domingo, 18 de fevereiro de 2007

Leituras

Cemitério de Pianos

José Luís Peixoto
Bertrand

O ritmo do livro vicia, sem ser demasiado rápido na acção ou na informação. Mas já não estamos perante a lentidão opressora de Nenhum Olhar. O recurso a narrativas que se interseccionam é coerente com a temática da obra, que explora as relações familiares e em última análise, procura os silêncios das emoções inenarráveis. Não arrisco afirmar que a prosa de José Luís Peixoto está mais madura, porque não li nem Uma casa na escuridão, nem Antídoto. No entanto, a grande diferença que encontro entre este livro e o seu primeiro romance é a maior fluidez das sequências lógicas, embora em mosaico. Mas isso não significa necessariamente qualquer espécie de progresso (como é costume esperar-se dos 'jovens'). Pode apenas espelhar que a exégese se adequa à intenção do texto.
Para além desta impressão inicial, fica-me aquele doce desejo de continuar sempre a ler, aquela sensação de dependência boa que alguns livros deixam. A doçura triste desta escrita, agora não tão catártica, é para mim um encantamento.
Fico muito feliz por reencontrá-lo.
Para espreitar alguns excertos, fica aqui a página do autor.

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