sexta-feira, 1 de junho de 2007

Plano Nacional de Leitura - 1º aniversário ontem


O primeiro ano de vida do Plano Nacional de Leitura correu bem, é o balanço das suas Comissárias. Isabel Alçada, que esteve ontem no jornal das 9 da SIC Notícias, referiu a importância da continuidade do projecto e das acções junto dos potenciais leitores. Destacou ainda dois aspectos que considero bastante importantes. Um deles prende-se com a escolha dos livros recomendados pelo Plano, que estão organizados por faixas etárias. Isabel Alçada deixou claro que esta escolha deve ter em conta a maturidade das crianças, já que há livros muito difíceis para a média das crianças de uma determinada idade, assim como há outros extremamente simples. Depende, então, do estádio em que a criança se encontra, e os mediadores (pais e educadores) devem por isso estar atentos às suas características. Também no que respeita às actividades propostas, a comissária mostrou-se satisfeita com a sua aplicação em várias escolas do país, destacando algumas iniciativas levadas a cabo no âmbito da Semana da Leitura. Mas o mais importante foi ter afirmado que as propostas que a equipa do Plano apresenta são exequíveis porque já foram feitas. Este despretensiosismo é essencial à honestidade do projecto e à sua credibilização junto das instituições que visa envolver.
Analisemos este primeiro ano. O Plano Nacional de Leitura é importante. Isso é ponto acente. Que havia algumas escolas e algumas bibliotecas que já desenvolviam acções de promoção da leitura, algumas das quais continuadas, também é verdade. Mas não eram todas, ou seríamos um país de leitores. Que as indicações que encontramos no site do Plano nos parecem evidentes, é certo. Mas parecerão evidentes a todos?
Agora as questões a ter em consideração.
A repetição da máxima "É importante ler!" não pode por si só ser perigosa? Não poderá levar a modas ineficazes, como a dos livros comprados a metro para preencher as estantes, ou a das falsas lombadas que escondiam cassetes de video? As tendências de leitura não se poderão normalizar em torno de volumes 'obrigatórios' como o Código Da Vinci? É preciso desenvolver acções que devolvam a cada um a relação individual com a sua escolha e o seu livro.
As acções que se realizaram este ano não tiveram, na sua esmagadora maioria, apoio financeiro do Plano Nacional de Leitura, que não dispõe de verbas para acções em escolas ou bibliotecas. Assim, coube às autarquias e ao DGLB (antigo IPLB), continuarem a financiar este trabalho. Acontece que o governo, pela mão dos Ministérios competentes, não dotaram estas instituições de mais verbas para o efeito, pelo que coube a cada um, por si, administrar o seu orçamento de forma a conseguir dar resposta a esta nova situação. Que o Plano Nacional de Leitura não tenha verbas próprias, posso entender. Não posso compreender que ninguém responsável o diga frontalmente na comunicação social, para que as pessoas o saibam. A grande alteração, que poderá colher frutos no futuro, foi o aumento de fundos por parte das EB1s. O Ministério da Educação abriu um concurso de atribuição de verbas para a compra de livros do Plano, ao que as escolas concorreram. Não foi atribuida verba a todas as bibliotecas, já que só eram contempladas as que constavam da Rede de Bibliotecas Escolares. Mas aquelas que receberam os livros têm hoje mais diversidade de oferta e novas ferramentas para trabalharem a leitura em aula. As outras escolas ficam cada vez mais afastadas, mais isoladas. O problema é que muitas vezes, é nas pequenas escolas sem recursos que é preciso investir, de forma a aproximar realidades já de si muito estigmatizantes de outras perfeitamente integradas.
Ficámos a saber que a Semana da Leitura deve continuar no próximo ano, como efeméride desta acção contínua. Parece-me bem, especialmente porque as escolas podem já contar com isso quando prepararem o seu Plano de Actividades, o que não aconteceu no ano lectivo 2006/2207.
Aguardam-se novos desenvolvimentos.

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