do perverso estado do mundo. Em certo prado ameníssimo, sob certa árvore, na qual muitas avezinhas cantavam, encontraram a Filosofia e seus princípios acima referidos. Ela estava ali, recreando-se, de certa forma, graças à beleza da árvore e aos gorjeios dos pássaros. E também ali havia uma fonte muito linda.

As senhoras supramencionadas e Raimundo pediram-lhe por que razão tanto se lamentava e lastimava.

Ela mesma deu a razão e narrou-lhes aquelas coisas, que foram mencionadas acima. Dito isso, a Filosofia rogou a Raimundo e às senhoras que fossem ao rei dos Francos e dissessem aquelas coisas, que ouviram e pedissem que pusesse remédio; e dissessem ao rei que ficaria um peso na sua consciência, caso não fizesse isso.

Mas, as senhoras e Raimundo quiseram saber primeiro o estado dos seus princípios. Isso agradou à Filosofia, que ordenou que a Forma primeiro falasse de si mesma e de tal modo, que as senhoras e Raimundo pudessem ter dela conhecimento.

iciais cresciam na graça de Deus pela santa vida de Blanquerna.

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