Título original: The Sound of Butterflies
Editora: Editorial Presença
Páginas: 288
ISBN: 9789722341998
Tradutora: Lucinda Santos Silva
Sinopse: "Em 1903, Thomas Edgar, um jovem coleccionador de borboletas, sonha encontrar uma espécie rara que ninguém ainda capturou. A oportunidade de ouro surge quando um magnata da borracha, no Brasil, o convida a participar numa expedição científica no coração da Amazónia. Thomas parte na esperança de ser o primeiro a conseguir recolher um exemplar da mítica borboleta, mas acabará por ser obrigado a confrontar-se com os seus próprios limites. Quando regressa, Sophie, a sua jovem mulher, recebe um desconhecido com quem não pode sequer comunicar, uma vez que Thomas se fecha num mutismo absoluto. Um romance realista e bem documentado, que capta o mundo interior das personagens, numa atmosfera saturada de mistério e de uma mórbida sensualidade."
Opinião: Já há muito tempo que a capa de um livro não me cativava tanto, mas atraiu-me também o interesse suscitado pela sinopse de A Música das Borboletas. Não sou grande apologista da Natureza, mas a história parecia ter todos os ingredientes para surpreender. Afinal, esqueceram-se do sal…
A acção centra-se na vida comum de um casal, Sophia e Thomas Edgar, que, de repente, após alguns meses de casamento, se afastam. A tentativa de glória chama por Thomas, um amante de borboletas, que parte para o Amazonas em busca de uma espécie rara e desconhecida. Durante o período de separação, ambos os personagens vão lutar por se impor: ela na sociedade londrina, tentando fugir aos estereótipos e críticas sociais da época e ao jugo familiar do seu pai; ele, um amador, num grupo de investigadores diplomados, com quem partiu e com quem deseja aprender e se igualar.
Porém, a viagem idílica de Thomas acaba por ter fortes consequências. No regresso a Londres, o casal percebe que o tempo os transformou, tornando-se estranhos um para o outro; e, simultaneamente, o naturalista regressa mudo e distante sem que se perceba porquê. O mistério que envolve a sua viagem, e consequente transformação psíquica, vai sendo desvendado ao longo de vários capítulos. Esse é, porventura, o grande ponto de interesse da obra, a qual peca por ver a sua acção muito centralizada nos protagonistas, sem desenvolvimento de outras personagens que podiam dar mais cor e animação.
A escrita de Rachael King é bastante fluída e realista, transportando-nos para cenários longínquos e povoados por várias curiosidades, quer culturais, quer no que diz respeito à fauna. No entanto, o facto da história ser contada de três formas distintas – pelo narrador, pelos diálogos entre as personagens e seus pensamentos, e pelas cartas de Thomas – exige muita concentração ao leitor, o que nem sempre permite encarar a leitura com leveza.
Confesso que, para mim, o livro se revelou uma montanha-russa: tão rápido cativa como se torna desinteressante e sem ritmo. Sigam o vosso instinto.
6/10 - Bom, mas recomendado com reservas
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