Título: As Vinhas da Ilusão
Autor: Benedetta Cibrario
N.º Págs.: 240
PVP: 16,50 €
Sinopse
Um século de História. Um casamento fracassado. Uma paixão no coração da Europa. As Vinhas da Iusão é um romance que obteve, em 2008, um dos mais importantes prémios literários de Itália: o Campiello.
Turim, 1928. Uma mulher rebelde, que nunca nos revelará o seu nome, é criada num lar onde a elegância e o rigor da aristocracia piemontesa a constringem à infelicidade de um casamento combinado. Aos vinte anos é forçada a casar com o homem que lhe estava prometido, mas o destino insiste em colocar-lhe no caminho, em três inesperadas ocasiões, o fascinante e enigmático Trott e ela como que despertará de um encantamento. Demasiado moderna para se adaptar docilmente às convenções sociais, ela é, no entanto, muito frágil e pouco acostumada a dar voz aos seus sentimentos. Vivem-se tempos de mudança: na sociedade italiana e também dentro dela. Face às constantes traições desavergonhadas do marido, decide abandoná-lo e refugia-se sozinha em San Biagio, numa quinta nos arredores de Siena. Entretanto eclode a Segunda Guerra Mundial e dá-se a queda do Fascismo. O desejo de renascimento que acaba por invadir um país inteiro acaba por coincidir com o reaparecimento de Trotts.
A minha opinião
A autora do texto nasce no início do século passado. Filha de uma família aristocrata, os pais desejam fazer-lhe um “bom” casamento, como ditam os costumes da época, sobretudo naquele extracto social. Assim, aos 19 anos, o pai apresenta-lhe uma lista com cinco nomes, para que ela escolha o seu futuro marido. Giuseppe Braquemond ficou logo excluído por ser seu primo; Giovanni Bricherasio era demasiado velho; Enrico Bellardi é banqueiro, demasiado rico e não queria que julgassem que casava por interesse; della Torre era considerado o homem mais imbecil da cidade. Restava-lhe Villaforesta, um homem elegante, pouco dado à mundanidade. Optou pelo último, mas esta revelou-se uma má opção. Cedo Villaforesta deixou de ligar à sua esposa, e mantinha um caso com uma mulher de má reputação. Farta da vida que levava, e aposta Villaforesta lhe ter privado da coisa que mais gostava de fazer (montar a cavalo) a protagonista (que nunca saberemos o nome), parte para a Coutada, local deixado em testamento pelo seu irmão Enrico.
Até que em Turim, num jantar com os amigos, reencontra o amor da sua vida, Trott, um rapaz que a chamou a atenção durante um jantar a que tinha ido com o seu marido. Encontra-se com ele num hotel barato e vive uma tórrida noite de paixão. Quando se despede, deixando-a à porta de sua casa, Trott promete manter-se em contacto com ela, mas nem cartas nem telefonemas recebe dele.
Nessa altura começa a Segunda Guerra Mundial colocando o país em miséria total. Todos viviam sob o terror de verem ser mortos os seus entes queridos.
Seis anos mais tarde, e com o fim da Guerra, Trott reaparece na vida da protagonista, que nem o reconhece. Todos ficam diferentes com a guerra.
É Trott quem a vai ajudar a colocar a sua Coutada produtiva, incidindo na vinha, que tem como benefício a localização da sua quinta, um local privilegiado para o cultivo da vinha.
No entanto, e antes que lhe confesse um segredo que guarda há algum tempo, Trott desaparece de repente e nunca mais tem notícias dele. Só quando, mais velha, decide organizar uma festa com os seus antigos amigos, e convidando o seu marido já moribundo, descobre uma verdade avassaladora.
Um romance que me prendeu bastante, sobretudo pela vida da protagonista, que sempre se mostrou forte nas suas convicções, deixando para trás os mexericos do povo e das conveniências.
Excertos
“Recusava-me a dar explicações, de nada serviriam: será que o meu marido ainda não se apercebera de quanto me afeiçoara a Peak? Ou isso não lhe interessava nada? Consegui, inclusivamente, sorrir; mas dentro de mim nascia uma raiva cega, absoluta; irrefutável”.
“… sabia que havia um lugar meu. Sabia que, de todas as vezes que o desejasse, ou quando a vida conjugal e as suas consequências sociais se tornassem insuportáveis para mim, teria um lugar para onde ir”.
“Despimo-nos de tudo durante a Guerra, até da timidez, do pudor e dos velhos hábitos”.
“Nestes anos tudo mudou, a Guerra devastou todas as coisas, não se limitou a devastar as cidades, a espalhar bombas pelos campos […] esta guerra foi um veneno que se infiltrou nos pulmões”.
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