terça-feira, 13 de novembro de 2007

Como Se Estuda Magia, de Frater Goya / Anderson Rosa

Muitas pessoas chegam ao C:.I:.H:. e a outras organizações na expectativa de
aprender “Magia”. Mas o que é Magia, como funciona, o que pode fazer por mim enquanto
indivíduo e enquanto cidadão, isso se ensina, se aprende? Essas são perguntas que
tentaremos responder satisfatoriamente ao estudante nesse ensaio. Devemos lembrá-lo
porém, que esse documento é um guia, não uma verdade absoluta. O que isso quer dizer?
Que embora sejam regras que se aplicam na grande maioria dos casos, existem exceções a
elas e principalmente, sua experiência individual irá validá-las no percurso de sua jornada
como estudante do oculto.
1)O que é Magia?
Para responder essa pergunta, usaremos uma expressão de Aleister Crowley que
define muito bem o assunto: “Magia é a Arte ou Ciência de causar mudanças com a
força da Vontade”. Arte? Ciência? Magia é uma arte, pois o Mago molda ou esculpe o
universo conforme sua Vontade. É uma Ciência, porque se funciona, pode ser repetida
inúmeras vezes para obter o mesmo resultado1. E a Vontade, o que é? É o desejo real do
ser humano de fazer alguma coisa. Não deve ser confundida com a Vontade corporal,
mundana, pois é a Vontade do Espírito. Logo, a Magia pode ser também definida como
o despertar da Verdadeira Vontade, através de métodos específicos, usados para atingir
este fim.
Papus diz a mesma coisa dando um exemplo interessante: utilizando o triângulo
como forma da manifestação, ele diz: “Poder todos tem. O que nem todos tem é
Vontade. Se você tem poder, aliado à Vontade, ocorre a manifestação que é o resultado
dessa soma”. Logo teremos a equação: Manifestação = Poder + Vontade
1 Embora os resultados possam ser atingidos, nem sempre é pelo mesmo caminho. Segundo os acadêmicos
isso demonstra que a Magia não é uma ciência, o que é um engano. Pois, embora os meios possam variar os
resultados devem ser obtidos da mesma forma. Em outro lugar falaremos mais sobre esses experimentos e
suas variações. Podemos citar aqui à título de exemplo, o trabalho de Armand Barbaux, entitulado “O Ouro da
Milésima Manhã”. Barbaux, segundo o livro, auxiliado por seu filho, conseguiu produzir o ouro potável. O
processo foi bastante simples. Segundo o Mutus Liber (Livro Mudo), o componente principal da Pedra
Filosofal está o tempo todo sob nossos olhos e não o percebemos. Pensando um pouco, Barbaux percebeu que
esse elemento era a terra. Junto então algumas porções de terra, colheu o orvalho noturno (o leite da virgem),
tudo isso sempre seguindo as ilustrações do Mutus Liber. Mas então, se recolher alguma terra, misturar o
orvalho e cozinhá-los como ele fez, eu consigo repetir a experiência? A resposta é um sonoro NÃO. O que
acontece, conforme foi explicado acima, é que Barbaux não pegou terra pura e simples. Ele pegou a terra
magnetizada por determinadas forças planetárias (sob determinados auspícios astrológicos) que já não era
mais terra, mas sim uma determinada energia aprisionada na terra. A mesma coisa foi feita com o orvalho. Os
exemplos que poderíamos dar são muitos, mas acreditamos que apenas esse será o suficiente para os fazer
entender esse princípio.
Círculo Iniciático de Hermes
Av. Visconde de Guarapuava, 3950 Ap. 03- Curitiba - Paraná
Fone/Fax: (041)323-4299 E-Mail: goya@rosacruz.com.br
2)Quantos tipos de Magia existem?
Na verdade, existe um único tipo de Magia. O que existe são variações de
intensidade de estudo e profundidade. Outra coisa que define o tipo da Magia é sua
aplicação. Quem diz que existe Magia branca, preta, cor-de-rosa ou cinza, não sabe o
que está falando. Muitas pessoas ditas “entendedoras” do assunto, falam em nome da
Magia Negra, Magia dos 7 Raios, e mais um monte de outras coisas. Na verdade o que
acontece, é que são pessoas que estão mais preocupadas com caras e bocas do que com
o verdadeiro conhecimento mágico. Nas diferentes intensidades de Magia, podemos
destacar os 3 principais, embora existam outros: A feitiçaria, mais simples e voltada
principalmente à adoração dos elementos. A Alta Magia, normalmente ritualizada e
extremamente simbólica. Por último, a Teurgia, parte mais alta da Árvore Mágica, onde
já se opera livre dos rituais e onde o Ser Humano ocupa o seu lugar de direito na
criação, que é o de Senhor de Toda a Criação.
Segundo os tradicionalistas, a Magia tem como objetivo principal, devolver ao Ser
Humano a glória de dias passados. Na própria Bíblia, ao se contar a história da criação
do Homem, se diz que o Homem (aqui a palavra Homem designa o gênero humano,
homem e mulher, não apenas indivíduos do sexo masculino), foi criado com o intuito
de governar sobre todas as coisas criadas. Ao sair do estado paradisíaco, o Homem com
o tempo foi se esquecendo de sua origem divina e perdendo sua força e seu lugar na
ordem do universo. Conforme foi dito logo acima, a Magia é um meio para se retomar
essa posição.
3)Existe alguma escola para isso?
Sim. Existem algumas escolas que ensinam Magia. Mas deve-se filtrar muito bem a
escola, pois dessa escolha pode depender sua felicidade futura. Existem escolas nas
mais variadas formas e tamanhos. No estudo da Magia, pode-se separar as escolas
primeiro em dois grandes grupos:
Escolas de Misticismo (Caminho da Espada Flamejante): Aqui se encontram os
místicos de fim de semana, pessoas que gostam do assunto, mas não querem se
envolver em excesso. Pode-se obter algum progresso, mas o conhecimento é superficial
e não é completo. A Espada passa apenas sobre alguns caminhos da Etz Chaim, Árvore
das Vidas dos Qabalistas, deixando uma boa parte de fora. Existem muitas escolas que
praticam apenas essa categoria de estudos, mas uma boa parte tenta se vender como
uma Escola de Ocultismo. As Escolas de Misticismo representam quase 95% do
montante de Escolas de Magia. Mas na verdade, são apenas “viveiros”, que tem como
principal objetivo separar o joio do trigo, escolhendo os melhores estudantes que irão
ingressar nas Escolas de Ocultismo.
Escolas de Ocultismo (Caminho da Serpente da Sabedoria): Esse caminho é muito
mais rígido e normalmente ninguém entra diretamente nessas escolas. A Serpente da
Sabedoria passa por todos os caminhos da Etz Chaim, dando ao estudante um acesso a
coisas que antes ele acreditava existirem apenas em descrições fantasiosas. Muito mais
compensador, porém, muito mais perigoso (pois quem pretende aprender a Magia
aposta a Vida), esse caminho na atualidade ocupa algo em torno de 2% dos últimos 5%
das Escolas de Magia. Nesses 5%, 3 são responsáveis em preparar o estudante para os
outros 2%. De cada 100 pessoas que entram nessas escolas, apenas umas duas ou três
conseguem terminar todo o trajeto (sendo bastante otimista). Conforme diz Eliphas Levi
em seu Dogma e Ritual da Alta Magia: “No caminho das Altas Ciências, não convém
empenhar-se temerariamente. Mas uma vez em caminho, é preciso chegar ou perecer.
Duvidar é ficar louco, voltar para trás é precipitar-se num abismo”.
4) Validade das Escolas
Muitos ouvem dizer que Magia não pode ser aprendida, que se nasce ou não Mago.
Isso é uma verdade apenas parcial e errônea, que tem como objetivo apenas iludir o
estudante e mantê-lo em rédea curta. Algumas pessoas nascem com o dom da Magia.
Outras, a grande maioria diga-se de passagem, precisam aprender a desenvolvê-la. Se
dependêssemos apenas dos Magos naturais para poder estudar, há muito a Magia teria
deixado de existir. Pois, por século, apenas uma meia dúzia de Magos naturais estaria
sobre a face da terra, de onde podemos concluir que numa caça às bruxas bem feita,
exterminaria os Magos do planeta em pouquíssimo tempo. O que seria da música por
exemplo, se tivéssemos de esperar o nascimento de um Mozart para poder ouvir boa
música ou aprender a tocar algum instrumento? Muito provavelmente, se isso fosse
verdade, talvez nem instrumentos musicais teríamos, pois ninguém saberia tocá-los o
que tornaria uma incoerência a sua produção.
As verdadeiras Escolas de Magia procuram despertar o processo Mágico dentro do
estudante. Muitas vezes, o despertar de um Mago por uma Escola tem tanta efetividade
quanto o despertar de um Mago natural.
Como saber se é uma boa escola?
1) A coisa mais importante ao ser humano é a liberdade. Qualquer grupo ou indivíduo
que se coloque acima disso, está tentando fazer de você um escravo mental.
2) Nenhum grupo deve interferir na sua crença religiosa. Sua crença e prática religiosa
como indivíduo não deve ser contraditória com seus estudos ocultos. Uma organização
verdadeiramente tradicional (são muito poucas) trata de outros assuntos. Sobre esse
tema ver o CODEX – 01 “O C:.I:.H:. Não é uma Religião”.
3) Nenhum grupo "fraternal" afasta as pessoas. Principalmente de sua família. Se o seu
grupo exclui sua família ou grupo social, cuidado. Não é por gostar de ocultismo que
você precisa se envergonhar disso. É como dizia um colega: “Se você sai com alguém
que jamais apresentaria para sua família, boa coisa não deve ser”. Alguns grupos
podem ser contra a participação da família nas atividades do grupo, mas isso não deve
ser uma regra geral.
4) Nenhum grupo esotérico o aliena de suas atividades. Não é porque gosto de
ocultismo que devo abandonar o trabalho, os estudos ou a família. A Grande Obra nos
espera no escritório, em casa, e não somente em meio aos cadinhos e grimórios. Ela está
nas pequenas e nas Grandes Coisas. Separar a vida oculta da vida diária normalmente
só gera erro e arrependimento. Não devemos ter dois comportamentos diferentes, por
exemplo, um em casa ou no trabalho e outro na prática Mágica.
5) Todo o conhecimento adquirido tem que poder ser utilizado na prática. Se você não
consegue aplicá-los no seu dia-a-dia, então alguma coisa está errada. Algumas pessoas
tem um falso moralismo que lhes faz afirmar que aquilo que se aprende não se usa. Aí
vem a famosa pergunta: Se você aprende algo que não pode ser aplicado na sua vida
diária, qual o objetivo? Conforme dito acima, a Magia é um meio de libertar o homem
da escravidão do mundo profano. Se você não pode aplicar essa máxima, o estudo perde
a validade.
6) Todo grupo estruturado precisa de uma fonte de renda. Agora, quando o dinheiro fala
mais alto que aquilo que se ensina, deve-se questionar a seriedade do grupo. Ou do
membro. Grupos menores com poucas pessoas conseguem se organizar com pouco ou
nenhum gasto direto. Grupos maiores precisam da contribuição de seus membros para
manter uma estrutura.

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