sábado, 13 de outubro de 2007

Os Livros Malditos, de Jacques Bergier

PRÓLOGO – OS HOMENS DE PRETO
Parece fantástico imaginar que existe uma Santa Aliança contra o saber, uma organização para fazer desaparecer certos segredos. Entretanto, tal hipótese não é mais fantástica do que a da grande conspiração nazista. É que, somente agora, nos apercebemos até que ponto era perfeita a Ordem Negra, até que ponto seus filiados eram numerosos em todos os países do mundo, e até que ponto essa conspiração estava próxima do êxito.
É por isso que não podemos rejeitar, a priori, a hipótese de uma conspiração mais antiga.
O tema do livro maldito, que tem sido sistematicamente destruído ao longo da história, serviu de inspiração a muitos romancistas, H. P. Lovecraft, Sax Rohmer, Edgar Wallace. Entretanto, esse tema não é somente literário. Essa destruição sistemática existe em tal amplidão, que se pode perguntar se não é uma conspiração permanente que visa impedir o saber humano de desenvolver-se mais depressa. Coleridge estava persuadido que uma tal conspiração existira e chamava seus membros de “persons from Porlock”. Esse nome lhe recordava a visita de um personagem vindo da cidade de Porlock e que o impedia de realizar um trabalho muito importante que iniciara.
Encontram-se traços dessa conspiração, tanto na história da China ou da Índia, quanto na do Ocidente. Dessa forma, pareceu-nos necessário reunir toda informação possível sobre certos livros malditos e sobre seus adversários.
Alguns exemplos precisos de livros malditos antes de tudo. Em 1885, o escritor Saint-Yves d’Alveydre recebeu uma ordem, sob pena de morte, de destruir sua última obra: “Missão da Índia na Europa e Missão da Europa na Ásia. A questão dos Mahatmas e sua solução”.
Saint-Yves d’Alveydre obedeceu a essa ordem. Entretanto, um exemplar escapou da destruição e, a partir desse exemplar único, o editor Dorbon voltou a imprimir a obra, com tiragem limitada, em 1909. ora, em 1940, desde a sua entrada em França e em Paris, os alemães destruíram todos os exemplares dessa edição que puderam encontrar. É duvidoso que reste algum.
Em 1897, os herdeiros do escritor Stanislas de Guaita receberam ordem, sob pena de morte, de destruir quatro manuscritos inéditos do autor que versavam sobre magia negra, assim como todo seu arquivo. A ordem foi executada e não mais existem tais manuscritos.
Em 1933, os nazistas queimaram na Alemanha uma infinidade de exemplares do livro sobre os Rosa-Cruzes, “Die Rosenckreuzer, Zur Geschichte einer Reformation”.
Uma edição desse livro reapareceu em 1970, mas nada prova que realmente seja conforme o original.
Poderia multiplicar tais exemplos, mas podemos encontrar um número suficiente no curso desse livro.
Quem são os adversários desses livros malditos? Suponhamos a existência de um grupo ao qual chamarei “Homens de Preto”. A idéia dessa denominação surgiu-me quando comecei a notar, em todas as conferências pró-Planeta e anti-Planeta, um grupo de homens vestidos de preto, de aspecto sinistro, sempre o mesmo. Penso que esses homens vestidos de preto são tão antigos como a civilização: creio que se pode citar entre seus membros o escritor francês Joseph de Maistre e Nicolau II da Rússia.
A meu ver, seu papel é impedir uma difusão mais rápida e mais compreensível do saber, difusão que conduziu à destruição civilizações passadas. Ao mesmo temo que os traços dessas civilizações nos chegam, com eles nos vem, penso eu, uma tradição cujo princípio consiste na pretensão de que o saber pode ser terrivelmente perigoso. Os técnicos na conservação da magia e da alquimia juntam-se, ao que parece, a esse ponto de vista.
Pode-se constatar, também, que a ciência moderna admite, hoje, que se torna por vezes muito perigosa. Michel Magat, professor no Colégio de França, declarou recentemente numa obra coletiva sobre os armamentos modernos (Flammarion): “Talvez seja necessário admitir que toda ciência é maldita”.
O grande matemático francês ª Grothendieck escreveu no primeiro número do boletim Survivre, a propósito dos possíveis efeitos da ciência: “A fortiori, se evocarmos a possibilidade de desaparição da humanidade nos próximos decênios (três bilhões de homens, três bilhões de anos de evolução biológica...), isto é muito gigantesco para ser concebível, é uma abstração absolutamente nula como conteúdo emotivo, impossível de se levar a sério. Luta-se por aumento de salário, pela liberdade de expressão, contra a seleção para a universidade, contra a burguesia, o alcoolismo, a pena de morte, o câncer, o racismo – a rigor, contra a guerra do Vietnam ou contra qualquer guerra. Mas a aniquilação da vida sobre a Terra? Isto ultrapassa nosso entendimento, é um “irrealizável”. Sente-se quase vergonha de falar disso, sente-se suspeito de procurar efeitos fáceis como recurso a um tema que, no entanto, é o mais antiefeito que podemos encontrar”.
E ainda:
“Hoje que enfrentamos o perigo da extinção de toda a vida sobre a Terra, esse mesmo mecanismo irracional se opõe à realização desse perigo e ás reações de defesa necessárias entre a maior parte de nós, aí compreendidas as elites intelectuais e científicas de todos os países. Pode-se, tão-somente, esperar que ele seja superado por alguns, através de um esforço extenuante e da tomada de consciência de tais mecanismos inibidores.”
Depois deste texto ter sido escrito, recentemente, comecei a perceber nos congressos essa idéia de que as descobertas muito perigosas deviam ser censuradas ou suprimidas. Ao cabo de um ano, na reunião da Associação Inglesa para o Avanço das Ciências, foi citada como exemplo de uma descoberta a ser censurada a possibilidade de as diversas variedades da espécie humana não serem igualmente inteligentes. Os sábios afirmavam que uma tal descoberta encorajaria o racismo em tais proporções, que seria preciso impedir a publicação disso por todos os meios. Podemos ver muitos sábios eminentes de nossos dias juntarem-se aos “Homens de Preto”.
Percebeu-se, com efeito, que tais descobertas consideradas muito perigosas para serem reveladas, existem tanto nas ciências exatas, como nas ciências ditas falsas, isto é, aquelas que chamo de paraciências.
Mas, há muito tempo que a destruição sistemática de livros e documentos contendo descobertas perigosas tem sido praticada, antes ou no momento mesmo da publicação. E tem sido assim ao longo da história. E é isto que tentaremos demonstrar.


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