No café da juventude perdida
PVP: 12 €
Editor: Edições ASA
Ano de Edição: 2009
N.º Páginas: 112
Sinopse: O melhor romance de 2007, segundo a revista Lire. Paris, anos 60. No café Condé reúnem-se poetas malditos, futuros situacionistas e estudantes. À nostalgia que impregna aquelas paredes junta-se um enigma personificado numa mulher: todas as personagens e histórias confluem na misteriosa Louki. Quatro homens contam-nos os seus encontros e desencontros com a filha de uma empregada do Molin-Rouge. Para quase todos eles, ela encarna o inalcançável objecto de desejo. Louki, tal como todos os boémios que vagueiam por uma Paris espectral, é uma personagem sem raízes, que inventa identidades e luta por construir um presente perpétuo. Modiano recria em redor da fascinante e comovente personagem desta mulher a Paris da sua juventude, enquanto constrói um maravilhoso romance sobre o poder da memória e a busca da identidade.
A minha opinião
Patrick Modiano transporta-nos para a Paris de 60, uma cidade sombria que percorremos pelas ruelas obscuras, pelos diversos quartos de hotel e pelas luzes do Molin-Rouge. É no café Condé que vivenciámos o dia-a-dia dos frequentadores daquele estabelecimento parisiense. Todos eles têm uma coisa em comum: Louki, antes Jacqueline Delanque, uma jovem misteriosa, que fascina todos os presentes. O seu passado dúbio, isolado, à margem da lei, faz com que se torne numa pessoa carente. Casou mais por companhia, por um modelo de “pai” como ela própria refere “Ele [o marido] estava sempre a dizer-me que queria o meu bem… É verdade… Quer o meu bem… Considera-se de certo modo meu pai…”. Mais tarde, Louki vai fazer do café Condé o seu principal refúgio, onde se transforma no que pretende ser, uma intelectual, por forma a sentir-se integrada no ambiente do próprio espaço. Este livro, que me prendeu desde o início, é composto por relatos de quatro frequentadores assíduos do Condé que nos retratam, de uma forma muito pessoal a história de Louki. Começa pela história de um estudante da Escola Superior de Minas, seguindo-se o relato de um detective privado contratado pelo marido de Jacqueline Delanque com a finalidade de encontrar o rasto da sua amada. Depois, chega a própria protagonista da história. Louki relata um pouco a sua vida, antes e depois do Condé. É conhecida a sua solidão, sobretudo à noite, enquanto a sua mãe vai trabalhar para o Molin-Rouge, o que faz com que seja apreendida por duas vezes pela polícia francesa, por vagabundagem. E, por fim, existe ainda a história de Roland, seu amante, também ele um ser que guarda um mistério.
Excertos
“É a vantagem de ter mais vinte anos do que os outros: ignoram o nosso passado”.
“Tudo mudou na noite em que Roland me levou àquele bairro que eu evitava”.
“As zonas neutras têm pelo menos esta vantagem: são apenas um ponto de partida, e mais tarde ou mais cedo, abandonamo-las”.
“Fixar os fantasmas olhos nos olhos, não há melhor maneira de os eliminar”.
“Quando amamos verdadeiramente alguém, importa aceitar a sua parte de mistério… E é por isso que amamos…”
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